Para colocar em prática

Recomendações da Base para o processo de adaptação ao Ensino Fundamental

Conheça algumas das prescrições contidas no documento, sua importância e como colocá-las em prática

Animação de sala de aula vazia.
Ilustração: Yasmin Dias/NOVA ESCOLA. Fotografia: André Martins/NOVA ESCOLA

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) reúne orientações para apoiar a transição da Pré-Escola para o 1º ano do Ensino Fundamental. O objetivo é o de organizar uma transição tranquila, fluída e que represente uma continuidade no processo de desenvolvimento e aprendizagem, não uma ruptura. Segundo o documento, é preciso respeitar as singularidades das crianças e as diferentes relações que elas estabelecem com os conhecimentos, assim como a natureza das mediações de cada etapa. 

Abaixo, reunimos algumas prescrições apresentadas pela BNCC e explicamos por que é importante colocá-las em prática: 

Estabelecimento de estratégias de acolhimento e adaptação, tanto para as crianças quanto para os docentes. Em muitos casos, os professores podem não ter uma formação adequada para lidar com o importante momento da transição de etapas. É preciso que as redes e os gestores ofereçam formação continuada sobre o tema e que essa seja uma pauta constante nas reuniões pedagógicas. Por outro lado, mesmo com essa formação, todos os anos chegam crianças novas e os desafios podem ser outros. Por isso, é importante pensar em estratégias para acolher cada grupo específico. 

Troca de materiais e conversas entre os educadores das duas etapas. Nas primeiras reuniões de pais e responsáveis, é possível conversar com eles sobre as crianças e, no dia a dia, a sondagem deve ocorrer diretamente com elas, mas também é importante considerar o que os professores anteriores têm a compartilhar. Algumas observações pedagógicas mais específicas podem ser trocadas facilmente entre os pares, o que contribui muito para a compreensão dos avanços e das dificuldades que a criança apresentou até então. 

Aproveitar relatórios, portfólios ou outros registros produzidos na Educação Infantil. Desde cedo, a escola precisa contribuir para que a criança perceba que é e sempre será um sujeito histórico e de direitos. Ao longo de sua vida, ela desenvolve saberes e produções que podem ser registrados e compartilhados como relatos de experiências vividas. Além de ver os registros para conhecer melhor seus novos alunos, o professor pode propor que eles mostrem uns para os outros o que fizeram.

Análise da síntese de cada campo de experiência que foi trabalhado na Pré-Escola. Na Educação Infantil, a BNCC está estruturada em torno de seis direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento e de cinco campos de experiências. O documento descreve uma síntese das aprendizagens esperadas de cada um desses campos, mas é preciso analisá-los não do ponto de vista de uma “avaliação final” da pré-escola ou como condição ou pré-requisito para o acesso ao Ensino Fundamental. Os professores podem ter essa síntese como uma base para organizar experiências para as crianças nas duas etapas.

Equilíbrio entre as mudanças introduzidas, a continuidade das aprendizagens e o acolhimento afetivo. Educação Infantil e Ensino Fundamental têm uma série de características diferentes, como modos distintos de organização do tempo e dos espaços. Entretanto, isso não significa que um olhar cuidadoso para o corpo da criança, o afeto, as brincadeiras e as explorações ao ar livre, por exemplo, precisa ser abandonado na chegada ao 1º ano. Uma mudança brusca será traumática para as crianças, pode construir uma imagem negativa de escola e não tem justificativa pedagógica. Mesmo que o intuito dos professores e da família seja desenvolver a autonomia da criança, é preciso saber que esse processo é gradativo.

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