Para refletir

Confira 5 sugestões para trabalhar o tema com a comunidade escolar

Leia como ampliar as ações promotoras de igualdade para todas as esferas da comunidade escolar e assumir o planejamento da convivência ética de todos

Animação de país levando seus filhos à escola.
Ilustração: Nathalia Takeyama/NOVA ESCOLA

São muitas as ações que a escola pode desenvolver para a promoção da igualdade de gênero, mas elas somente terão efeito se tal pauta for assumida como compromisso coletivo encabeçado pela instituição escolar propriamente dita. Isso significa agregar a igualdade de gênero ao projeto político pedagógico e viabilizar ações preventivas e interventivas, sequenciadas e sincronizadas com as demais propostas. 

Ao assumir esse compromisso de forma institucional, a escola tem a responsabilidade de incluir todas as pessoas que fazem parte da comunidade: para além de estudantes, docentes e funcionários, os familiares e responsáveis pelos alunos não podem ficar de fora.

Confira cinco pontos para trabalhar o tema com todos. Eles foram sugeridos por Danila Di Pietro, mestra e doutoranda em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), especialista em gestão escolar e competências socioemocionais, coordenadora do Grupo de estudos de raça e gênero (Gerage) e consultora deste especial; e Flávia Vivaldi, doutora em Educação, integrante do Gepem, grupo de estudos sobre Educação Moral que congrega pesquisadores vinculados à Universidade Estadual Paulista (Unesp) e à Unicamp e autora de livros sobre o tema. E não esqueça: é preciso acompanhar e avaliar as ações para que os processos possam ser validados ou revistos e para que os resultados sejam mensurados – de forma quantitativa ou qualitativa.   

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Faça um diagnóstico local

Um mapeamento sobre como a escola se relaciona com a igualdade de gênero é fundamental para dar sequência aos trabalhos. Esse levantamento pode ser composto pela observação do cotidiano e pela percepção das pessoas que fazem parte da escola, procurando incluir no diagnóstico se práticas já naturalizadas podem ser repensadas. O recolhimento desta percepção ainda pode ser feito com uma roda de conversa em grupos ou com apoio de um questionário estruturado. O diagnóstico pode envolver também outras dimensões, como dados dos resultados acadêmicos, evasão escolar, conflitos e convivência de estudantes. Também é importante considerar a constituição de gênero do corpo docente e de demais colaboradores. Confira uma proposta de questionário para distribuir e conhecer o que pensam os docentes


Deixe a comunidade entrar na escola

Convide a comunidade escolar para construir um plano para implementar as ações que devem ser elaboradas a partir da tradução dos dados do diagnóstico já realizado. É valioso que, nem que seja por meio de representação, convidar pessoas de todos os grupos que compõem a instituição de ensino para ajudar na leitura dos dados e selecionar quais ações são importantes para serem implementadas. Esteja preparado para acolher dúvidas e para lidar respeitosamente e de forma embasada com opiniões preconceituosas. A coordenadora pedagógica Rosemeire Reis, da EMEI Evaristo da Veiga, na capital paulista, por exemplo, recebeu questionamentos e reclamações de pais, durante o período de aulas remotas no ano passado, por conta de um vídeo enviado para as crianças que defendia que meninas podem ser o que elas quiserem. 


Atue nos corredores 

Os momentos de aprendizagem não se encerram entre as paredes das classes. Eles ocorrem, em boa medida, em cenários não planejados: uma intervenção em conflito no corredor da escola e uma demanda externa que surge sem aviso prévio, entre outras. Para que todos os adultos tenham condições de tornar tais momentos oportunidades de aprendizagem na igualdade de gênero, é preciso que também estabeleçam relacionamentos com estudantes para que eles se tornem referência da sociedade ética que almejamos. Ou seja, o modo de agir dos adultos da escola deve espelhar a igualdade de gênero em quaisquer circunstâncias.



Promova e incentive práticas curriculares

Apoie as professores e os professores para que organizem aspectos voltados à discussão e implementação de ações para a igualdade de gênero em sequências de aulas para abordar o tema ou de modo relacionado a outros componentes curriculares. É interessante que as práticas curriculares sejam sequenciadas e exercidas por métodos ativos de aprendizagem, com temas predefinidos. Mas elas podem, também, derivar de casos que surgem no dia a dia da própria escola ou do entorno.



Invista no desenvolvimento profissional

Independentemente das informações e das demandas que forem reveladas no diagnóstico inicial, é preciso pensar num plano de desenvolvimento profissional que proponha pautas de estudo sobre igualdade de gênero para o corpo docente, para a equipe de gestão e todos os outros profissionais que atuam na escola. Sem se esquecer da equipe de limpeza e das merendeiras. Tais momentos de estudos e de trocas são essenciais para impulsionar outras ações, como realização de campanhas, programação de palestras e apresentação de depoimentos, sessões de cinema na escola etc.

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