Para usar com as crianças e famílias

Dicas para a adaptação dos bebês e crianças bem pequenas à escola

Choro e recusa para ir à escola são desafios comuns neste momento. Saiba o que fazer nestas e em outras situações

Animação mostrando a entrada de uma escola cheia de alunos, professores, gestores e pais comparando à mesma entrada vazia durante a pandemia.
Ilustração: Yasmin Dias/NOVA ESCOLA. Fotografia: André Martins/NOVA ESCOLA

As crianças e bebês que estão chegando pela primeira vez na escola precisam de uma atenção especial no seu momento de adaptação, assim seu primeiro contato com o mundo escolar será de prazer e descobertas, não de sofrimento. “É importante o acolhimento ser considerado como currículo da Educação Infantil. Às vezes, a família não consegue iniciar a criança de uma forma gradual e tranquila, tornando tudo mais desafiador. Por falta de formação sobre o tema, o processo também é assustador para os profissionais”, diz Valquiria Regina Fagundes, professora na CEI Américo de Souza, na capital paulista, e mestre em Educação com enfoque na formação de professores de creche.

Segundo Valquiria, o acolhimento precisa ser planejado e executado por e para todos que compõem a comunidade escolar. Compartilhamos a seguir algumas situações que podem ocorrer no momento de adaptação à Creche ou Pré-Escola e o que educadores, família e outras crianças podem fazer para ajudar.

O que fazer quando a criança chora na despedida dos pais

O diálogo é fundamental para trazer a compreensão de que a despedida não é um abandono e para preparar o pequeno para o período em que este ficará na escola. Em casa, os pais devem conversar sobre isso, referir-se à escola sempre de modo positivo, dizer onde estarão enquanto a criança fica na escola e que logo vão se reencontrar.

É difícil acolher um bebê sem contato físico, que é essencial para acalmá-lo. Já com as crianças é preciso focar no diálogo e explicar que a família logo volta. Ela precisa perceber que está em um ambiente seguro, onde seu choro é ouvido, considerado e respondido. Se o seu sofrimento é muito grande, é importante a família estar organizada para, no início da adaptação, permanecer um período na escola, estar disponível para atender o telefone e para buscá-la mais cedo caso seja necessário.

E quando a criança parece não se adaptar à turma?

“Na experiência que eu tenho, percebo que as próprias crianças acolhem umas às outras. Quem já está adaptado acolhe quem não está dizendo para não chorar e chamando para brincar. Observando o professor, elas aprendem como também podem acolher outra criança”, conta Valquíria. Por isso, o educador precisa propor situações interativas e brincadeiras em duplas, em pequenos grupos e entre toda a turma – sempre alternando as formações. Além disso, a responsabilidade não é só do professor regente, mas de todos os funcionários da escola, que precisam receber bem os pequenos. 

Que tipo de comunicação estabelecer com os pais ou responsáveis

Fora do contexto pandêmico, é normal que os pais entrem na escola, fiquem por um tempo, se despeçam quando a criança já está à vontade na sala de referência e, em alguns casos, permaneçam em outro ambiente da escola para serem chamados caso necessário. Agora, graças aos protocolos de biossegurança, a entrada de muitos adultos no espaço tende a ser reduzida.

A escola precisa colocar-se aberta para dúvidas e inseguranças e questões. Um hábito interessante é comunicar para a família não só os problemas, mas também, a rotina da criança. Estabelecer um dia para compartilhar uma agenda, um mural de fotos ou uma série de relatos de crianças e professores é uma forma de manter o diálogo entre escola e família sem sobrecarregar os profissionais, que na falta dessa estratégia podem receber muitos pedidos individuais. 

O que fazer caso a criança se recuse a ir para a escola

A adaptação é um processo gradual, mas pais e educadores precisam estar atentos para um sofrimento que parece não passar ou que começa a surgir quando a criança já parecia estar adaptada. Os pais devem manter um diálogo constante para que a criança se sinta segura para compartilhar se algo específico na escola a incomoda. Já ao professor cabe a observação do comportamento da turma e da criança individualmente, assim poderá informar à família o que acontece com a criança no ambiente escolar e se percebe os possíveis motivos do seu desconforto.

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