Para refletir sobre a escola

Como garantir uma gestão democrática no PPP

A escola ganha com a participação coletiva de todos. E a pandemia é ocasião para reforçar essa ideia no documento

Ilustração de uma reunião pedagógica acontecendo sobre ambiente abstrato.
Ilustração: Estúdio Kiwi/NOVA ESCOLA

A gestão democrática dentro da escola pode ser grande aliada para ampliar a qualidade do ensino e do relacionamento entre professores, alunos, gestores, funcionários, pais e a comunidade. Esta consiste na participação coletiva desses atores nas decisões que envolvem o funcionamento da instituição e o desenvolvimento de projetos pedagógicos.

Para haver de fato uma gestão aberta à participação de todos, a democracia precisa estar em todas as instâncias e em todas as relações construídas dentro daquele espaço. O desafio para conseguir uma escola democrática é fazer com que todos os processos tenham participação da coletividade.

E é nesse ponto que a construção ou revisão do PPP pode ser o pontapé necessário para a implantação dessa filosofia.

“Como é ser um professor democrático? Não adianta só exigir que o gestor seja democrático e haja um professor autoritário na escola”, explica Claudio.

“Vou dar um exemplo: há um tempo tínhamos professores que se recusavam a atender às dúvidas de determinados alunos e só visitavam os estudantes que consideravam bons. Democracia também passa por tratar com igualdade e respeito todo mundo.”

Para trazer os alunos para a construção do PPP, conta Claudio, a escola apresentou um texto-base e convidou os estudantes para debaterem o material, perguntando o que achavam importante constar no documento.

A mesma coisa tem sido feita para a construção de uma nova estrutura física da escola. O diretor conta que antes de apresentar um projeto, a arquiteta responsável por desenhar a nova estrutura reuniu-se com a comunidade e os alunos para perguntar qual o ideal deles para a escola a ser construída.

Para Priscila Arce, que foi diretora por dez anos da EMEF Sebastião Francisco Negro, na zona leste de São Paulo, o contexto atual tornou-se uma oportunidade para todos refletirem sobre a escola e o papel do coletivo na superação dos desafios surgidos pelo ensino remoto: “A pandemia ajudou a viver isso [a gestão democrática] de forma prática. Estamos juntos, mas separados. Tínhamos de fazer tudo funcionar, e para isso foi necessário um engajamento coletivo. Isso que vivemos mostrou para muitos que a escola não funciona num esquema de cada um por si”.

Na EMEF Profª. Adolfina J. M. Diefenthäler, de Joice Lamb, em Nova Hamburgo (RS), que contempla diferentes fases da Educação básica – Ensino Infantil, Ensinos Fundamental 1 e 2 –, o objetivo sempre foi criar a ideia de uma única escola para todos os alunos. “Temos o cuidado de não fazer três escolas. O que temos para os estudantes mais velhos temos também para as crianças de Educação Infantil.”

A coordenadora pedagógica explica que as assembleias dos alunos aconteciam mensalmente – quando as aulas eram presenciais –, onde todos, desde a Educação Infantil até o Fundamental 2, podem apresentar suas demandas. 

“A escola democrática é importante não só com os alunos, mas com pais, alunos, funcionários e os professores. Porque tem outro ponto que às vezes é esquecido quando se fala em gestão democrática que é justamente a participação dos professores. Às vezes as pessoas acham que fazer escola democrática é só com os alunos e, como os professores se sentem fora dessa discussão, eles acabam não incentivando os estudantes a se sentirem parte da escola. Muita gente me pergunta como fazemos os professores se engajarem nos projetos da escola. Eu respondo que não os fazemos se engajarem, que nós decidimos os projetos juntamente com eles.”

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