PARA PLANEJAR O RETORNO

VÍDEO - Entradas e saídas: muito além da medição da temperatura

Saiba como algumas creches estão organizando os cuidados e o acolhimento das crianças e famílias na hora da chegada e da despedida

Uma reunião calorosa entre famílias, crianças, professores e funcionários, em que mochilas e brincadeiras se misturam a saudações e despedidas. Nos horários de entrada e saída, o portão de uma creche ou de uma escola costuma representar muito bem a interação entre todos aqueles que contribuem para o desenvolvimento da Educação Infantil. É onde a escola e a sociedade se encontram diariamente. 

Infelizmente, a tendência é que essa aglomeração tão típica só volte a ocorrer após a chegada de uma vacina eficaz contra a covid-19. Embora grande parte das escolas não saiba ainda a data do retorno — as redes de ensino têm dado prioridade aos alunos de outras etapas neste momento —, muitas delas já começaram a planejar seus espaços para receber as crianças e famílias no futuro. 

No caso das entradas e saídas, o cuidado para que não haja aglomerações tem sido uma das principais preocupações das redes e escolas. Em São Paulo (SP), a Creche Baroneza de Limeira construiu um plano de retomada para as atividades presenciais com especial atenção às medidas de saúde e de monitoramento das crianças. Com base em protocolos sugeridos pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, a instituição organizou um plano para receber e se despedir diariamente das mais de 700 crianças que atende.

Com ampla estrutura, a creche conta em sua equipe com a enfermeira Carmen dos Santos, que tem organizado os cuidados para as entradas e saídas. Entre as prioridades, estão a medição da temperatura de todas as crianças e a higienização dos calçados por meio de um tapete sanitizante, que armazena, como uma esponja,  uma solução de água sanitária que desinfeta as solas dos sapatos. No portão de entrada, haverá dois dispensers de álcool em gel para a higienização das mãos (veja outros cuidados que estão sendo adotados pela Baroneza de Limeira no vídeo acima)

Nem toda creche possui o tamanho da Baroneza de Limeira. Também parceiro da Rede Municipal de São Paulo, o CEI Semeando o Futuro acolhe 68 crianças e bebês e possui uma estrutura física menor. Embora ambas busquem seguir de forma rigorosa os protocolos sanitários, as diferenças de tamanho têm impacto nas escolhas a serem feitas para a volta. 

A diretora Caroline Milaré Campion afirma que a primeira preocupação da Semeando o Futuro foi a construção de um lavabo infantil e de adulto para garantir a higienização de todos nas entradas e saídas. A creche vai adotar, assim como a Baroneza, uma entrada escalonada, que deverá priorizar em um primeiro momento as turmas mais velhas. “Estamos pensando em fazer uma entrada flexível, das 7 às 9 horas, em que a cada meia hora chegue um grupo de cinco ou seis crianças”, explica Caroline. Além do cuidado com a temperatura, a diretora afirma que haverá também a medição do nível de oxigenação das crianças por meio de oxímetros de pulso. “Nem sempre é fácil saber quando um pequeno está com problemas de respiração”, comenta Caroline. 

Diálogo com a comunidade

Em municípios menores, uma das palavras-chave para saber como agir diante dos protocolos e cuidados com as entradas e saídas é o trabalho entre vários setores da sociedade. Com menos de 5 mil habitantes, o município de Lagoinha (SP) conta apenas com uma escola pública de Educação Infantil, a EMEI Arco-Íris.  Para pensar em um futuro retorno, a instituição possui um comitê que envolve professores, funcionários, a Secretaria Municipal de Educação, além de profissionais da Saúde e de Segurança Pública. Além da medição de temperatura, haverá uma sala específica para os pequenos que apresentem algum sintoma de covid-19 e demarcações para os pais e responsáveis aguardarem os pequenos do lado de fora, explica a coordenadora pedagógica Claudiane Araújo:  “Antes, os familiares levavam e pegavam as crianças na porta da sala, o que gerava um fluxo muito grande”.

A rede municipal de Jacareí (SP) também está preocupada com a circulação das crianças no transporte público. Marta Amorim, diretora do departamento técnico-pedagógico da Secretaria de Educação da cidade,  está atuando junto às autoridades de transporte público para que os protocolos também sejam respeitados em ônibus da cidade, por exemplo. “Não vai adiantar nada adotarmos protocolos rigorosos se eles não forem seguidos na locomoção das crianças.”

Em meio a tanta preocupação com a saúde das crianças, é importante não deixar de lado o afeto e o acolhimento. Ceila Pastório, diretora pedagógica da Baroneza de Limeira,  pretende apostar em novos gestos e cumprimentos e recomenda receber as crianças com músicas e com frases calorosas escritas em lousas espalhadas pela entrada. Em uma delas, uma mensagem se destaca em tempos de incerteza: “Agora é tempo de cuidar de si e do outro”.

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