Afeto virtual também pode ser bom
A distância não permite beijar e abraçar? Ensine que carinho pode ser transmitido com o olhar e a voz
Tempos de exceção exigem dose extra de criatividade. Agora é a hora de mostrar às crianças, muitas delas a esta altura já saudosas da professora, das auxiliares e dos amigos da classe, que todo aquele afeto recebido na escola – essencial para fortalecer a autoestima, desenvolver o pensamento e a cognição na primeira infância – pode continuar mesmo longe dela. Enquanto as instituições de ensino permanecem fechadas e os beijos e abraços proibidos por conta do risco de contaminação pelo coronavírus, como ser afetuoso sem o contato corporal?
O afeto pode ser demonstrado pelo tom de voz e pelos olhos, explica Damaris Gomes Maranhão, mestre em Enfermagem Pediátrica, doutora em Ciências da Saúde, consultora e formadora do Instituto Avisa Lá. No caso dos bebês, essa comunicação se dá naturalmente. Às vezes basta um olhar carinhoso para acalmar um coraçãozinho angustiado. Falar com jeitinho também faz efeito. As crianças maiores, por sua vez, já conseguem entender melhor o que se passa. “Minha neta de 3 anos entrou em casa e foi logo dizendo ‘vovó, não posso te abraçar porque você é velhinha e é mais perigoso o coronavírus’”, conta Damaris. Ela ressalta que explicar às crianças que agora não é momento para proximidade corporal passa por controlar a angústia de pais e educadores. “É preciso que os adultos trabalhem suas emoções, porque as crianças são inteligentes, percebem nossas atitudes, nosso tom de voz e expressão facial.”
Neste período de confinamento, os contatos virtuais ajudam a substituir os presenciais. “No espaço de educação infantil da minha escola criamos grupos de WhatsApp das turmas, em que trocamos filmes e as crianças se veem”, conta Ana Paula Yasbek, diretora do Espaço Educação Infantil, em São Paulo. “Também estamos criando canais de encontros virtuais com as famílias e salas de bate-papo. Essas interações têm sido muito produtivas.”
Se as ferramentas tecnológicas ajudam a manter uma troca que, além de afetiva, pode ser divertida, brincar em casa requer pequenas mudanças. Uma sugestão é orientar as famílias a, quando possível, reconfigurar o espaço da sala, afastar o sofá para ter uma área de circulação maior e tirar enfeites e coisas que podem quebrar. Em relação ao uso da televisão, Ana Paula sugere indicar parcimônia para que o excesso de informações sobre a pandemia não estresse as crianças. “Precisamos reinventar esse cotidiano de um jeito que seja mais harmônico para todos.”
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