Na prática

Portfólio: como juntar as produções em casa e na escola no fechamento do ano

Com o fim de 2021, chegou a hora de as professoras da Educação Infantil organizarem portfólios com as conquistas dos bebês e crianças. Conheça estratégias para contemplar o que foi feito virtual ou presencialmente

Ilustração abstrata de professores construindo uma casa em miniatura.
Ilustração: Tayna Marques/NOVA ESCOLA

Quando o ano letivo de 2021 começou, a professora Viviane Zimmermann estava em casa e, por conta da pandemia de covid-19, só podia interagir com a sua turma pelas telas do celular ou do computador. Foi assim até meados de maio, quando ela realizou as atividades com as crianças de 2 e 3 anos com as quais trabalha no EMEI Caracol, em Novo Hamburgo (RS). 

Com o encerramento do ano, chegou a hora de Viviane e outras professoras da Educação Infantil montarem um portfólio que contemple tanto o que foi feito durante o ensino remoto quanto as produções realizadas presencialmente.


O que é portfólio na Educação Infantil? 

O portfólio, que pode ser individual, para cada criança, ou para todo o grupo, é uma importante ferramenta pedagógica para acompanhar a trajetória das crianças durante o ano. Este reúne fotos, vídeos, registros e produções e o objetivo é refletir sobre as conquistas dos pequenos e sobre a prática pedagógica ao longo do ano.


Viviane explica que em todo fim de ano as professoras reúnem as imagens das vivências das crianças, registradas ao longo do ano, de modo que, neste momento, são apenas organizadas de forma a narrar o percurso de aprendizagem dos pequenos. Por conta do ensino remoto, em 2021 farão parte do portfólio também os registros feitos pelas famílias. 

“As imagens do que foi vivido e suas respectivas narrativas são reunidas em dois materiais: um arquivo da documentação do projeto de investigação, que é um material das pesquisas das crianças enquanto grupo, que entregaremos de forma virtual e impressa, em um livro, e outro que nomeamos de ‘memória da criança’, que narra as descobertas, hipóteses e aprendizagens de cada uma delas por meio de imagens, narrativas, registros de falas e mini-histórias”, conta Viviane. 

Ceila Pastório, diretora da Creche Baroneza de Limeira, em São Paulo, ressalta que o portfólio tem uma importância muito grande na hora de evidenciar o processo de aprendizagem das crianças. “É por meio dele que constatamos o processo de evolução do desenho, da escrita, das manifestações das expressões todas da criança”, enfatiza. Além disso, segundo ela, o documento valoriza e compartilha com a família a produção das crianças e também mostra e valoriza o trabalho do professor ao longo da trajetória com as crianças. 

Mas vale lembrar que, para considerar tudo o que foi feito, é preciso pensar a estrutura do portfólio ainda no começo do ano ou, no máximo, no início do semestre, segundo Karina Rizek, especialista em Educação Infantil e consultora da Avante Educação e Mobilização Social. “Não adianta exigir que os professores tenham registros de acontecimentos do começo do ano se não foi pedido a eles que fizessem esses registros”, alerta.

Leia, a seguir, dicas práticas para organizar os portfólios.

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1. Resgate tudo que existe de registros

De acordo com Karina, o primeiro passo para montar um bom portfólio é resgatar tudo que existe: as comunicações feitas com as crianças durante o ensino remoto e as evidências de aprendizagens que as famílias compartilharam enquanto os filhos não estavam na escola, por exemplo. Vale, ainda, falar da transição da volta à escola, da questão socioemocional das crianças neste retorno e de tudo que a escola pode fazer para acolher as crianças e as famílias. 

2. Aposte também no formato digital 

A diretora Ceila Pastório conta que sua escola contratou um aplicativo que organiza digitalmente os portfólios a partir das informações dos professores, tais como fotos e vídeos que foram registrados tanto pelos próprios educadores quanto pelas famílias. O modelo digital pode ser feito por plataformas gratuitas, como o Canvas, e ser mandado para os pais e familiares pelo WhatsApp. 

A professora Vanessa Machado de Carvalho, do CEI Semeando o Futuro, em São Paulo, conta que, por causa da pandemia, a escola também optou pelo formato digital para não perder os registros das vivências das crianças, uma vez que o portfólio impresso poderia ter algumas limitações.

Com isso, ela registra fotos e vídeos dos momentos oportunizados, segue uma rotina de sempre baixar as imagens, separar e organizar por propostas, seleciona uma amostra de imagens que revelem a experiência das crianças; constrói um diário de bordo contendo as falas das crianças para anexar aos registros das imagens. Com o fechamento do ano, todas essas informações estarão no portfólio final. 

3. Inclua as contribuições das famílias 

Outra boa dica, conforme Ceila Pastório, é incluir no portfólio, sempre que possível, as contribuições das famílias, dos momentos em que estiveram presencialmente ou por meio das atividades em casa, com pesquisas, fotos e vídeos, uma vez que a participação dos pais foi fundamental, especialmente enquanto as crianças estavam em casa. 

4. Deixe para o final apenas a organização do documento

Se você fez registros escritos e imagéticos das experiências das crianças no decorrer deste ano, agora é o momento de apenas organizar e revisar os registros e as reflexões de tudo que foi observado nos últimos meses, segundo a professora Viviane Zimmermann. “Assim, as narrativas terão muito mais detalhes, para além de terem servido como reflexão da prática do próprio professor e acompanhamento da continuidade das investigações das crianças”, comenta.


Confira outras dicas de Karina Rizek sobre o que deve ser levado em consideração na hora de fazer o relatório final.

Para o grupo: 

- Diga quais aprendizagens foram programadas e esperadas para as crianças daquele grupo e como isso se estruturou. Isto é, quais foram as propostas realizadas pela escola, como consideraram as explorações e sugestões das crianças, trazendo intencionalidade pedagógica para aquilo que foi iniciado por elas;

- Traga trechos de diálogos, conte de como e por que foram realizadas propostas para o grupo, como reagiram, como é o que aprenderam (o “como” é mais importante do que o "o quê"). Construa uma narrativa que conta uma história de começo (como estava o grupo no início), meio (como foram se desenvolvendo ao longo do tempo) e fim (como terminaram o semestre/ano).

Individual:

- Diante do que foi realizado com o grupo, como cada criança superou desafios, o que aprenderam, como aprenderam, quais são ainda os desafios a serem superados (o foco aqui deve sempre estar na conquista de cada um e não na falta);

- Cuide para não focar em classificação (apta X não apta, por exemplo) ou promoção (pode seguir tranquila para o próximo ano - isso deve ser evitado sempre).

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