Saiba como as tecnologias assistivas de baixo custo podem ajudar na inclusão
Alternativas podem auxiliar nas barreiras de comunicação, visão e audição durante o ensino remoto
Quando pensamos nas dificuldades de acesso dos alunos aos conteúdos oferecidos durante o ensino remoto, é preciso estar atento, não apenas à falta de acesso à internet, mas às barreiras que alunos com deficiência podem enfrentar por não serem oferecidas atividades acessíveis. "Pensando no direito à Educação, é preciso corrigir isso e permitir que todos possam ter acesso", afirma Luiz Conceição, coordenador de formação do Instituto Rodrigo Mendes.
Vale lembrar que a Lei nº 13.146, aprovada em 2015, instituiu o Estatuto da Pessoa com Deficiência e deu à acessibilidade caráter de lei. Com essa previsão legal,chegamos também em um conceito muito difundido dentro da Educação inclusiva: a tecnologia assistiva, que ajuda a pessoa com deficiência a realizar atividades do dia a dia e proporciona maior mobilidade. “Sempre que uma pessoa com deficiência tem uma limitação ou impedimento de uma ação, ela é apoiada por um recurso que amplia sua habilidade para tarefa pretendida integralmente, ou seja, ela faz o uso da tecnologia assistiva”, explica Rita Bersch, diretora da Assistiva Tecnologia e Educação, de Porto Alegre (RS).
Pensar em tecnologias assistivas não se trata apenas de ferramentas elaboradas ou caras. Há opções de baixo custo que podem ser pensadas.
Por exemplo, para um aluno que tem dificuldade em segurar um lápis fino, uma tecnologia assistiva pode ser simplesmente utilizar uma caneta mais grossa. O importante é entender quais são as barreiras e dificuldades do aluno para se pensar em soluções que funcionem para ele. “A questão é: se não houver soluções disponíveis, vamos ter de criar opções para dar a autoria e a possibilidade do aprendizado para aquele aluno”, afirma Rita.
Para ajudá-lo, listamos algumas barreiras que podem ser encontradas e quais opções podem ser adotadas. Vamos lá?
Barreira comunicativa
Uma tecnologia assistiva muito comum para superar essa barreira são as pranchas de comunicação alternativa - que podem ser impressas ou acessadas no tablet, celular ou computador. “Elas têm de ser voltadas para o dia a dia [da criança], para o que ela está precisando”, afirma Guacyara Labonia, coordenadora da Mais Diferenças Educação e Inclusão Social.
A International Society for Augmentative and Alternative Communication (ISAAC) é uma organização internacional que se dedica a estudar a comunicação alternativa. No Brasil temos um braço dela, a ISAAC-Brasil. No site da entidade, há mais informações sobre o assunto. O governo de Aragão, comunidade autônoma na Espanha, criou um portal chamado ARASAAC, em que disponibilizam gratuitamente recursos gráficos e materiais de comunicação alternativa. Ele está disponível em português.
Barreira de acessibilidade a computador
Em um primeiro momento, as redes precisaram dar uma resposta rápida para o ensino remoto. Muitas secretarias criaram aplicativos ou ambientes virtuais de aprendizagem (AVA). Segundo Luiz, isso resultou em muitos problemas de acessibilidade nessas plataformas. Para o especialista, em um segundo momento, era preciso ter realizado uma avaliação do acesso a essas ferramentas - para além das dificuldades do acesso à internet, mas da acessibilidade aos conteúdos. "Ainda dá tempo de avaliar, o que está dando certo e corrigir o que não está", diz.
Para resolver os problemas de acessibilidade na navegação dos alunos, Luiz afirma que o primeiro passo é investigar com as próprias famílias e estudantes para entender quais as dificuldades que encontraram, para assim buscar soluções que derrubem as barreiras. O mesmo pode ser pensado não apenas para plataformas e sites, mas até para arquivos que são disponibilizados às turmas com as atividades.
Barreira visual
Uma tecnologia simples e prática para o dia a dia é usar o Word ou o Google Docs para aumentar a fonte. “O professor pode ampliar a letra, colocar um fundo mais escuro, por exemplo. Há uma vasta gama de ferramentas nessas plataformas”, explica Carla Mauch, coordenadora geral da Mais Diferenças Educação e Inclusão Social.
Incluir áudios com a explicação é outra forma de contornar as dificuldades da barreira visual, dado que não há como trabalhar a distância de forma tátil. "O aluno pode ouvir várias vezes, retomar a explicação. Quem tem dificuldade de compreender ou se concentrar beneficia-se muito de ter orientações gravadas", afirma Marília Costa Dias, diretora na Escola da Vila, formadora e especialista Educação inclusiva.
Barreira auditiva
Pessoas com deficiência auditiva podem se beneficiar de tecnologias assistivas relacionadas à comunicação, listadas no primeiro tópico.
Caso você busque algo mais focado, um aplicativo bastante sugerido é o Hand Talk. Gratuito e disponível em todas as plataformas de smartphone, ele pode ser usado para fazer tradução para Libras e para a Língua Americana de Sinais (ASL).
Outra opção, esta para alunos alfabetizados na Língua Portuguesa, é usar legenda em vídeos. É possível colocar em ferramentas de fácil acesso, como o Movie Maker ou até em editores on-line.
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