Para usar com seus alunos

Sugestão de Atividade: corrida no espaço doméstico

Dirigida para o 3º ano, atividade adaptada para o contexto remoto trabalha a locomoção e a velocidade com as crianças

Atividade ajuda as crianças a se deslocarem no espaço disponível em casa. Ilustração: Nathalia Takeyama/Nova Escola

Como muitos professores Brasil afora, Fábio Marchioretto recebeu no início de março a notícia de que a escola em que trabalhava em São Paulo (SP) suspenderia as aulas presenciais por conta da pandemia do novo coronavírus. Professor de Educação Física no Ensino Fundamental 1 do Colégio Rainha da Paz, em São Paulo (SP), Fábio desenvolvia um projeto baseado na ideia de locomoção nas atividades cotidianas e em diferentes brincadeiras do repertório para os alunos do 3º ano, no qual partia de uma perspectiva histórica (por que os seres humanos evoluíram para serem bípedes, isto é, para se locomoverem em duas pernas) para trabalhar a corrida de resistência. “O modo de locomoção das crianças é o correr.  Mas o processo da corrida de resistência precisa ser ensinado”, explica.

Com a mudança para o ensino remoto, Fábio adaptou o projeto, batizado de “Supervolta”, que era executada no espaço da escola, para o ambiente doméstico. Confira:

ATIVIDADE: SUPERVOLTA EM CASA

Trabalhe a locomoção e a corrida com os alunos no ambiente doméstico 


Indicado para: Turmas do 3º ano 

Materiais: Acesso à Internet, ferramentas de comunicação como o WhatsApp e o e-mail. 

Duração: De 4 a 6 semanas 

Na BNCC: EF35EF01* 


PASSO A PASSO: 

1. Converse com os alunos sobre como o ser humano se locomove: Para começar, traga para as crianças uma perspectiva histórica de como a espécie humana se locomove (por meio do caminhar, pular, correr, etc). Você pode explicar que evoluímos ao longo do tempo para nos tornarmos bídepes e correr grandes distâncias, e que essa característica ajudou os primeiros seres humanos a sobreviver. Essas informações podem ser passadas para os estudantes por meio de uma videoaula síncrona ou de um vídeo gravado previamente. No caso de Fábio, esses conceitos eram passados por e-mail aos responsáveis pelos alunos. Você também pode usar outras estratégias para passar essas informações, como o uso de áudios no WhatsApp ou histórias para engajar os alunos. 

2. Compare a velocidade humana com a de outros animais: Um dos homens mais rápidos do mundo, o velocista jamaicano Usain Bolt alcançou a velocidade máxima de 44 km/h, feito que rendeu o recorde mundial dos 100 metros rasos em 2009. Já o guepardo (Acinonyx jubatus), felino das savanas africanas, é muito mais rápido e pode atingir mais de 104 km/h. Esses conteúdos podem ser trabalhados em conjunto com outras disciplinas, como Ciências (evolução/animais) e Matemática (medição das velocidades e dos espaços). 

PONTO DE ATENÇÃO: Não deixe de acolher os sentimentos das crianças. Quando as aulas se transferiram para o ambiente doméstico, Fábio preocupou-se em proporcionar momentos síncronos com elas para perguntar se estão bem, se estão conseguindo realizar as atividades ou se precisam de alguma ajuda. Nesse momento de incerteza e pandemia, esse contato com os alunos é muito importante. 

3. Mapeie os espaços da casa: Fique atento às  questões de segurança (os obstáculos presentes na casa, se o piso é adequado para a corrida, entre outros aspectos) e peça para os alunos medirem o espaço disponível em casa para executar a corrida. Quando o projeto era feito na escola, eles  aprendiam a correr por 360 metros: como isso pode ser feito dentro de casa? Uma possibilidade é pedir para os alunos medirem essa distância no espaço disponível - pode ser o quintal, o corredor, a sala.  Qual é o  tamanho desse cômodo? Quantas voltas precisariam ser dadas neste contexto para cumprir os 360 metros? O professor também gravou um vídeo dele mesmo correndo no espaço da casa dele, para mostrar que isso era possível. 

PONTO DE ATENÇÃO: Adapte os exemplos para a linguagem das crianças. Com base nas reflexões com a coordenação pedagógica da escola, Fábio lançou mão de diferentes estratégias para engajar as crianças. Uma delas foi criar personagens para apresentar as tarefas que os alunos devem trabalhar por meio de diálogos no WhastApp, aproveitando a linguagem das histórias em quadrinhos. Ele também gravou narrações em áudio, como em um podcast, para falar sobre a relação da corrida com a evolução humana e também as transformações que acontecem no corpo quando corremos (respiração, etc). 

4. Antes de correr, proponha uma atividade de aquecimento: Normalmente, os espaços onde acontecem as aulas de Educação Física na escola já são adequados para a movimentação dos alunos: não há obstáculos, o piso não é escorregadio etc. Nas casas, possivelmente não é assim. Dessa forma, Fábio recomenda que se proponha inicialmente uma atividade de aquecimento, como o polichinelo, que pode ser feito em espaços reduzidos. O professor  gravou um vídeo dele mesmo executando os movimentos para mostrar para as crianças. Você pode pedir para que os pais ou responsáveis gravem os vídeos dos alunos executando os movimentos e compartilhá-los com a turma. 

5. Aproveite para falar sobre os benefícios da corrida: Para encerrar, converse com a turma sobre  a importância da corrida para a saúde do corpo. Isso pode ser feito em videoaulas ou áudios enviados por aplicativo de mensagens. 

6. Finalize com uma avaliação do processo. Ao final da atividade, é interessante realizar uma avaliação junto aos alunos a respeito do processo. O objetivo é dar voz aos estudantes e entender se eles conseguiram realizar todos os passos propostos e também visibilizar as principais dificuldades e conquistas. Essa avaliação pode ser feita em diversos formatos: o professor pode preparar um questionário no Google Formulário e pedir para os alunos responderem com a ajuda dos responsáveis ou também pedir para que as crianças mandem áudios explicando como se sentiram ao realizar a atividade proposta.

* O professor Fábio ampliou as unidades temáticas da BNCC, movimento permitido pelo documento, com o objetivo de atender às necessidades do projeto. Assim, ele criou as seguintes unidades que foram trabalhadas ao longo da atividade: Movimento: Estruturas e Potencialidades (Alterações orgânicas do sistema cardiorrespiratório e de arrefecimento), Movimento: Capacidades (Velocidade e resistência), Movimento: Habilidades (Corrida), Movimento: Relação com o ambiente (Locomoção em diferentes manifestações culturais; Locomoção em diferentes espaços e tempos)


Esta Sugestão de Atividade foi criada por Fábio Marchioretto, professor de Educação Física no Ensino Fundamental 1 no Colégio Rainha da Paz, em São Paulo (SP), formado em Educação Física e Pedagogia pela USP e com mestrado em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Mackenzie. 

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