Para aprender com a prática

BNCC: 2 PPPs alinhados às competências gerais da BNCC

Conheça dois exemplos comentados do documento e baixe um modelo que pode ser adaptado ao contexto de sua escola e preenchido pelo gestor

Ilustração abstrata de pessoas anotando e revisando folhas de caderno.
Ilustração: Estúdio Kiwi/NOVA ESCOLA

Com as mudanças nos currículos desencadeadas pela chegada da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em 2017,  o projeto político-pedagógico (PPP) passou a ter mais um referencial. Para que a escola se adapte ao que a Base prevê, o documento precisa dialogar de maneira especial com as competências gerais, que constam na introdução do texto.

Para apoiar você, gestor, no trabalho de conduzir a escrita do PPP, convidamos dois gestores de escolas públicas para selecionarem trechos dos projetos político-pedagógicos das suas próprias escolas que ajudem a entender como a BNCC pode aparecer no documento. Confira:


1. O PPP da EMEF Profª. Adolfina J. M. Diefenthäler

Para entender como o PPP da escola se traduz na prática pedagógica da escola, a coordenadora pedagógica na EMEF Profª. Adolfina J. M. Diefenthäler, Joice Lamb, comenta alguns pontos que considera fundamentais no projeto político-pedagógico da unidade escolar, localizada em Novo Hamburgo (RS) e responsável por atender crianças e jovens da Educação Infantil ao último ano do Ensino Fundamental. 

Para começar, Joice destaca o trecho do documento que expressa a filosofia da escola: 

A escola, inserida em um contexto local e universal, entende a Educação como um processo permanente de desenvolvimento e aprendizagem, em que o sujeito interage para a construção de conhecimentos e saberes. Por isso, busca a formação de um ser humano autônomo, transformador da realidade, comprometido com o seu desenvolvimento e o da coletividade, através do aprender a aprender, a conviver, a ser, a pensar e agir com consciência crítica.

“Nossa filosofia é curta, mas consegue dar conta de definir o que entendemos por Educação e qual pessoa queremos ajudar a formar. Durante todo o texto, vamos explicando e reafirmando as proposições desta filosofia”, ressalta a educadora. Nos outros trechos é possível ver que se repetem termos, tais como autonomia, comprometimento e coletividade – conceitos também expressos nas competências gerais da BNCC. 

Além da Base, outros documentos como o Referencial Curricular Gaúcho (RCG) e os cadernos orientadores da Secretaria Municipal de Educação ajudam a nortear o currículo da escola, organizado também a partir das necessidades dos alunos, inferidas com a ajuda de avaliações e discussões de planejamento. Para articular tais conhecimentos na prática, a escola realiza projetos como o #ForaDaCaixa – que estimula a partilha da aprendizagem e a convivência – e a Feira de Iniciação Científica Adolfina. 

De acordo com Joice, é possível perceber que o currículo da escola busca garantir a individualidade dos alunos e a forma de aprender de cada um. 

“Os dois projetos citados atingem todos os segmentos da escola e pretendem unir a comunidade em torno dos objetivos comuns que são esclarecidos na filosofia. Ao optar por projetos institucionais, a escola aposta novamente no coletivo, compreendendo que não se atingem objetivos tão grandiosos apenas na sala de aula”, diz Joice.

Vale lembrar que as competências gerais não são possíveis de ser desenvolvidas só com aula, palestra, vídeo ou leituras. “Também não é possível avaliar se elas foram atingidas com provas. Por isso, entendemos que são necessários projetos coletivos que levem os estudantes e os professores a exercitar essas habilidades no dia a dia”, justifica.

Para conhecer o PPP da escola na íntegra, baixe os arquivos nos botões abaixo.

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2. O PPP da EMEF Prof. Antonio Duarte de Almeida 

Conhecimento, Pensamento Científico, Crítico e Criativo e Cultura Digital são três das Competências Gerais da BNCC presentes no documento da escola, localizada em São Paulo (SP). O diretor José Silveira apresenta trechos de projetos que constam no PPP de sua escola.

A íntegra no PPP pode ser vista abaixo.

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José Silveira conta que a escola rompeu com a estrutura tradicional – como aulas de 45 minutos para os alunos do Fundamental 2. “Partimos do entendimento de que aquela fragmentação não cria vínculo entre professor e aluno e, com isso, não há envolvimento no processo de ensino-aprendizagem”, justifica o educador. A escolha está explícita no texto do PPP, inclusive com citações e fundamentação teórica:

Assim sendo, decidiu-se organizar o ensino-aprendizagem na EMEF PROF. ANTÔNIO DUARTE DE ALMEIDA, por PROJETOS, uma vez que “os projetos de trabalho são uma resposta – nem perfeita nem definitiva ou única – para a evolução que o professorado [...] lhe permite refletir sobre sua própria prática e melhorá-la” (HERNÁNDEZ; VENTURA, 1998, p. 63). Para isso, foi estabelecida a organização das disciplinas que compõem o currículo obrigatório, no CICLO INTERDISCIPLINAR e AUTORAL, por áreas do conhecimento.

Diante do diagnóstico de que as aulas fragmentadas não estavam dando conta do recado, optou-se por trabalhar em  áreas do conhecimento: Exatas e Ciências, Humanas, Linguagem, Integradora e de Mídia e Educação. 

“As áreas trabalham em conjunto e ficam com determinado grupo de alunos por 25 dias. Não partimos mais da ideia de chegar na sala, fazer uma atividade e mudar de aula. Há tempo suficiente para criar, produzir, desenvolver, discutir e aprender”, explica José.

Ao reorganizar espaços e tempos, o objetivo foi fomentar que professor e alunos, de fato, sejam sujeitos do processo educativo. Segundo o documento:

Acredita-se que dessa forma os professores conseguem desenvolver melhor o ensino do que foi planejado, haja vista que eles já não estão mais preocupados em dar conta dos conteúdos das disciplinas que giram em torno das aulas de 45 minutos, mas sim, na busca de promover aprendizagens aos sujeitos de maneira ampla, sem estar preocupado com a fragmentação do tempo de aulas controladas por um sinal sonoro. Até porque, a nosso ver, hoje está claro que todo sujeito aprende, e aprende a todo momento e de forma individual e coletiva.

O PPP traz mais dois pontos importantes, denominados pedagogia ativa e letramento midiático. No primeiro caso, a ideia é incentivar a aprendizagem colaborativa e a postura de pesquisa e investigação por parte dos estudantes. “Organizamos o tempo e o espaço não para o professor passar 5 horas escrevendo na lousa. Pensamos em trabalhar com um projeto no qual toda atividade tem uma intencionalidade pedagógica. O projeto dá sentido para conteúdos que serão desenvolvidos e aprendidos”, conta o gestor. A ideia é retirar o aluno do lugar de inação para uma possibilidade ativa de investigação, criação e produção. No PPP:

Nesse sentido, as atividades a serem organizadas e desenvolvidas devem favorecer as aprendizagens significativas, ou seja, que consigam estabelecer um diálogo entre os conteúdos universalmente construídos, àqueles que a comunidade escolar possui e os que resultarão desse encontro, nessa perspectiva os conteúdos serão organizados em três grupos: conceituais, atitudinais e procedimentais.


Modelo para orientar a elaboração do PPP

Gostou dos exemplos de PPP? No botão abaixo você encontra um modelo para elaborar ou revisar o projeto político-pedagógico de sua escola. Faça o download e compartilhe com outros colegas gestores:

BAIXE O MODELO DE PPP

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