Para colocar em prática

Educação Infantil: crianças precisam reocupar o espaço da escola

Depois de longo período longe, professores e gestores precisam tranquilizar as famílias quanto aos protocolos sanitários e planejar atividades para estimular a adaptação

Ilustração animada de crianças pequenas em momento de acolhimento para educação infantil.
Ilustração: Yasmin Dias/NOVA ESCOLA

O toque e o brincar junto são a essência da Educação Infantil. Mas como garantir esse desenvolvimento sensorial dos bebês e das crianças muito pequenas e pequenas em tempos pandêmicos? Ainda mais por envolver faixa etária que não foi completamente contemplada pela campanha nacional de vacinação contra Covid-19. Muitas famílias acumulam dúvidas sobre as dinâmicas escolares nesses tempos, e a escola precisa estar atenta a essas angústias no planejamento de 2022. 

“O trabalho com as crianças e com os pais é quase equivalente, porque a família já costuma estar bastante presente na escola nessa fase, especialmente nas primeiras semanas de aula. É um período importante de ambientação, que ocorre de maneira gradativa”, diz Sônia Guaraldo, formadora de gestores escolares. “Agora professores e gestores devem ser muito transparentes com relação aos protocolos sanitários para tranquilizar os pais sobre a rotina”, completa. 

Além de compreender os cuidados sanitários aplicados aos espaços e as adaptações feitas às dinâmicas com as crianças, é importante que pais e responsáveis percebam que os educadores também estão familiarizados e seguros com os protocolos. “As práticas pedagógicas não serão as mesmas, mas é preciso estabelecer o melhor relacionamento possível dentro desse contexto de restrições”, avalia Selma Monteiro, orientadora de ensino da Escola de Formação de Educadores da rede pública municipal de São José dos Campos (SP).

Na retomada das aulas presenciais em 2021, a pedagoga Ana Paula Lima Poleti, que integra a equipe da CMEITI Silvanete da Silva Rosa Rocha, instituição de ensino integral localizada em Vitória (ES), lembra que as crianças ficaram um pouco assustadas na recepção ao ver os educadores de máscaras, mas que a sensação passou após alguns dias. Na decoração, os balões que enfeitavam alguns espaços foram preenchidos com gás hélio para ficarem no alto e evitar o contato e o toque.  Antes de voltarem a frequentar a instituição, as famílias foram instruídas, pelas redes sociais, telefone e Whatsapp, sobre os protocolos sanitários e cuidados que seriam adotados. “As crianças se adaptaram bem ao uso das máscaras e demais protocolos, até nos surpreenderam”, conta. Por isso, a expectativa é de que o mesmo ocorra este ano. 

Com o distanciamento sendo respeitado, os educadores da instituição buscam se conectar às crianças de outras formas: “Estamos muito atentos a elas, buscando sempre o contato olho no olho. Já pelo bom dia podemos perceber se a criança está bem ou não. Esse olhar sensível também é estendido à família, do primeiro ao último dia dela na escola”, afirma Ana Paula.

A construção da confiança 

Depois de tanto tempo em casa com as crianças, além da segurança sanitária, as famílias precisam que a escola, mais do que nunca, transmita confiança: “Antes da pandemia, os pais forneciam os dados de alimentação, saúde, e outras informações sobre as crianças para garantir o cuidado da escola aos filhos”, conta Selma. “Hoje, eles desejam mais que isso – que os filhos sejam acolhidos com afeto. Ou seja, pesa mais esse aspecto emocional”, afirma.

Essa certeza é uma ferramenta poderosa para que as famílias voltem a compreender a relevância da Educação Infantil na vida dos filhos. Nos últimos dois anos, Selma avalia que a pandemia interferiu na Educação Infantil de maneiras diferentes. Com a abertura gradual a partir de 2021, os berçários voltaram a ser ocupados de forma mais intensa por representarem um apoio importante para as famílias com pais que trabalham fora ou dentro de casa. Também o último ano da etapa, aquele com crianças de cinco anos, voltou a registrar a presença, até pela obrigatoriedade de matrícula prevista em lei. 

Mas Selma alerta para a menor frequência presencial, na sua percepção, das crianças entre 2 e 4 anos. “São crianças mais autônomas e que, durante a pandemia, foram cuidadas por parentes ou colocadas em locais de recreação. Apesar da retomada das aulas em 2021, as famílias flexibilizam a ida à escola”, comenta a orientadora de ensino. “Então, teremos um trabalho árduo para reverter essa percepção de que a escola pode ser substituída, e conscientizar para a valorização dessa etapa de ensino”, analisa. 

Para ajudar no processo inicial, Selma sugere atividades, de acordo com as faixas etárias, que permitam a expressão e a ambientação das crianças com a escola. Confira:

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Atividade para a recepção das crianças na escola

Confira sugestões para todas as faixas etárias


Indicado para: bebês 

Material: Cesto ou caixa, imagens diversas (pessoas, objetos, animais etc)

Espaço: Sala de referência


PASSO A PASSO

Mesmo antes de aprenderem a sentar ou rolar, os bebês já são capazes de observar as sutilezas do mundo ao redor. A proposta aqui é estimulá-los a se expressarem.

1. Selecione o material: Para que fiquem mais firmes e possam ser mais facilmente manipuladas, cole as imagens selecionadas em um papel grosso. Separe uma caixa ou cesto, coloque as imagens dentro e leve-a para o centro da sala de referência. 

2. Convide os bebês a se aproximarem: Se a turma for composta por bebês que já engatinham ou andam, incentive-os a se deslocarem até o espaço onde a cesta foi colocada. Com os bebês menores, sente-se no chão e os convide a ficarem ao seu redor. Garanta a segurança de todos, apoiando as costas dos bebês que precisarem, por exemplo.

3. Estimule a exploração livre: Deixe que os bebês explorarem livremente as imagens e observe suas reações: se balbuciam, se apontam para alguma específica, se algum deles observa uma foto mais atentamente etc. 

4. Incentive o diálogo: Pegue uma foto por vez e mostre-as aos bebês, encorajando o envolvimento e o diálogo com eles durante a exploração: "Vejam só! Nesta foto temos um outro bebê!  Ele está no colo! Olhem! Aqui temos um peixe! Como ele é colorido!" 

5. Desdobramento: Ofereça o cesto com as imagens em outros momentos da jornada, ampliando as oportunidades de brincadeira, interação, diálogo e aprendizagem.

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Indicado para: crianças bem pequenas  

Material: Materiais não estruturados, como caixas, potes, pedaços de madeiras ou MDF, pratos ou copos plásticos de diferentes tamanhos e diâmetros, rolos, tubos ou pedaços de papelão em tamanhos diversos.

Espaço: Sala de referência


PASSO A PASSO

Toda criança gosta de empilhar e construir usando objetos do cotidiano. Esse brincar permite que conheçam como tais objetos funcionam, que percebam as relações de tamanho, peso, estrutura e equilíbrio dos materiais, entre outras experiências. 

Com materiais não estruturados, como caixas, potes, pedaços de madeiras ou MDF, pratos ou copos plásticos de diferentes tamanhos e diâmetros, rolos, tubos, pedaços de papelão em tamanhos diversos, o educador poderá oferecer ricas oportunidades de pesquisa para suas crianças.

1. Selecione o material: Escolha os materiais e coloque-os no centro da sala de referência. 

2. Estimule a exploração livre: Deixe que as crianças brinquem livremente, tentando sobrepor um objeto ao outro, equilibrá-los e montar suas construções.

3. Observe: Durante as explorações, estimule as crianças a tentarem descobrir se algum material é mais difícil para equilibrar, se é necessário mudar a construção que está sendo feita para manter o equilíbrio etc.

4. Mude de cenário: Leve os materiais para outros ambientes da escola e, assim, amplie o olhar investigador das crianças.

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Indicado para: crianças pequenas  

Material: Materiais não estruturados, como caixas, potes, pedaços de madeiras ou MDF, pratos ou copos plásticos de diferentes tamanhos e diâmetros, rolos, tubos ou pedaços de papelão em tamanhos diversos.

Espaço: Sala de referência


PASSO A PASSO

Que tal desafiarmos as crianças a vencer obstáculos? Convide-as para colaborar com suas ideias para a organização de um circuito onde ela possa brincar de pular, rolar e correr, usando objetos que estiverem disponíveis na escola. 

1. Convide as crianças a escolherem os materiais: Proponha que recolham objetos como almofadas para fazer uma ponte para pular, corda para passar por baixo, um tapete ou colchonete para rolar etc. Auxilie as crianças, se for preciso, a observar aspectos de segurança na escolha dos materiais. 

2. Crie o circuito - Com as ideias e os materiais sugeridos pelas crianças, organizem juntos um percurso, colocando uma distância entre um desafio e outro.

3. Hora de brincar! Combine que a largada para a brincadeira acontecerá após a contagem regressiva. Faça com eles a contagem: “Vamos lá! Vai começar o circuito! Preparem-se! 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1... JÁ! “

4. Desdobramento: Em outro momento da semana, proponha fazer uma competição montando outros dois novos circuitos. Vence a equipe que concluir primeiro seu desafio.

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