2 ideias para planejar sequências didáticas sobre contos
A especialista Maria José Nóbrega preparou sugestões que servem de ponto de partida para trabalhar o gênero, do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental
Depois de conhecer as características do conto e entender como classificar cada um dos textos que você recebeu nesta caixa segundo as possibilidades de leitura da sua turma, é hora de pensar em como levar esse gênero para a sala. Sem a pretensão de oferecer planos de aula ou sequências didáticas completas, Maria José Nóbrega, formadora do Instituto Vera Cruz, em São Paulo, preparou duas sugestões que abrem um mundo de possibilidades para você, professor, criar seu planejamento e adequá-lo às necessidades da sua turma - seja ela do 1º ou do 9º ano do Ensino Fundamental.
Elas podem ser colocadas em prática a partir dos 14 contos oferecidos por NOVA ESCOLA ou de outros, à sua escolha. Veja as propostas:
1. Foco na oralização para leitura dramática ou produção de audiolivros (ou “audiocontos”)
- Organize a turma em grupos e peça para que cada grupo escolha um conto diferente para a realização de uma leitura dramática do texto. A partir daí, você pode adotar duas propostas: ou a apresentação da leitura aos colegas ou a produção de um audiolivro com os contos selecionados para presentear a biblioteca da escola.
- Caso os estudantes nunca tenham participado de uma leitura dramática ou não tenham familiaridade com os audiolivros, convide-os a conhecerem alguns exemplos. Você também pode buscar informações sobre como trabalhar leitura dramática neste vídeo produzido por NOVA ESCOLA em 2013:
- Proponha que os alunos, previamente, façam a leitura silenciosa do texto de modo a compreendê-lo.
- Peça para que que, já organizados em grupos, os estudantes realizem um círculo de leitura de modo a compartilhar os sentidos e negociar as interpretações. Nessa situação didática, são os próprios alunos que assumem o papel de mediadores de sentidos dos textos.
ATENÇÃO: Uma boa leitura em voz alta não ocorre apenas com a decodificação perfeita dos sinais gráficos, nem com a fluência e agilidade para respeitar as unidades sintáticas do texto. Sem uma compreensão profunda do texto não há como ler expressivamente. Para que a leitura seja expressiva, é importante que os estudantes criem uma espécie de partitura para sinalizar como variar os elementos prosódicos, como a entonação (velocidade, altura e volume), a ênfase (realce a palavras ou expressões) e o ritmo (alternância de tempos fortes e fracos).
2. Foco na descoberta das regularidades que caracterizam o “conto moderno”
- Proponha aos alunos a leitura de diferentes contos e, depois, uma roda de conversa sobre as narrativas selecionadas.
- Tanto para nortear a conversa quanto as outras etapas da sequência, é interessante conduzir a investigação pela seguinte ordem:
1º Conteúdo temático: aqui, valem questões sobre a estrutura narrativa dos contos e do tema pretendido: aventura, enigma, suspense, terror etc.
2º Estrutura composicional: aprofunde-se com os estudantes na forma de composição dos exemplares de textos do gênero “conto”. Quais são as situações iniciais e os desfechos de cada um deles? Que recursos são usados para sinalizar a sequência de ações praticadas pelas personagens?
3º Estilo: por fim, leve a turma a investigar quais são os recursos linguístico-discursivos mais comuns ao gênero em estudo, qual o vocabulário preferencial, quais os tempos verbais mais empregados, os verbos dicendi ou de elocução, os usos do discurso direto e indireto etc.
ATENÇÃO: Em cada campo de atuação descrito pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), no caso o artístico-literário, os textos se materializam de acordo com algum gênero textual. Os gêneros funcionam, assim, como uma espécie de fôrma para ajustar aquilo que temos a dizer ou como uma ferramenta para compreender o que os outros têm a nos dizer. Os gêneros se caracterizam:
- Pelo conteúdo temático: O que pode ser dito nos textos do gênero?
- Por estruturas composicionais específicas: Como se organizam começo, meio e fim?
- Por marcas expressivas e estilísticas regulares: Quais recursos linguísticos – lexicais, fraseológicos e gramaticais – estão disponíveis?
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