Para se inspirar

Aprendendo a trabalhar em grupo

Ensinar os alunos a dividir aprendizados faz parte do papel do professor

Ilustração de alunos em grupos
O trabalho em grupo em sala de aula não precisa se transformar em bagunça Ilustração: Duda Oliva

No projeto desenvolvido por Priscila de Medeiros com a turma do 5º ano na EM Dona Miloca em Rancharia (SP), não era apenas o conteúdo de ortografia que estava em jogo, também era preciso dar ênfase na gestão da sala de aula quando os alunos trabalhavam em grupos. 

“Nunca suponha que eles (os alunos) já saibam fazer isso. Eles não sabem, estão aprendendo”, lembra a pedagoga Andrea Luize.

Segundo as educadoras, esse aprendizado deve começar na Educação Infantil. Ao final do 5o ano, os estudantes precisam ter claro como é importante saber respeitar as ideias do outro. Ter autonomia para tomar decisões dentro de um grupo também é tarefa que se espera de quem irá ingressar no Ensino Fundamental II, diz Andrea.

A professora trabalhou com uma sala de 26 alunos, com idades entre 9 e 13 anos. Quase todas as atividades foram feitas em grupos ou duplas. O número de grupos e de alunos em cada um deles variou um pouco conforme a tarefa a ser executada e o dia, pois nem todos os alunos estavam presentes em todas as atividades. Mas, em geral, foram quatro ou cinco alunos por grupo.

Alunos de Priscila de Medeiros durante aula de Ortografia na EM Dona Miloca, em Rancharia (SP)
Cada aluno tinha um papel definido no grupo Foto: Jo Padovan/Nova Escola

- A escolha do líder e do redator

Depois que a sala foi dividida de acordo com as demandas ortográficas, Priscila deixou claro que cada grupo deveria ter um líder e um aluno responsável pela redação do texto. Se for o caso, em sua sala de aula, os dois podem ser escolhidos de forma democrática, pelo voto dos outros alunos.

E é sempre bom lembrar que o líder é aquele aluno que vai organizar as falas, zelar para que cada um tenha sua chance de falar e os outros saibam ouvir o colega.

- A divisão de tarefas

Em seguida, foi preciso dar uma tarefa para cada um dos membros do grupo: ler o texto, revisar, identificar e analisar os erros.

“É preciso que fique bem claro o que cada um deve fazer, o tempo que tem para realizar sua tarefa, a hora de cada um se colocar no grupo ou na sala”, explica Andrea.

- Decisões em grupo e apresentação

O professor também precisa estimular os alunos a tomarem decisões em conjunto. No final, o aluno responsável pela redação do texto vai escrever as palavras corretas, sempre com a aprovação dos outros.

E outro aluno pode ficar encarregado de ler ou de apresentar o resultado final.

Segundo Andrea, esse aprendizado sobre trabalho em grupo também faz parte do conteúdo, “tem de vir no pacote”, e cabe ao professor estimulá-lo.

Sem essa atenção para o trabalho na turma, o projeto não se viabilizaria, pois ele só faz sentido numa situação colaborativa. “Uma vez feito o diagnóstico, o professor tem de tratar os assuntos de forma diferente com cada grupo, senão cria um problema para a sala”, segundo Andrea. É preciso lembrar que para alguns alunos um determinado conteúdo já está claro, enquanto outros estão distantes dele, têm mais dificuldade de compreensão. “O mapeamento foi pensado de forma a reunir dificuldades parecidas”, lembra Priscila. Assim, a organização da sala deve levar em conta essa necessidade.

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