4 respostas sobre como escolher uma boa história para as crianças

Como fazer a escolha do melhor livro para a criança? O que é preciso levar em consideração antes de indicar a obra? E materiais, onde encontrar? Com o auxílio de Carla Tocchet, professora da pós-graduação em Alfabetização do Instituto Vera Cruz, em São Paulo, e Denise Guilherme, formadora de professores e fundadora da rede de leitura A Taba, NOVA ESCOLA traz respostas para essas e outras dúvidas comuns.

Como escolher livros para crianças?

É interessante que a escolha não fique só na mão do professor. Selecione três livros e peça para que cada aluno faça a sua escolha e argumente sobre o porquê a fez.

Evite títulos muito infantilizados, com enredos repletos de soluções fáceis e clichês, ou situações inverossímeis. Um bom livro infantil deve ter, como qualquer outro, um texto de qualidade, bem escrito e com vocabulário rico. “Deve ser um livro que o adulto leia e pense ‘Nossa! Isso é muito bem-feito’”, explica Denise Guilherme. É essencial que a obra também tenha ilustrações que convidem a olhar e a perceber os detalhes.

Como saber se está na hora de avançar na complexidade da leitura? 

Não se apegue à classificação das obras por faixa etária. O importante é analisar a experiência de leitura acumulada do seu aluno. “Há muitas crianças de 10 anos com uma experiência leitora maior do que a de um adulto, por exemplo”, diz Carla Tocchet. Uma informação útil para tomar decisões é levantar o que as crianças leram nos anos anteriores, quais livros foram emprestados pela biblioteca, e ficar atento às escolhas que os pequenos estão fazendo de forma autônoma. Isso vai dar pistas do nível de complexidade mais adequado.

Outro sinal de que pode ser hora de avançar para livros mais complexos é quando aquela leitura não traz mais desafios e, em uma ou duas leituras, a obra já se esgotou. Mas Denise Guilherme pondera: “Ser mais complexo não é necessariamente ter mais palavras. Não é uma questão de tamanho do texto. A complexidade tem relação com as camadas de interpretação que aquela obra oferece”.

Para os pais, vale dizer que, quando a criança pede para que leiam um livro mais uma vez, o pedido deve ser atendido. Essa necessidade de escutar a mesma história repetidamente é sinal de que aquele livro ainda instiga os pequenos ouvintes. Além disso, a dica é buscar mais obras do mesmo autor ou da coleção.

O professor pode fazer um acompanhamento desses avanços na leitura? 

Sim. Em uma atividade na qual a criança escolha o que vai ler, o aluno dá uma pista de como está a sua leitura. “‘Gostei porque tem muitas ilustrações’ ou ‘gostei porque o autor usa determinado recurso’ são respostas possíveis. Por isso é importante que o professor ou a família abra esse espaço antes e depois da leitura”, diz Carla. Nesse momento o educador pode propor, por exemplo, discutir aspectos específicos da obra, expressões repetidas no texto etc. 

Onde encontrar bons materiais de leitura? 

O professor pode compartilhar essa busca com as famílias e as próprias crianças. Há muitos materiais disponíveis na internet, e o educador deve fazer uma espécie de curadoria antes de indicar para os pais e responsáveis. “Para escolher bons livros, é preciso um olhar apurado, pesquisa, muita leitura, investigação e estudo sobre a formação de leitores. O ideal é o professor elaborar essa lista e passar para as famílias”, aconselha Denise. Para ajudar você nessa tarefa, as especialistas sugerem as páginas da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, da rede de leitura A Taba, da Revista Emília e da Editora Pulo do Gato. Nesta caixa, NOVA ESCOLA também oferece textos de escritores consagrados, prontos para compartilhar com os estudantes (clique aqui).

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