Para organizar a aula

Ensino remoto: o que evitar e o que fazer para engajar os alunos

Interação da turma e protagonismo do aluno são essenciais; plataformas específicas e a boa e velha discussão oral podem ajudar

As atividades remotas precisam valorizar o repertório dos alunos. Ilustração: Pedro Hamdan/Nova Escola

Envolver os alunos para uma aula é um velho esforço dos professores em todas as etapas da educação. Agora, no ensino remoto, algumas práticas funcionam melhor do que outras, como aulas que reforçam a interação no lugar daquelas meramente expositivas.

Segundo Renata Capovilla, especialista em inovação e tecnologia na educação, as atividades com maior alcance e melhor resposta do 1º ao 5º ano são aquelas onde os alunos são solicitados a serem parte da atividade em si. 

“As atividades devem valorizar o repertório próprio dos alunos, com eles dando sugestões de temas, sendo ouvidos, e interagindo. É aí que eles aprendem efetivamente. Eles precisam sentir que têm algo a acrescentar. Se o aluno não se sentir parte, a atividade passa reto e não tem efeito”, explica.

Conseguir se expressar é uma qualidade para toda a vida, além de ser uma habilidade bastante trabalhada no Fundamental 1. Nessa fase, fazê-la com a escrita é mais complexo, especialmente no ensino remoto, pois vai demandar a ajuda de um adulto da casa. Então, a ideia é trabalha-lá em cooperação com a turma, e em meios alternativos, como áudio e vídeo.

APOSTE 

Interação com vídeo. Na plataforma Flipgrid é possível criar questões em vídeo, com micro edições prontas, e os alunos também responderem criando pequenos vídeos. Isso pode ser feito entre professor e aluno e entre os próprios estudantes, favorecendo a interação. O aluno pode ser solicitado a fazer uma pesquisa ou curadoria em determinado assunto, e produzir o vídeo fazendo uma reflexão sobre o tema.

Atividades colaborativas. No Google Jamboard uma tela em branco dá espaço para que se crie com o mouse ou com telas touch jogos interativos, como uma malha de pontos, onde todos os alunos fazem juntos. Ou mesmo uma apresentação de slides criativa, onde um tema é dado para turma, e uma parte fará sobre Fake News e outra sobre News (notícias verdadeiras). Tudo isso sendo feito simultaneamente por todos.

Discussões orais. Pedir relatos orais durante os encontros síncronos favorece a reflexão do aluno em comunhão com os demais colegas. E mais, exercita a escuta de si e dos demais, desenvolvendo o raciocínio, a empatia e contribuindo para a saúde mental.  

PONTO DE ATENÇÃO: Veja, todas essas sugestões supõem a interação e o protagonismo do aluno. Na maior parte dos casos, os alunos estão com saudades da escola. Por isso, é preciso estimular, a troca com os colegas usando as possibilidades de trabalhos colaborativos. Todas essas propostas trabalham importantes competências socioemocionais, e os colocam como parte da escola. 

EVITE

Aulas meramente expositivas. O estilo palestra do professor não é muito atrativo para os alunos, além de cansativo para todos os envolvidos. Por mais que lançar mão de outras estratégias seja desafiador, tente, na medida do possível, equilibrar o tipo de aula que é oferecida e, quando necessário, pedir ajuda da gestão da escola. 

Trabalhar o tempo todo. O ensino remoto exigiu que o professor reinventasse sua prática em caráter emergencial. Ainda assim, é importante buscar o equilíbrio e fazer combinados para não ser soterrado pelas demandas dos alunos. 

Desconsiderar a realidade do aluno. Nem todos se sentem bem abrindo a câmera, podem ter receio da exposição ou não estarem acostumados com esse modelo de ensino remoto. Se perceber essa dinâmica, pergunte o porquê de não estarem participando da aula e acolha as devolutivas dos estudantes. Também é possível lançar mão do chat quando notar que os alunos não estão falando. 

Colocar a sua saúde mental em risco. Tente observar se as demandas estão sendo excessivas e seja gentil consigo mesmo e com os alunos. Lembre-se: estamos todos passando por um momento inédito e extremamente delicado. 

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