PARA REPENSAR O ANO

Perguntas e respostas sobre como replanejar 2020 para os bebês e suas famílias

Neste momento, é importante priorizar aquilo que é facilmente adaptável em casa e lembrar que o aprendizado não se restringe ao ambiente escolar

A aprendizagem do bebê está na própria vida cotidiana. Ilustração: Nathalia Takeyama/NOVA ESCOLA

Por causa da pandemia de covid-19 e do isolamento social, o planejamento pedagógico realizado pelas instituições escolares no início de 2020 ficou comprometido. Portanto, é preciso repensar as prioridades e replanejar as propostas para o ano letivo. Como realizar atividades com os bebês em um contexto de Educação a distância?

“Não podemos acreditar que é só na escola que se aprende. A aprendizagem do bebê está na própria vida cotidiana, que continua acontecendo mesmo durante uma pandemia”, comenta Karina Rizek, consultora da Avante Educação e Mobilização Social e Formadora da Escola de Educadores. Segundo a especialista, o desenvolvimento dos bebês é rápido e evoluções significativas que aconteçam nesse período, como começar a engatinhar ou aprender a andar, precisam ser informadas aos educadores, pois influenciarão no replanejamento das atividades.

Para ajudar você em um ano tão desafiador, NOVA ESCOLA conversou com Karina e outras especialistas para buscar respostas a algumas perguntas fundamentais neste momento.

Por onde começar o replanejamento?

Releia o que você havia planejado para o ano letivo de 2020 e separe o que pode ser adaptado para ser realizado em casa e o que precisa esperar até a volta das atividades presenciais. (Consulte uma sugestão de priorização no conteúdo). Leve em consideração os avanços pelos quais as crianças estão passando durante o isolamento que os familiares vão compartilhar.

Beatriz Ferraz, diretora da Escola de Educadores e da Escola Global Me, explica que esse acompanhamento só será possível por meio da interação e parceria do educador com os adultos responsáveis. “Na medida em que o professor consegue explicar para as famílias que os bebês continuam em um processo contínuo de desenvolvimento, ele estabelece um diálogo para os pais poderem compartilhar o que está acontecendo com as crianças.”

Como se comunicar com as famílias?

Consulte as condições de acesso à internet e a disponibilidade de horário dos adultos responsáveis. O ideal é marcar uma reunião por videochamada em que todos possam conversar e compartilhar como está sendo esse período. Se não for possível, proponha e peça que eles sugiram outros meios pelos quais vocês possam se comunicar. O professor precisa manter uma escuta sensível e atenta para reforçar que se importa com o que acontece com cada bebê. 

“Um exercício importante é o educador considerar que existe uma rotina familiar e, a partir dela, propor atividades capazes de promover a aprendizagem e o desenvolvimento no momento das refeições, do banho, de dormir, da brincadeira livre e da brincadeira interativa”, sugere Beatriz. Segundo ela, o foco neste momento não deve estar em construir uma rotina pedagógica em casa, mas destacar em quais momentos da rotina a aprendizagem está presente. 

Como a comunicação entre pares pode ser útil?

Provavelmente, o professor estará lidando com muitos pais “de primeira viagem”. Em um contexto de isolamento social, em que eles estão afastados de seus familiares e amigos, a socialização (mesmo que remota) com professores e pais que estão passando pelos mesmos desafios pode ser muito reconfortante. Participe indicando vídeos e textos acessíveis que abordem questões do desenvolvimento infantil. 

Como avaliar o aprendizado e o desenvolvimento remotamente?

“O professor pode sensibilizar os familiares para o fato de que o bebê já é uma pessoa e que é importante dialogar com ele. O bebê não fala por meio da linguagem verbal, mas se comunica por olhares, gestos e pelo comportamento”, diz Ana Teresa Gavião, doutora em Educação e Psicologia e consultora dos Planos de Atividade de Nova Escola. Pergunte à família como o bebê reagiu às atividades propostas.

Ana diz ainda que registros, como fotos e vídeos, são importantes para a memória e a criação de um território comum ao grupo, mas devem ser o último passo da realização de uma atividade. “Registrar e compartilhar deve vir como um convite às famílias, não como uma obrigação. O professor tem que pensar com clareza na intencionalidade educativa do que está propondo e explicar aos pais como o registro feito por eles pode ajudar”, comenta Ana Teresa. 

Como organizar a volta e reavaliar os alunos?

Se as famílias enviaram os registros, as fotos e os frames de vídeos, podem ser impressos e expostos na escola para o retorno das crianças. Também é interessante que a educadora repita, na escola e com a presença dos colegas, algumas atividades já realizadas em casa. Para isso, é importante que ela saiba quais já foram os desafios e descobertas dos bebês ao realizá-las em casa.

Karina Rizek alerta para o fato de que a volta às atividades presenciais exigirá um novo período de adaptação escolar com a presença da família. Indicações de profissionais de saúde também deverão ser consultadas para organizar esse momento. “A escola precisa pensar que haverá famílias ansiosas, com medo de se afastarem dos bebês, que já sofreram perdas nesse período. É importante ir com calma”, diz a consultora. “O educador pode focar nas atividades de interação e brincadeira, já que durante o isolamento eles foram privados dessa interação com outros bebês, aproveitar os materiais que a escola possui e que não estavam disponíveis em casa e os espaços ao ar livre.”

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