PARA PLANEJAR O RETORNO

VÍDEO - Salas: materiais individuais e brincadeiras com distanciamento

Em futura reabertura, é importante apostar em brinquedos fáceis de ser higienizados e atividades com menos contato físico

Na hora de planejar o retorno das atividades presenciais - que não se sabe ainda quando ocorrerá -, o tamanho do espaço físico das creches será fator preponderante na hora de definir como serão organizados os agrupamentos de crianças. Se a escola possui 5 ou 50 salas, se atende a dezenas ou centenas de crianças, se o espaço externo é modesto ou amplo, tudo isso terá impacto no planejamento. Apesar das diferenças a serem consideradas, há alguns cuidados que toda instituição pode ter: focar em materiais e brinquedos individuais para evitar o compartilhamento pode ser um bom caminho, além de garantir a limpeza e a boa ventilação das salas

A Creche Baroneza de Limeira, em São Paulo (SP) está trabalhando com a hipótese de retorno de 35% das crianças em um primeiro momento, como sugere o plano de retomada da Secretaria Estadual de São Paulo (a rede municipal, à qual está ligada a escola como creche conveniada, ainda não definiu quando e como fará essa volta). No caso da Baroneza, seriam 249 crianças. Neste momento, o plano  é formar grupos de 10 crianças, divididos em 25 salas, cada uma sob a responsabilidade de uma professora e dois auxiliares. 

Em meio a tantas incertezas sobre data e o modelo do retorno na Educação Infantil, pode ser mais interessante planejar que tipo de brinquedos, atividades e interações serão priorizados em sala. Na Baroneza de Limeira, haverá preferências por materiais mais individualizados, como papéis, lápis e canetinhas reservados para cada aluno, e brinquedos mais fáceis de serem lavados e desinfetados. Cada sala será higienizada duas vezes por dia, com atenção especial aos mobiliários, brinquedos, puxadores, interruptores e corrimãos. E em cada uma delas haverá um kit básico de limpeza com pano multiuso, álcool em gel e álcool 70%.

As interações entre as crianças vão ocorrer, mas em atividades que garantam o menor contato físico possível entre elas, explica a coordenadora pedagógica Valdirene Lopes. "Podemos estimular brincadeiras como amarelinha, pular corda, mímica, jogo de estátuas." (veja outras dicas da creche no vídeo acima)

Muitas redes têm aconselhado que se priorizem atividades ao ar livre em um futuro retorno, até para oferecer um ambiente mais arejado — e por isso, mais seguro — para as crianças. Mas nem todas as creches têm a estrutura da Baroneza de Limeira para adaptar as atividades geralmente feitas em sala para a área externa. 

É o caso do CEI Semeando o Futuro, também na capital paulista. Com área externa limitada, que será destinada principalmente para refeições e explorações individuais das crianças, a creche precisará buscar soluções de organização nas poucas salas que possui. Caroline Milaré Campion, diretora da creche, pretende organizar grupos de cinco crianças divididos em quatro das cinco salas da creche.  Nelas, as crianças vão brincar, dormir e até se alimentar, quando o clima não for adequado para fazer as refeições do lado de fora. 

Uma das preocupações dos educadores é sobre o fluxo de pais e responsáveis nas salas. Caroline comenta que, em algumas entregas sociais que a Semeando o Futuro organizou, havia desconhecimento sobre protocolos e o uso incorreto de máscaras contra a covid-19. “Presenteamos as famílias com um kit de máscaras, mas percebemos que alguns usavam no pescoço, outros com o nariz para fora...” Por esse motivo, a escola tem feito uma campanha de conscientização com a equipe e os responsáveis sobre como usar a proteção de forma adequada. “Na volta, o uso correto da máscara pelos adultos não pode ser uma preocupação, pois precisamos estar atentos às crianças.”

A EMEI Arco-Íris, em Jacareí (SP), também vai buscar diminuir o acesso dos pais e responsáveis às nove salas que possui, além de reservar uma atenção especial à circulação das crianças entre os espaços da creche. A Baroneza de Limeira seguirá a mesma orientação: vai limitar as entradas dos familiares nas salas apenas em caso de necessidade e pedirá que eles sejam breves e objetivos ao interagirem com os pequenos. 

Um dos parceiros nesses cuidados com a sala podem ser as próprias crianças. A Baroneza de Limeira tem conversado de forma remota com os pequenos sobre o que eles já sabem a respeito da necessidade de distanciamento e de evitar o compartilhamento de objetos. “As crianças já trazem muito essa ideia de que não pode trocar e pegar o brinquedo do amigo. É algo que elas já estão construindo em si”, comenta Valdirene. “Elas vão ajudar muito a gente a orientar os próprios coleguinhas.

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