5 perguntas e respostas para projetar a volta dos bebês aos berçários e creches
Apesar das incertezas sobre quando o retorno será possível e em quais condições, é importante começar a refletir sobre as prioridades e os cuidados a serem adotados
Neste momento, ainda há muita incerteza de quando e como será possível voltar à escolas. Há, porém, uma certeza: uma série de precauções e adaptações deverão ser consideradas para esse retorno. No que diz respeito aos bebês, os cuidados são ainda mais específicos. O trabalho com eles exige um contato direto para que sejam alimentados, trocados e carregados de um local a outro. Além disso, o contato entre família e escola na Educação Infantil costuma ser maior do que em outras faixas etárias.
NOVA ESCOLA conversou com as especialistas Ana Teresa Gavião, Mônica Sâmia e Karina Rizek para saber o que priorizar quando os berçários e as creches voltarem ao funcionamento normal.
O que deve ser priorizado no replanejamento para uma volta às atividades presenciais?
É essencial que os berçários e creches planejem alguns dias e atividades específicas de readaptação e acolhimento. Os bebês estão em casa há muito tempo e, antes do isolamento social, muitos deles tiveram pouco contato com o ambiente escolar. Como os bebês passaram os últimos meses restritos ao ambiente doméstico, invista em atividades de interação. “No começo, dá para aproximá-los aos poucos em duplas ou trios. Também é interessante levá-los para conhecer o espaço da escola, principalmente os grandes e abertos”, recomenda Ana Teresa Gavião, doutora em Educação e Psicologia e consultora dos Planos de Atividade de Nova Escola.
É preciso reavaliar o desenvolvimento dos bebês após o contexto remoto?
Na Base Nacional Comum Curricular, a Educação Infantil não é apresentada pela lógica de conteúdos, e sim de experiências. Portanto, os professores não devem pensar em avaliar ou reavaliar os bebês. “O contato com os pais é bom para saber que tipo de experiências a criança teve, com quem teve contato, onde brincou, quais histórias ouviu. Isso é feito para entender melhor as experiências de cada um, não para avaliar conteúdos ou conhecimentos”, diz Mônica Samia, coordenadora do Programa de Educação Infantil da Avante Educação e Mobilização Social.
Como manter e aprimorar a comunicação com as famílias para fazer a transição entre a casa e a escola?
Devido à falta de contato presencial, o uso de redes sociais e outros meios de comunicação entre escola e família foram intensificados em muitos casos. Quando as atividades presenciais voltarem, não deixe que o trabalho de comunicação a distância se perca. Familiares e professores precisam conversar para saber se e como o bebê está se adaptando a volta à escola. Choro excessivo, recusa a alimentação e a brincar com outras crianças são indícios de que algo não está bem.
Como comunicação entre professores, gestores e funcionários pode ajudar na transição entre a casa e a escola?
Não são só os bebês que estarão retornando de um período de isolamento. Cada funcionário também estará. “Os profissionais da escola tem que ter um tempo de retorno antes das crianças”, ressalta Karina Rizek, consultora da Avante Educação e Mobilização Social e Formadora da Escola de Educadores. “Os educadores também precisam ser acolhidos com sensibilidade, pois muitos estarão inseguros. Depois, professores e gestores tem que estudar o que vão fazer, porque e como.” Para ela, essa clareza é fundamental para que os bebês sejam bem recebidos.
Como agir diante de protocolos de saúde que devem impedir uma maior interação entre as crianças?
Antes que a escola retorne, gestores e professores devem estar atentos aos protocolos de higiene recomendados pelo Ministério da Saúde e certificarem-se de que poderão cumpri-los. É preciso lembrar que bebês têm o hábito de levar muitos objetos à boca, o que é normal e ajuda no seu desenvolvimento. Portanto, recomenda-se que os objetos sejam organizados em caixas individuais para cada bebê. A equipe de limpeza deve estar atenta para a necessidade de higienizar os espaços constantemente.
A saúde mental também deve ser cuidada com atenção. “Como você faz para um bebê que ficou meses em casa voltar para a escola sozinho?”, questiona Ana Teresa sobre o período de adaptação. “Se ele tem contato com muitos adultos em casa, vai se adaptar facilmente com outros adultos. Mas, se por todo esse tempo só teve contato com a mãe, será um rompimento difícil”.
Portanto, a escola pode convidar o adulto de referência para participar do período de adaptação tomando os devidos cuidados de higiene como proteção nos pés, uso de máscara, medição de temperatura e um revezamento de horários para que poucas crianças e familiares estejam na escola ao mesmo tempo.
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