Para se inspirar

10 livros para mergulhar de cabeça neste fim de ano

Cinco pessoas ligadas ao mundo da Educação e editorial indicam seus livros favoritos, entre títulos clássicos e recentes

Aproveite as sugestões para atualizar sua lista de leituras em 2020! Foto: Caronte Design

Professor, qual é o seu livro de cabeceira? Fizemos essa pergunta para cinco pessoas ligadas ao mundo da Educação e ao mercado editorial para preparar uma lista de indicações bem especial e dirigida para os educadores. Confira:

Quem indica: Joselia Aguiar
Quem é: Escritora, jornalista e pesquisadora. Em 2019, assumiu a presidência da Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, e ganhou, recentemente, o Prêmio Jabuti, com o livro Jorge Amado: Uma biografia, da editora Todavia
Livros indicados: São Bernardo (Graciliano Ramos) e A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água (Jorge Amado)

São Bernardo, de Graciliano Ramos. Editora Record
Clássico do autor alagoano, conta a história de Paulo Honório, homem de origem simples que se transforma em grande proprietário de terras. “É a narrativa de um personagem que tenta entender como acabou por colocar tudo a perder em sua vida íntima na tentativa de se tornar um latifundiário”, explica Aguiar.



A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água, de Jorge Amado. Companhia das Letras
Num dia, ele é um pacato funcionário público chamado Joaquim Soares da Cunha, no outro se transforma em Quincas Berro D’Água, vagabundo que vive nas ruas de Salvador. “O personagem escolhe deixar para trás uma rotina burocrática e, mesmo na hora da morte, nos fala sobre o que é ser dono da própria vida”, reflete Aguiar.

Quem indica: Rodrigo Lacerda
Quem é: Escritor, tradutor e editor. Com títulos premiados, como o infantojuvenil O Fazedor de Velhos e o romance histórico A República das Abelhas, lançou, recentemente, o livro de contos Reserva Natural, pela Companhia das Letras
Livros indicados: Mina R (Roberto de Mello e Souza) e Viva o Povo Brasileiro (João Ubaldo Ribeiro)

Mina R, de Roberto de Mello e Souza. Editora Ouro Sobre Azul
Um cabo da Força Expedicionária Brasileira (FEB) tem como missão desativar uma mina terrestre durante a Segunda Guerra Mundial, entre 1944 e 1945. “Pouco conhecido, Roberto Mello e Souza é uma espécie de Guimarães Rosa, usando linguagem incrível em uma história sobre um esquadrão brasileiro antiminas”, diz Lacerda.



Viva o Povo Brasileiro, de João Ubaldo Ribeiro. Editora Alfaguara
Nesse clássico do autor baiano, 400 anos da história do Brasil se passam em grande parte na Ilha de Itaparica, em frente a Salvador. “Um livro que passeia por todas as formas literárias e linguagens, que fala do Brasil e do seu povo com imensa generosidade e um senso de humor extremamente inteligente”, explica Lacerda.

Quem indica: Vagner Amaro
Quem é: Bibliotecário de formação, escritor e editor. Em meados de 2016, Amaro fundou a Malê, editora voltada para a publicação de autores negros. Em 2018, também publicou Eles, seu primeiro livro de contos
Livros indicados: Ferrugem (Marcelo Moutinho) e A Biblioteca Elementar (Alberto Mussa)

Ferrugem, de Marcelo Moutinho. Editora Record
Coletânea de contos, trata de personagens em situações comuns do dia a dia: uma cobradora de ônibus, a caixa de supermercado, o cantor de boate. “O autor lança um olhar atento para personagens que poderiam ser lidos como comuns, revelando a complexidade que há em cada um”, diz Amaro.

A Biblioteca Elementar, de Alberto Mussa. Editora Record
Romance policial que faz parte de um ciclo de cinco títulos chamado Compêndio Mítico do Rio de Janeiro. “No livro, Mussa elabora um narrador que, com ironia e senso crítico, nos conta sobre um crime na capital fluminense no século 18”, comenta Amaro.

Quem indica: José Marcos Couto Jr.
Quem é: Professor de História, hoje atua como diretor da Escola Municipal Professora Ivone Nunes Ferreira, no Rio de Janeiro. Em 2018, recebeu o Prêmio Educador Nota 10
Livros indicados: Dom Casmurro (Machado de Assis) e Quarto de Despejo - Diário de uma favelada (Carolina Maria de Jesus)



Dom Casmurro, Machado de Assis. Domínio Público
Capitu traiu ou não traiu? Até pode parecer que essa é a grande questão desse que é um dos maiores clássicos da literatura brasileira, mas a verdade é que o grande ponto desta obra de Machado de Assis é o retrato crítico da sociedade carioca. “Além disso, a gente consegue ver nitidamente os cenários descritos do Rio Antigo”, segundo Couto.



Quarto de Despejo - Diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus. Editora Ática
O diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus, descoberta em uma favela paulistana nos anos 1960 transformou-se num dos principais registros literários brasileiros. “O livro vai direto ao ponto, podendo ser devorado em um dia, e tem, ao mesmo tempo, a capacidade de fazer refletir por muito tempo”, reflete Couto.

Quem indica: Fernanda Diamant
Quem é: Editora, uma das fundadoras da revista literária Quatro Cinco Um, ocupa atualmente o cargo de curadora da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que acontece todo julho
Livros indicados: Nove Noites (Bernardo Carvalho) e Memórias da Plantação (Grada Kilomba)

Nove Noites, de Bernardo Carvalho. Cia. das Letras
Partindo de uma história real, o suicídio de Buel Quain, antropólogo americano em 1939, o romance trata das culturas indígenas no Brasil. “Usando referências autobiográficas com a história do pesquisador, Carvalho cria um clima de suspense, abordando relações familiares conflituosas e a cultura dos povos originários”, explica Diamant.


Memórias da Plantação, de Grada Kilomba. Editora Cobogó
A escritora, teórica e artista portuguesa, com raízes em Angola e São Tomé e Príncipe, trata do racismo cotidiano em histórias curtas acompanhadas de reflexões psicanalíticas, filosóficas, poéticas e feministas. “Um livro essencial para enfrentar um dos maiores problemas do Brasil”, diz Diamant.

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