Instrumento para baixar: avalie como sua escola está promovendo a equidade racial
Desenhar um quadro com indicadores de proficiência relacionados ao tema e avaliar aspectos do cotidiano, como o clima entre professores e estudantes, a adequação do currículo e a oferta de material didático, ajudam a avançar e a rever o plano de ações
“Não é para julgar, é para refletir.” É assim que Fabiana Régis de Oliveira Souza, vice-diretora da Escola Municipal Professor Hilton Rocha, em Belo Horizonte, descreve os questionamentos que faz aos professores. “Como queremos promover uma Educação antirracista se quando coloco um convite para participarem do núcleo de estudos, nenhum professor se candidata?” Foi a provocação feita há alguns anos, o que colaborou para engrossar a representatividade da escola no grupo de estudos para educação étnico-racial oferecido pela secretaria de educação do município.
Olhar para as próprias fragilidades e onde ainda é preciso avançar deve ser uma prática constante da equipe gestora e para isso também serve a avaliação do clima escolar e das ações pedagógicas da escola, que deve ser feita pelo menos uma vez ao ano.
Desde o final de 2019, a Hilton Rocha constrói um novo currículo para acolher a diversidade. A pandemia abriu tempo para apurar discussões e vislumbrar novos caminhos. “O que entendemos por currículo não é mais conteúdo, mas sim formas de colocar o estudante no centro, como protagonista”, explica Fabiana, que diz ser preciso conhecer o estudante, o território e a realidade das famílias para elaborar uma proposta curricular significativa.
Durante as atividades remotas, os roteiros interdisciplinares enviados aos estudantes concretizaram na prática o que os professores estavam estudando. “Foi um grande passo na escola e agora nosso desafio é manter esse trabalho interdisciplinar, pois na volta ao presencial, cada professor tem anseio por defender a sua área de conhecimento”, diz a gestora.
O diálogo entre as disciplinas é um dos itens de proficiência desenhados pela especialista Rosa Margarida de Carvalho Rocha, especialista em Estudos Africanos e Afro-brasileiros, Mestre em Educação e consultora desse BOX. A ideia é que cada equipe gestora busque entender quais são suas metas e determine os indicadores de proficiência que servem para o seu contexto escolar. Se necessário, faça ajustes ou detalhe mais itens usando como base o quadro abaixo.
ALGUNS INDICADORES DE PROFICIÊNCIA PENSANDO A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA ESCOLA
- Ambiente escolar: Respeito às diferenças e espaço de livre expressão da diversidade.
- Estratégias pedagógicas: Vivências e experiências de forma lúdica, interativa e prazerosa.
- Temas, conteúdos e diálogos entre os componentes curriculares: Trato da temática e seus conteúdos históricos, geográficos, políticos, científicos, econômicos e culturais de forma transversal e interdisciplinar.
- Material didático: Variado e com iconografia e repertório imagético que informe e respeite a comunidade local.
- Construção de saberes: Conhecimentos promovidos em formação, informação e reformulação de conceitos e preconceitos.
- Identidade dos estudantes: Envolvimento, interesse nas atividades escolares, sensação de pertencimento racial e aumento da autoestima dos estudantes negros
- Diálogos com a realidade da comunidade escolar: Vários segmentos da comunidade envolvidos ativamente na realização do projeto
Tanto nesse conjunto de indicadores acima como no instrumento de avaliação que você poderá baixar a seguir, Rosa apontou as várias dimensões escolares e os quesitos que precisam ser observados em cada uma delas. São as estratégias e metas descritas no plano de ação da sua escola, no entanto, que devem determinar o que deve ou não ser avaliado. O modelo montado por Rosa é uma sugestão apenas, por isso cabe aos gestores verificar se os itens se adequam à sua realidade ou não.
A especialista chama a atenção para o fato de que uma avaliação deve ser feita de forma participativa para que sejam garantidas mudanças contínuas, constantes e significativas na escola. “Para avaliar o trabalho que realmente está sendo feito, é necessária uma revisão coletiva, pois também é um coletivo que organiza o plano de ação. Por isso devem ser propostas estratégias e formas diferenciadas de avaliação para cada público”, sugere Rosa Margarida.
Aqui vale usar a criatividade. Mesmo que se organize uma semana avaliativa, os estudantes do Ensino Fundamental, por exemplo, podem participar de assembleia com um júri simulado que coloca as questões na roda, as turmas do Ensino Médio respondem a um quizz, os pais e comunidade podem conhecer o trabalho com as questões étnico-raciais em um seminário de avaliação escolar. Os professores e gestores, inicialmente em pequenos grupos, observam os avanços e desafios da escola, depois fazem um encontro para uma reflexão conjunta. Hoje ficou mais fácil todos se reunirem virtualmente, responderem a questionários online ou até gravar pequenos vídeos com depoimentos para colaborar com a discussão.
Gostou das sugestões para encaminhar o processo avaliativo? No botão abaixo, você encontra um modelo para elaborar ou revisar a avaliação da promoção da equidade racial e da Educação para as relações étnico-raciais em sua escola.O arquivo para baixar está em formato Excel (para ser preenchido digitalmente).
O documento de avaliação está dividido em 8 abas, sendo uma para cada dimensão relacionada às relações étnico-raciais e uma última para trazer uma visão consolidada de todas elas. O gestor ou gestora deve marcar em cada um dos pontos presentes nas abas da planilha se o trabalho está consolidado (verde), em desenvolvimento (amarelo) ou ainda por fazer (vermelho) em suas escolas. Ao final, ele deve somar os pontos que foram classificados com a cor verde e amarela para saber o resultado, que deve ser avaliado da seguinte forma:
50 a 56 pontos: Siga em frente! Bom trabalho.
17 a 49 pontos: Atenção! Reorganize algumas ações.
0 de 16 pontos: Cuidado! Reinicie o trabalho!
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