"O professor precisa ser um jogador também", diz especialista
O especialista Fernando Barnabé explica estratégias para melhor uso dos jogos – analógicos e digitais em sala – e sobre a importância dos docentes de se familiarizarem com jogos
Parte do Time de Autores dos planos de aula NOVA ESCOLA, Fernando Barnabé é diretor da rede Trilhas do Saber e da Edu.co Ensino Consultoria. Foi professor do curso Jogos Matemáticos para o Ensino Fundamental I, disponível na plataforma de cursos de NOVA ESCOLA. Veja, abaixo, uma entrevista com o especialista sobre o uso de jogos na aula de Matemática.
NOVA ESCOLA BOX: Quais são as maiores vantagens do uso de jogos nas aulas de Matemática?
FERNANDO BARNABÉ: Esse recurso permite alunos que aprendem de jeitos diferentes. Em uma aula expositiva, você não vai ter a eficácia de atingir um estudante que aprenda muito melhor com o movimento, por exemplo. Com os jogos, é possível ampliar esse leque de ações, porque envolve recursos visuais, auditivos, exige ações dos alunos e assim por diante.
Como escolher o melhor jogo?
Se pensarmos em jogos para promover a aprendizagem e não apenas por diversão, a escolha do jogo tem de estar alinhada com o planejamento do professor. Não adianta eu descobrir um recurso que parece muito bom ou divertido se ele não tiver nada a ver com o que eu estou trabalhando em aula. E essa relação precisa estar explícita, não pode ser superficial, se não se perde a função pedagógica.
Ao que prestar atenção no planejamento do uso de jogo?
A etapa mais importante do planejamento do uso do jogo é o próprio professor jogá-lo. Nesse momento, ele deve pensar nas possibilidades de problematização existentes, analisar jogadas hipotéticas e antecipar questionamentos e dificuldades possíveis. Ele não pode deixar de ver também as situações de erro possíveis, e com base nessa jogada errada ele ver quais são as dificuldades levantadas.
É importante que o professor seja um jogador também?
Há uma situação clássica, que é a de coordenadores ou diretores reclamarem da "bagunça" nas salas. Sempre dizemos que a possível desorganização em excesso melhora quando eles se acostumam a jogar. O professor também precisa se acostumar a jogar. Vale realizar jogos de lazer com as turmas, mas também que o professor possa jogar em seus momentos de relaxamento. Assim, amplia-se o repertório de jogos e o professor pode criar ou adaptar seus próprios jogos. E até os alunos também podem enfrentar o desafio de modificar regras, adaptá-las ou criar novos jogos para a aprendizagem dos conteúdos, o que dá resultados muito interessantes.
Como conciliar a realização de jogos com o cumprimento do currículo?
Uma coisa que a gente ouve muito dos professores, principalmente quando vai trabalhar com formação, é justamente que não dá tempo, que não tem como fazer porque precisa dar conta do conteúdo. A questão é que no trabalho com o jogo a gente também desenvolve habilidades. O jogo não é algo a mais, é uma estratégia de aprendizagem dos alunos e cumpre o mesmo papel que outros recursos que usamos no planejamento. Eu posso substituir uma lista de exercícios, que é uma prática repetitiva e que não leva a aprofundamentos, por um momento de jogo, que produz uma aprendizagem muito mais significativa.
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