Alfabetização

Passo a passo: como utilizar as marchinhas para animar a aula

Descubra a potencialidade de canções tradicionais carnavalescas para variar o repertório das atividades com textos memorizados

Colagem digital de alunos cantando marchinhas de carnaval.
Ilustração: Laissa Moreira/NOVA ESCOLA

Marcadas pelo ritmo cadenciado, letras de canções baseadas na repetição e muitas vezes dotadas de humor e ironia, as marchinhas de Carnaval podem não ser tão populares entre as crianças dos dias de hoje como eram dos pequenos de antigamente. Mas esses versos ainda têm seu lugar nas festividades, principalmente nas comemorações de rua, e podem ser usados como pano de fundo para atividades de alfabetização que se baseiam em textos memorizados.

De acordo com Fátima Fonseca, coordenadora pedagógica da Comunidade Educativa CEDAC e docente de cursos da CEDAC Virtual, esses textos estão entre os objetos de trabalho que mais favorecem o processo de alfabetização e devem ser usados de forma permanente. Dentre eles, estão, além das marchinhas de Carnaval, as cantigas, as parlendas, as quadrinhas, algumas poesias e as brincadeiras com música. O mix não só pode como deve enriquecer o trabalho ao longo do ano.

“O texto que se sabe de memória possibilita ao sujeito que ainda não lê convencionalmente se colocar em uma posição de leitor justamente porque o aprendiz sabe o que está escrito, já que tem o texto oral memorizado, e pode lê-lo, na medida dos seus conhecimentos”, explica. Afinal, ler é dar sentido a algo que está escrito e o texto de memória garante sentido para quem está aprendendo a fazer a relação entre o oral e o escrito, fundamental para se alfabetizar.

Fátima ressalta ainda que o objetivo de usar esse material é permitir que o aluno se coloque diante de um texto para ajustar os conhecimentos que já tem da língua escrita - e não para adivinhar as palavras ou simplesmente memorizar uma música. “O texto de memória é muito precioso para a  alfabetização, pois favorece a reflexão sobre o sistema de escrita por meio de um texto que faz parte do contexto sociocultural real. O conhecimento que a criança coloca em jogo nessa atividade favorece que ela entenda que o texto pronunciado por ela está ali representado pela escrita, no papel”, completa. A seguir, acompanhe os detalhes da proposta de trabalho com marchinhas sugerida por Fátima.

divisória de atividade

Atividade: coloque a turma para cantar marchinhas

Além de animar as crianças, trabalho colabora com a alfabetização


Indicado para: 1º e 2º anos

Na BNCC: EF01LP08, EF01LP09, EF01LP18, EF01HI02 e EF02HI04


PASSO A PASSO

1. Escolha o repertório. Seleciona uma marchinha de Carnaval que seja conhecida oralmente pelas crianças da turma. Por exemplo, a marchinha Mamãe, eu quero. Imprima o texto e compartilhe com os alunos.

2. Prepare as crianças. Apresente a música para o grupo e, se possível, envie a letra para a casa de cada um, a fim de que as crianças tenham oportunidade de se familiarizar com o texto oral mais e melhor.

3. Retome a marchinha. Em aula, apresente a marchinha novamente e peça que as crianças acompanhem a letra da primeira estrofe com o dedo, possibilitando que elas façam o ajuste entre o oral e o escrito, com base em seus conhecimentos.

4. Explique a atividade. Conte para a turma que, em determinado momento, você vai parar a música e pedir que algumas crianças mostrem a palavra em que a música foi interrompida.

5. Estimule as crianças a relacionarem texto oral e escrito. Faça perguntas que ajudem as crianças a realizarem a relação entre texto oral e escrito, sem forçá-la a dar uma resposta correta. Por exemplo, ao parar na palavra Mamãe, o aluno, considerando seus conhecimentos sobre a escrita, pode ser convidado a indicar onde começa e onde termina a palavra, a identificar as letras inicial e final dessa palavra. Para os alunos com conhecimentos mais avançados, você pode pedir para ler a palavra mostrando com o dedo cada pedaço da palavra em que parou.

6. Monte duplas e coloque-as para escreverem. Agora é hora de propor atividades de escrita e montar duplas produtivas com alunos de diferentes hipóteses de escrita para ajudá-los a avançar. Por exemplo, um aluno pré-silábico pode cantar a letra ditando cada palavra para que o colega com conhecimento silábico ou silábico-alfabético faça o registro escrito. Acompanhe o trabalho das duplas para recolher impressões que poderão embasar outras atividades para prosseguir com o trabalho focado em alfabetização.


3 recomendações importantes

Para garantir qualidade ao trabalho, é essencial cuidar de alguns aspectos. Confira as dicas de Fátima Fonseca, da Comunidade Educativa CEDAC: 

- As atividades com texto de memória devem ser vistas como um trabalho permanente com as crianças que estão em processo de alfabetização, fazendo parte das atividades de sala, no mínimo, três vezes por semana.

- Ao selecionar uma marchinha para explorar com as crianças, observe aspectos como repetição intencional de palavras, ritmo cadenciado e extensão da letra, para que seja adequada ao momento de cada turma.

-  As crianças podem ouvir marchinhas em diferentes contextos sociais. O diferencial de apresentá-las na escola está na intencionalidade didática.

BAIXE A LETRA DA MARCHINHA

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