PARA SABER MAIS

Infográfico: o caminho da evasão escolar das alunas na pandemia

Trabalho doméstico, violência sexual, casamento precoce e gravidez indesejada marcam o trajeto que as meninas atravessam até deixarem a escola

Ilustração de menina sentada e refletindo sobre si com livro em mãos.
Ilustração: Julia Coppa/NOVA ESCOLA

Embora em termos quantitativos a evasão escolar atinja mais os meninos, a pandemia acentua vulnerabilidades que são particulares das meninas e jovens mulheres. “Existe maior risco à saúde sexual e reprodutiva quando as escolas fecham por mais de uma semana. Também é um momento de incidência de atividade sexual não planejada ou forçada em adolescentes e jovens”, afirma Solange Feitoza Reis, pesquisadora do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).

São as meninas também as primeiras a serem recrutadas pelas famílias para arcarem com o trabalho doméstico e o cuidado de crianças menores e idosos, cenário que se acentua com a pandemia. Além disso, em países menos desenvolvidos, períodos de crise econômica e aprofundamento das desigualdades sociais empurram as meninas para casamentos precoces e gravidez na adolescência, o que pode afastá-las da escola de forma definitiva.

A pesquisadora filipina Amina Acosta, do Centro para o Desenvolvimento Global, publicou recentemente um artigo onde desenha o caminho que leva as meninas a deixarem a escola após longos períodos de fechamento das instituições. Em sua descrição, ela considera experiências anteriores - como o terremoto do Paquistão, em 2005, epidemias de ebola em países africanos na última década e a crise financeira do Sudeste Asiático nos anos 1990 - para elaborar um panorama do que está acontecendo neste momento em países pobres e em desenvolvimento, como o Brasil. 

A Unesco prevê taxas comparáveis de risco de não retorno à escola para meninos e meninas. Já o Fundo Malala prevê risco diferencial para as meninas com base, justamente, em experiências anteriores.

Para Amina, a combinação de fechamento das escolas e interrupção de outros serviços de Saúde pode se traduzir em aumento da probabilidade de gravidez na adolescência. Já a perda de renda familiar pode fazer com que as meninas se casem jovens como meio de gerar renda para a família, especialmente se combinado com uma gravidez não planejada. Finalmente, há um efeito não diretamente relacionado ao fechamento das escolas, mas comum em crises financeiras e de saúde anteriores: os orçamentos para a Educação podem ficar apertados, tanto em âmbito nacional quanto familiar.

Abaixo, o infográfico que sintetiza o caminho que leva meninas a abandonarem a escola.

BAIXE O INFOGRÁFICO


Para saber mais: 

Covid-19 e a educação de meninas: o que sabemos até agora e o que esperamos (em inglês)
https://www.cgdev.org/blog/covid-19-and-girls-education-what-we-know-so-far-and-what-we-expect-happen

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