Ano novo, hora de investir no diagnóstico inicial
Conhecer o que a turma sabe, aluno por aluno, e a partir daí pensar em intervenções pontuais e atividades significativas é fundamental para que todos aprendam de verdade
Para começar com o pé direito o ano letivo com novos alunos, não existe mágica. É essencial não abrir mão de um esquema bem planejado de diagnóstico inicial. E isso não tem a ver somente com investigar o que as crianças sabem usando ditados, atividades de produção de texto e outras mais.
A equipe docente precisa compreender que conversar com o professor que respondeu pela classe no ano anterior também é uma atividade diagnóstica. Por isso, na semana pedagógica devem estar previstos momentos para que esse diálogo aconteça. E, então, os docentes de 2021 podem contar o que fizeram no ano anterior, o que não conseguiram fazer, como cada aluno se saiu, mostrar atividades feitas pelas crianças e falar um pouco sobre o jeitinho e a personalidade de cada uma delas.
Para te inspirar um pouco sobre esses primeiros passos, leia abaixo a história de Priscila Cristina Demasi Esteca, professora na Escola Viva, em São Paulo (SP).
“Leciono há 20 anos, mas quando cheguei em outra escola, no ano passado, tive de começar muita coisa de novo: conhecer o ambiente, conhecer as pessoas, entender a dinâmica escolar. Mesmo com toda a experiência que eu já tinha, lá eu era novata. Estabelecer parceria com os colegas foi fundamental. Minha primeira atitude foi ouvir muito o que eles tinham a dizer, porque o que ajuda muito o professor é estar com os colegas professores, trocar experiências. Coordenadores pedagógicos e orientadores têm muito conhecimento, mas é diferente da prática do dia a dia dos nossos pares. Assim como os alunos aprendem com os pares, nós também. Além da escuta, a observação e o acolhimento da equipe ajudaram muito. Fui observando e perguntando muito, não tive vergonha de tirar dúvidas. Mesmo estando há muito tempo em sala de aula, é importante perguntar sempre para evitar deslizes desnecessários. Cada escola tem sua política e seu esquema de funcionamento. Temos de ser cuidadosos e respeitosos para entender e para conseguir pertencer. Também é preciso ir mostrando o que você quer fazer, seu jeito de trabalhar de um jeito respeitoso.”
Priscila Cristina Demasi Esteca, professora na Escola Viva, em São Paulo (SP)
Cuidados para planejar o diagnóstico inicial
Confira três dicas de Renata Capovilla, formadora de professores e capacitadora do Google For Education, para conversar sobre os alunos durante a semana pedagógica.
1. Cuidado com as expectativas
Não dê como certo que as habilidades previstas para serem desenvolvidas no ano anterior tenham sido 100% cumpridas por toda turma - além de ser improvável que isso aconteça normalmente, estamos em época de pandemia e os alunos enfrentaram muito tempo com aulas remotas. Vale mais a pena focar na análise das habilidades consideradas essenciais pela escola e pensar em atividades que vão atingir esses objetivos de aprendizagem.
2. Não rotule as crianças
Não vale olhar a lista de alunos da turma e classificar os alunos de forma negativa. Não é nada respeitável nem produtivo rotular os estudantes, como se uma ou outra característica os definisse e, pior, como se esses rótulos já determinassem o futuro deles. Na conversa entre o professor que vai assumir a turma e o que lecionou no ano anterior, o foco tem de ser até onde conseguiu chegar cada um, quais dificuldades precisam ser enfrentadas, quais habilidades domina com mais tranquilidade e o que foi feito para ajudar cada um.
3. Forme uma dupla produtiva
No que diz respeito às atividades diagnósticas realizadas diretamente com os alunos, vale elaborá-las em parceria com o professor do ano anterior, já que ele sabe quais habilidades e atividades conseguiu desenvolver. E a conversa não só pode, como deve, ser ampliada para a pandemia: como isso afetou as crianças e qual o reflexo disso no dia a dia das aulas?
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