Para repensar a prática

Como replanejar 2020 para as crianças bem pequenas, em 5 respostas

Especialistas dão dicas para colaborar com as famílias e potencializar o desenvolvimento das crianças enquanto elas estão longe da escola

As orientações do educador à família continuam oportunas durante a quarentena. Ilustração: Nathalia Takeyama/NOVA ESCOLA

Mesmo afastadas de atividades escolares presenciais, as crianças continuam se desenvolvendo e aprendendo. Por isso, é interessante que professores possam dialogar e orientar as famílias sobre como entender as diferentes fases pelas quais seus filhos passam.

Muitas das crianças bem pequenas (com idades entre 1 ano e 7 meses e 3 anos e 11 meses, segundo a organização da Base Nacional Comum Curricular) tiveram o primeiro contato com ambientes educacionais em 2020 e rapidamente precisaram deixar de frequentá-lo. “Na escola, os pais contam com o apoio de uma pessoa que tem conhecimento sobre desenvolvimento infantil para auxiliá-los, e essas orientações continuam sendo bem vindas agora”, comenta Evandro Tortora, educador na CEI Dr. Tancredo Neves, em Campinas, interior de São Paulo, e colunista do site de NOVA ESCOLA.

Para ajudar você a repensar as práticas para a Educação infantil em um contexto de distanciamento social, conversamos com especialistas e para buscar respostas a algumas perguntas fundamentais neste momento.

1. Por onde começar o replanejamento?

Releia o que inicialmente você havia planejado realizar. Para selecionar o que recomendar aos pais agora, sugere-se pensar no conceito de experiência apontado pela BNCC. “Existe uma diferença entre atividade e experiência. Atividade é o professor que organiza e, por isso, nem sempre ela tem um sentido para a criança. Já os campos de experiência da Base preveem a criança como protagonista e devem estar adequados com o contexto em que ela está”, explica Monica Samia, coordenadora do Programa de Educação Infantil da Avante Educação e Mobilização Social. Portanto, evite recomendar atividades muito estruturadas, longas, que simulem o ambiente escolar em casa e que reforcem a ideia de que a criança é sujeito passivo do processo educacional.

2. Como se comunicar com as famílias?

Invista nas redes sociais para atingir as famílias com sugestões de como agir, brincar e observar o crescimento de seus filhos. Segundo Evandro, o desenvolvimento biológico está associado ao desenvolvimento intelectual. Crianças bem pequenas começam a deixar as fraldas, andar e se comunicar verbalmente, além de outros grandes avanços. “O professor dá formação às famílias através da conversa. Mesmo a distância, ele pode tentar ajudar os pais a entender os desafios das crianças e explicar que cada uma tem seu tempo, pois isso é algo que causa grande preocupação para os pais”, diz Evandro.

3. Como a comunicação entre pares pode ser útil?

Explique para os pais que os educadores não esperam deles uma postura de professores e nem que a criança passe muito tempo sentada simulando uma ideia de escola no ambiente doméstico. “Isso confunde e cria uma ansiedade e um mal estar na família. O professor tem que ajudar os familiares a entender como potencializar a aprendizagem e qualificar o que as crianças já costumam fazer em casa”, diz Mônica. Para isso, ajude-os a construir repertório e pensar nas potencialidade dos espaços, momentos de cuidado e brincadeiras.

4. Como acompanhar o desenvolvimento remotamente?

Converse diretamente com os responsáveis e, quando possível, sugira que gravem um pequeno de vídeo de algum momento em casa para você. Não é indicado expor crianças bem pequenas a relações virtuais em excesso. Lembre-se que as pessoas com quem elas têm contato em casa já são responsáveis por se comunicar com elas para conversar, contar histórias e cantar músicas. Caso queira se relacionar, é indicado que o professor grave um vídeo em que diga que também está em casa e com saudades. Se quiser mostrar uma imagem ou contar uma história, por exemplo, dê preferência para as que já foram apresentadas presencialmente e são de conhecimento da turma.

5. Como organizar a volta dos alunos?

“O currículo da Educação Infantil não tem um ponto de chegada. A lógica é a das experiências. Quando as escolas forem reabertas, as crianças não devem ser avaliadas ou reavaliadas com base em conteúdos, mas acolhidas”, defende Mônica Samia. Portanto, converse com os pais para saber por quais experiências a criança passou com o objetivo de entender como ela se porta e para se aproximar de sua realidade.

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