Atividade de História: uma cápsula do tempo para lembrar o isolamento social no futuro

Os tempos difíceis enfrentados desde o início da pandemia de covid-19 marcarão a memória de todos que estão atravessando este período. Certamente, com as crianças isso não será diferente. Elaborar com elas as diferenças entre o período “normal” e o atual pode ser uma chave importante para superar as dificuldades do momento e ajudá-las a se conhecerem melhor nesta fase, especialmente pela observação do cotidiano em que agora estão inseridas. 

“As crianças podem e devem usar esta experiência para aprender a respeito dos processos de mudança em suas vidas e tomarem consciência de que essas mudanças não atingiram apenas o nível pessoal”, afirma a professora de História do Time de Autores de NOVA ESCOLA Deise Silva Sousa. 

Deise é autora do plano de aula Construindo uma cápsula do tempo e agora o adaptou para uma atividade a ser aplicada no contexto remoto ou semipresencial que leva em consideração as diferenças entre o cotidiano atual das crianças e aquele vivido antes da pandemia. Para a professora, o isolamento social proporcionou experiências de interação social inéditas, que atingiram em muitos níveis os processos de aprendizado, sejam eles institucionalizados ou não, e precisamos da memória para investigá-los. 

“Para entender o impacto em longo prazo, individual e coletivamente, buscaremos informações nas nossas memórias. Quando as cápsulas forem abertas, haverá experiências e aprendizado coletivos”, afirma. Confira o passo a passo.

ATIVIDADE: CÁPSULA DO TEMPO

Incentive os alunos a registrarem memórias sobre o período pré-pandemia e o momento atual para serem recuperadas no futuro

Indicado para: 1º ano

Materiais necessários: Uma caixa de papelão com tampa e identificada como cápsula do tempo, papel ofício, papel sulfite, lápis de cor e um calendário.

Na BNCC: EF01HI05 - Identificar semelhanças e diferenças entre jogos e brincadeiras atuais e de outras épocas e lugares.

PASSO A PASSO

1. Montando uma caixa de papel. Ensine os alunos a fazerem uma caixa de papel com a folha de sulfite, de acordo com as orientações do vídeo

“Origami: Box - Caixa de papel com folha A4”, do canal: Easy Origami (assista abaixo e compartilhe com os alunos).

PONTO DE ATENÇÃO: No ensino remoto, compartilhe o vídeo do passo a passo da produção da caixa de papel antes da data da aula para que os estudantes se familiarizem com o processo.

2. Compartilhando as caixas com a turma. Em uma plataforma síncrona (caso a aula seja remota), estimule as crianças a ligarem suas câmeras durante o processo e, caso não seja viável, peça aos estudantes que fotografem as caixas que fizeram e compartilhem as imagens com os colegas em ambiente virtual, como grupos do WhatsApp ou do Facebook da turma.

3. Estimule a reflexão sobre as memórias. Em seguida, faça uma abordagem do tema iniciando o diálogo a partir das perguntas: 

- O que vocês fizeram ontem? Do que brincaram? Com quem vocês brincaram? 

- Vocês se lembram de como brincavam quando todo mundo podia se ver na escola? Quais eram as brincadeiras? Elas são diferentes das brincadeiras de agora? O que foi que ficou diferente? 

- Nós podemos guardar aquelas brincadeiras de antes, na memória? Onde fica a memória? O que sentimos quando nos lembramos das brincadeiras de antes? 

- Quais memórias queremos guardar? Podemos guardar nossas memórias numa caixa? 

Peça aos alunos para que digam qual é o tamanho de suas memórias e pergunte se elas cabem nas caixas que eles acabaram de fazer.

4. Desenhando as brincadeiras de antes e de agora. Peça para que cada criança faça dois desenhos: o primeiro sobre o cotidiano de brincadeiras no presente vivido por cada uma, e o segundo sobre as brincadeiras do período anterior ao isolamento social. Aqui é importante que os alunos pensem algumas questões que direcionem a produção do desenho:

- Qual o motivo que me levou a lembrar desse brinquedo ou brincadeira?

- Por que ele é importante para mim?

- O que me levou a querer que esse brinquedo ou brincadeira seja lembrado num tempo futuro?

Para adaptar essa proposta ao ensino remoto, você pode fazer uma seleção prévia de imagens em bancos de dados on-line, contendo representações de diferentes brincadeiras. Divida as imagens com as crianças compartilhando sua tela e peça para que os alunos indiquem aquelas nas quais eles vêem suas realidades e memórias melhor representadas. Assim, é possível formar um quadro de referências on-line com representações de brincadeiras de antes da pandemia e de depois dela, um exercício que estimula as crianças a encontrarem nestes recortes representações com as quais se identifiquem, incluindo-as entre suas elaborações gráficas.

5. Estimule os alunos a identificarem as diferenças. Enquanto as crianças desenham, fale a respeito das diferenças que elas observaram através das questões propostas. Estimule-as a expressarem essas diferenças através dos desenhos. Elas podem fazer representações de contexto (casa x escola ou parques públicos), podem expressar diferenças entre as pessoas envolvidas (mais adultos x mais crianças), podem falar de diferenças nos ambientes das brincadeiras (espaços abertos x espaços fechados ou ainda, espaços virtuais x espaços físicos) e diferenças mas práticas (compartilhamento x não compartilhamento de brinquedos). 

6. Compartilhando os desenhos. Peça para que cada uma mostre aos demais os desenhos  que fez e diga porque gostaria de lembrar daquele brinquedo ou brincadeira, se possível narrando uma lembrança relacionada ao desenho.

7. Guardando as memórias na cápsula. Em seguida, as crianças devem colocar suas produções na caixa de origami feita anteriormente,  que vai compor a cápsula do tempo. Além disso, pode ser previamente combinado com os pais e responsáveis pelas crianças que selecionem em casa, juntamente com elas, fotografias de um brinquedo ou brincadeira que gostariam de guardar na cápsula do tempo com os desenhos, ou de incluir no quadro de referências (para fotografias em formatos digitais).

8. Fechando a cápsula. Compartilhadas as memórias e recolhidos todos os registros delas, é o momento de fechar definitivamente a cápsula do tempo e decidir coletivamente quando ela será aberta. Após determinada a data de abertura, a cápsula poderá ficar em um lugar visível dentro da sala de aula.

PONTO DE ATENÇÃO: O aspecto coletivo da decisão a respeito da data permite aos alunos um contato com o tempo do calendário. Eles devem observar e analisar a data em que a atividade está acontecendo e medir o tempo que levará até a caixa ser aberta por meio da observação dos dias marcados no calendário. Você deve orientá-los a respeito das medidas dem tempo contidas nele: os dias, as semanas, os meses e o ano.