PARA REVISAR A MISSÃO

Ensino remoto, cuidados socioemocionais, relação com as famílias: o que pode ser revisado no PPP

Confira uma lista de temas atuais que podem ser contemplados na hora de repensar o documento norteador de sua escola

Ilustração abstrata sobre os processos de ensino remoto. Bolhas de conexões pelos ares mostrando as ações de cada um dos personagens envolvidos no processo.
Ilustração: Estúdio Kiwi/NOVA ESCOLA

Para além da atualização de dados e informações burocráticas, o momento da revisão do projeto político-pedagógico (PPP) pode servir para a comunidade escolar refletir em conjunto sobre pontos fundamentais do fazer pedagógico, e renová-los de acordo com as mudanças que ocorreram, dentro e fora da instituição, desde a última revisão.

Confira quatro pontos essenciais para manter no radar na revisão do PPP de sua escola. 

Ensino remoto

As escolas e as redes de Educação aprenderam muito sobre o ensino remoto durante o ano de 2020. Essas modalidades podem aparecer descritas no PPP, sendo previstas em situações emergenciais e durante o período de transição para a reabertura das escolas, mas sempre tratando o ensino presencial como prioridade. “É importante que o PPP acolha tudo o que a escola descobriu com essas modalidades”, orienta Priscila Arce, diretora da EMEI Borba Gato, em São Paulo (SP) e especialista em gestão escolar. 

Mas também vale descrever a demanda do que faltou, do que não deu certo, e olhar para as práticas que foram exitosas durante o trabalho remoto e que podem continuar a ser aproveitadas ou adaptadas. Na experiência da escola que Priscila dirige, por exemplo, as reuniões virtuais permitiram maior participação das famílias, inclusive das crianças. Assim, estudam a possibilidade de manter esses encontros a distância como uma opção mesmo no retorno presencial.

Cuidados socioemocionais 

Ao longo da pandemia, crianças, professores e funcionários vivenciaram, cada um à sua maneira, uma série de perdas – de pessoas, liberdades, empregos e convivências. E essas dores precisam ser acolhidas. Assim, o PPP pode definir o que significam os cuidados socioemocionais para a escola e como podem ser realizados, levando-se em conta os diferentes agrupamentos e a variedade de linguagens disponíveis para expressão.

Mas, para além do período da pandemia, a postura de acolhimento da comunidade escolar precisa ser constante porque diz respeito a encarar e respeitar as pessoas em sua integralidade, e deve ir além de criar espaços para expressão dos sentimentos.

“É muito importante que a escola aprenda a ouvir e a considerar outros desejos e opiniões. Isso tem a ver com compreender quem é o outro e como as relações se estabelecem dentro da escola: são de poder ou são de igualdade?”, questiona Joice Lamb, coordenadora pedagógica na EMEF Professora Adolfina J. M. Diefenthäler, em Novo Hamburgo (RS) e consultora desta Caixa. 

A relação com as famílias

O trabalho pedagógico remoto exigiu, mais do que nunca, uma aproximação entre as famílias e a escola. Essa relação mais próxima é algo interessante de cultivar para que ela se fortaleça também ao longo deste ano e na volta ao presencial.

Para nortear como essa concepção pode aparecer no PPP, Joice Lamb recomenda, em primeiro lugar, debater o que significa a parceria entre a família e a escola. 

“Temos de aprender um jeito de nos aproximarmos da família para que ela seja nossa parceira, e não chegar de um lugar superior, apenas para dar direção de como o trabalho com as crianças deve ser feito”, comenta a coordenadora, que recomenda descrever no PPP o papel de cada um e priorizar o respeito à diversidade dessas famílias.

O PPP e a BNCC

Embora o PPP de muitas escolas já esteja alinhado à BNCC, sempre há espaço para aperfeiçoamento. Para Joice Lamb, é especialmente interessante olhar para as competências gerais (saiba mais aqui) e planejar ações, modos de conduta e projetos coletivos e permanentes que podem transformá-las em algo real para as crianças. 

“Ficamos dizendo, por exemplo, que queremos que as crianças sejam boas, que não briguem, sem oferecer oportunidades para que elas aprendam a conviver de fato. Então, essas competências quase sempre são hipotéticas. Mas para formar um cidadão são necessárias experiências reais”, reflete Joice.

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