Para aprender sobre a prática

Como a professora Márcia usa vídeos para avaliar os pequenos

Em sua sala de berçário 1, a docente criou uma rotina de registrar as atividades das crianças, transformando o celular em uma valiosa ferramenta de acompanhamento

A turma do berçário 1, da professora Márcia. Foto: Rogério Pallatta/NOVA ESCOLA

É possível avaliar os bebês? Se eles não falam ou fazem produções, como as crianças maiores, o que avaliar? Na turma de berçário 1, que atende bebês entre 4 meses e 1 ano e meio, a professora Márcia Maria de Oliveira vê que a avaliação é essencial para sua prática e para pensar nas experiências oferecidas para os pequenos. 

Como fazer o acompanhamento? A sensibilidade é essencial. “Quando avaliamos o desenvolvimento do bebê, não temos algo concreto, um projeto. É um olhar individual. Eles [os bebês] se comunicam pela linguagem corporal, gestos e olhares”, afirma a professora. Ela afirma que seu papel é de observar e tentar interpretar as ações das crianças.

Esse olhar atento permitiu identificar, por exemplo, que um dos bebês não gostava de texturas moles. Márcia percebeu que toda vez que havia um material com essa característica, o pequeno o jogava para longe. No lugar de ignorar esse comportamento, ela entendeu que ele precisava ficar próximo desses materiais para ser encorajado a experimentar e se familiarizar. “A partir dessa observação, comecei a inserir nas experiências vários materiais com essa textura. Hoje, depois de alguns meses, ele explora o material e acha engraçado, não joga”, afirma. Foi o olhar individualizado que deu à professora a ocasião de repensar a prática e planejar experiências necessárias para esse bebê.

Não basta apenas observar e guardar na memória. Detalhes importantes podem se perder, por isso, o registro, em diversos formatos, é útil. Márcia relata que, durante as atividades, não consegue fazer anotações, pois os bebês demandam muita atenção. Para resolver isso, ela complementa sua observação atenta com filmagens e fotos. “Não temos muito tempo, é muito rápido e algo pode escapar, por isso o registro é importante”, afirma a educadora. 

Após a atividade, a professora faz registros escritos de sua observação e retoma a filmagem e as fotos. “Ver onde eu poderia ter feito melhor, quais foram os acertos, quais os materiais que eles gostaram, quais eles não gostaram e por quê, são coisas sobre as quais eu procuro refletir”, exemplifica a professora.

Essa análise envolve pensar em como foi o desenvolvimento da atividade de forma geral e em como cada bebê recebeu o que foi proposto. A partir disso, Márcia faz uma autoavaliação e consegue elaborar as próximas atividades de forma mais eficiente.

DUAS SITUAÇÕES, DUAS AVALIAÇÕES

Veja, abaixo, dois exemplos de atividades feitas pela professora Márcia e como ela analisa cada uma delas

Crédito: Rogério Pallatta/NOVA ESCOLA

Qual é a atividade? Roda de conversa com apoio de imagens. Na atividade acima (foto), Márcia apresenta a imagem de um sapo e pergunta à turma onde o animal vive, qual é sua cor e qual som faz, pedindo que os bebês imitem o barulho.

Qual a avaliação? Entre as perguntas possíveis na hora de avaliar os resultados da atividade, estão: como as crianças tentaram se comunicar a partir das imagens? Como foi a interação dos bebês ao observar as imagens? Há disputas? Como eles agem diante de uma comunicação verbal com um adulto? 

Crédito: Rogério Pallatta/NOVA ESCOLA

Qual é a atividade? Exploração livre de materiais organizados.

Qual é a avaliação? Entre as perguntas que orientam a observação estão: as crianças escolhem com autonomia os espaços e os parceiros de brincadeira? Elas se deslocam ou realizam tentativas de deslocamento para explorar os diferentes materiais e encontrar outros parceiros? Eles realizam ações sozinhas ou com pouca ajuda do adulta ou de outros parceiros? Como se relacionam com outros através dos materiais?

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