Brincadeira africana: Fugindo do Leão e do Leopardo na Armadilha dos Felinos
Além de conhecer esse divertimento popular no Sudão do Sul, as crianças podem ser apresentadas à cultura do país e desenvolver objetos de argila
Dois dos mais conhecidos predadores africanos, o Leão e o Leopardo são os protagonistas de uma das brincadeiras mais populares no Sudão do Sul. Na Armadilha dos Felinos, dois participantes fazem as vezes dos animais e juntam-se para caçar suas “presas”, isto é, todos os outros envolvidos na brincadeira. Com seus braços unidos, eles formam uma ponte sob a qual seus alvos vão passando, ao som de uma cantiga que se inicia com os versos: “O leão e o leopardo são dois caçadores, o leão caça de dia, o leopardo caça de noite”. Ao fim da música, a ponte se desfaz e os felinos tentam capturar suas “presas”, que, ao serem pegas, tornam-se o leão ou o leopardo na rodada seguinte.
A brincadeira é uma ótima forma de mostrar às crianças a riqueza cultural da etnia dinka, uma das maiores do Sudão do Sul, e desenvolver também uma atividade com argila, enaltecendo os trabalhos com cerâmica tão tradicionais nesse país africano.
A seguir, você encontra uma sugestão de atividade com a brincadeira Armadilha dos Felinos para ser desenvolvida com crianças pequenas (4 anos a 6 anos e 2 meses, segundo as diretrizes da BNCC) no contexto presencial ou remoto. O passo a passo foi elaborado com a educadora Caroline Adesewa, responsável pelo projeto AfroInfância, que promove oficinas culturais, rodas de conversas e brincadeiras pautadas na história da cultura africana, e a brincadeira foi adaptada do livro Kakopi, Kakopi, de Rogério Andrade Barbosa (Melhoramentos, 48 págs., R$ 32,90).
ATIVIDADE: BRINCANDO DE ARMADILHA DOS FELINOS
Confira a proposta baseada em uma brincadeira popular no Sudão do Sul
Indicado para: Crianças pequenas (4 anos a 6 anos e 2 meses)
Material: Argila, imagens e materiais sobre o Sudão do Sul
Espaço: A atividade pode ser realizada em ambiente interno (sala do grupo) ou externo (quintal, jardim, quadra)
Na BNCC:
Campo de Experiências “Traços, Sons, Coers e Formas”
(EI03TS02) Expressar-se livremente por meio de desenho, pintura, colagem, dobradura e escultura, criando produções bidimensionais e tridimensionais
PASSO A PASSO
Para atividade presencial, caso sua escola já esteja aberta
1. Converse com as crianças sobre o Sudão do Sul: Antes da brincadeira, comece contando às crianças sobre a etnia dinka, uma das maiores do Sudão do Sul e que tem como principais atividades a agricultura e a criação de gado. Você pode provocá-las perguntando se já ouviram falar do país, se sabem em que continente fica. Use mapas e imagens para ajudá-los nessa contextualização (um bom ponto de partida para a sua pesquisa é navegar no Google Maps). A população do país é considerada um dos povos pastorais neolíticos mais singulares da África, graças à alimentação, ao estilo de vida e à relação muito próxima e harmoniosa com os animais.
Os dinka cobrem seus corpos e rostos com cinzas, para se protegerem do forte sol, da malária e de insetos perigosos. E também porque enxergam as cinzas como uma beleza natural. Nesse grupo étnico, assim como em diversas nações africanas, a cerâmica é uma das atividades produtivas mais antigas, com a finalidade de suprir necessidades cotidianas de uso doméstico, decorativas e rituais. Aproveite para apresentar algumas imagens de trabalhos africanos em cerâmica e pergunte às crianças se elas sabem do que eles são feitos (nesta matéria, há boas fotos sobre os dinka, e é possível conferir alguns trabalhos de cerâmica africana na página do Museu Afro-Brasileiro da UFBA).
2. Manipulando a argila: Convide as crianças a participarem de uma atividade com argila e criar objetos simples, como colheres, garfos, pratos. É uma forma de estimulá-las a se expressarem livremente com produções artísticas tridimensionais, como pede um dos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para crianças pequenas na Base Nacional Comum Curricular (EI03TS02). Se desejar, ofereça alguns exemplos para que elas tentem reproduzir. Incentive a exploração, a observação e a interação entre elas. Mostre, por exemplo, que se apertarem sobre uma superfície crespa é possível formar texturas, dar forma à argila. Observe a interação das crianças com os materiais, as curiosidades que têm em relação à argila, texturas e formatos.
3. Brincando de Armadilha dos Felinos: Depois desse momento, inicie a Armadilha de Felinos com as crianças. Nessa brincadeira, todos participam e ninguém é eliminado. O jogo envolve a figura de dois grandes animais, que são predadores, presentes na África, o leão e o leopardo. Duas crianças são escolhidas para representar os felinos. Mantendo uma distância, elas juntam as mãos com os braços levantados, formando uma ponte. As outras crianças que fazem papel de bichos (possíveis presas dos felinos), formam um semicírculo em torno da armadilha, e vão passando por debaixo da “ponte”, enquanto cantam em coro duas vezes (a letra abaixo foi retirada do livro Kakopi, Kakopi, de Rogério Andrade Barbosa, mas não há referência de como ela deve ser cantada. Nesse caso, é possível criar alguma melodia que se encaixe com os versos abaixo).
O leão e o leopardo são dois caçadores.
O leão caça de dia
O leopardo caça de noite
Os dois quando pegam, pegam geral
Quando a música termina, a dupla que interpreta os felinos solta os braços, enquanto as demais crianças fogem dos felinos antes que sejam capturadas por eles. Os capturados passam a ser novos felinos.
4. Encerre a atividade: Aproveite o fim da brincadeira para conversar com as crianças sobre o que elas acharam de mais interessante durante toda a atividade, o que foi mais legal de aprender e se elas se lembram de alguma outra brincadeira. Você pode organizar uma pequena exposição com os objetos feitos com argila e pedir para as crianças comentarem sobre sua criação.
PASSO A PASSO
Para atividade remota, caso sua escola ainda esteja fechada
1. Convide as famílias e crianças para a atividade: Grave um vídeo apresentando a proposta e contando sobre a Armadilha de Felinos. Faça um convite à família para participar (mãe, pai, irmãos e outras pessoas que estiverem na casa) dizendo: “Que tal aprendermos essa brincadeira do Sudão do Sul?”
Aproveite para apresentar as regras e oriente sobre onde e como a brincadeira pode ser feita em um espaço menor. Comente também sobre a atividade com argila ou massinha.
3. Conte às famílias sobre os dinka e o Sudão do Sul: Compartilhe os materiais que você organizou para contextualizar a atividade (fotos do povo dinka, mapa do Sudão do Sul, imagens de cerâmicas africanas) e conte às crianças e suas famílias um pouco sobre a cultura desse país africano.
3. Registre os trabalhos com argila e a brincadeira: Sugira que as famílias compartilhem imagens dos trabalhos feitos pelas crianças com argila ou massinha, para agrupá-las e compartilhá-las com todo o grupo via Apresentações Google ou por WhatsApp, por exemplo. Peça para que guardem as produções para enviá-las no retorno à escola, a fim de organizarem uma exposição das peças. Na volta às atividades presenciais, vocês podem retomar o assunto e brincar com toda a turma.
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