GeoGebra, já ouviu falar?
A plataforma digital gratuita pode até assustar no primeiro contato, mas vem ganhando cada vez mais adeptos porque permite inovar nas aulas
Embora não seja um software novo no repertório de indicações para muitos professores de matemática, o GeoGebra soma mais adeptos nos últimos anos, especialmente pela necessidade de inovação nas aulas remotas imposta pela pandemia.
O software é totalmente gratuito e foi criado em 2001 na Áustria. A partir de então, vem reunindo usuários em todo o mundo, especialmente professores dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, mas ainda é pouco difundido entre educadores do 1º ao 5º ano.
É possível afirmar que esse distanciamento é normal. Afinal, para quem não é licenciado ou bacharel em matemática, a ferramenta geralmente assusta no primeiro contato: oferece múltiplas possibilidades de trabalho de uma só vez. Ao acessar o site na versão clássica, por exemplo, o usuário logo de cara já vê um eixo para gráficos, uma malha quadriculada, um teclado com calculadora e, ufa, até uma janela de álgebra!
São tantas opções que muitos desistem, logo nos primeiros comandos, de explorar o programa para depois apresentá-lo aos estudantes. No entanto, ao vencer a barreira inicial (confira uma atividade passo a passo), um novo universo se abre para trabalhar conteúdos de geometria e das demais unidades temáticas previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
A própria Base, inclusive, destaca o papel essencial do uso dos softwares de geometria dinâmica na compreensão e utilização das noções matemáticas. Entretanto, conforme está no documento, “esses materiais precisam estar integrados a situações que levem à reflexão e à sistematização, para que se inicie um processo de formalização” do conhecimento.
Plataforma para trabalho integrado
Ao mesmo tempo que permite ao professor criar atividades dentro de cada unidade temática, o GeoGebra integra eixos distintos, segundo Sérgio Dantas, professor de Matemática na Universidade Estadual do Paraná (Unespar) e um dos organizadores de um projeto de extensão sobre o tema.
“Usar o GeoGebra não tem a ver apenas com ensinar matemática melhor, mas descobrir novas matemáticas, novas formas de construir conhecimento matemático. Qualitativamente, o aluno passa a aprender a interpretar o conhecimento de outra forma, para além do método em si”, explica Sérgio.
Do conhecimento básico para a sala
Existem três caminhos para acessar o GeoGebra:
- Navegar on-line diretamente no site;
- Fazer o download do software para um computador e trabalhar off-line (entenda como isso funciona em detalhes aqui);
-Fazer o download das variações em aplicativo para smartphones.
De acordo com Paula Takada, professora dos anos iniciais do Ensino Fundamental na Escola Vera Cruz, na capital paulista, independentemente da opção escolhida, é preciso se familiarizar com a plataforma antes de apresentá-la para os alunos. “Ao configurar a ferramenta, é possível adaptá-la para ensinar o que realmente importa para a turma naquele momento, sem precisar pular ou adiantar etapas do currículo”, explica. Confira uma proposta de atividade passo a passo.
Paula usa o GeoGebra com os alunos para trabalhar conteúdos como multiplicação, geometria, frações e outros que podem ser beneficiados pelo uso de recursos visuais. “No software, faço atividades que também poderiam ser feitas no papel ou em outra plataforma, permitindo ao aluno entender que ele pode criar conhecimento de diferentes maneiras. Dentro de uma sequência didática, por exemplo, eu posso trabalhar com momentos usando papel, régua e lápis, e em alguns momentos, o GeoGebra”, conta.
Para quem vai começar a se aventurar com o programa, Paula e Sérgio dão um alerta importante: não ensinar para os alunos o uso do GeoGebra em si, encerrando-o nele mesmo. O ideal é usar o software como uma ferramenta didática, a serviço do ensino e da aprendizagem de conteúdos e habilidades. Confira outras recomendações para dúvidas comuns aqui.
Confira três possibilidades para usar o software:
1. Atividades das Unidades Temáticas da BNCC. Você pode pesquisar ou criar atividades usando uma série de filtros e sub filtros temáticos envolvendo Álgebra, Números, Probabilidade e Estatística e, é claro, Geometria.
2. Integração com outras ferramentas. Quem precisa preparar aulas on-line pode organizar a integração do software com o Google Classroom, por exemplo. Para aprender a fazer, acesse o tutorial em português criado pelo site O GeoGebra.
3. Criar ou adaptar jogos. Na lista de materiais didáticos do software, é possível encontrar jogos temáticos (como quebra-cabeças, tangram, jogos de fração e outros que são criados e compartilhados no GeoGebra por outros professores). Para conhecer alguns exemplos, clique aqui. E busque um conteúdo que você quer apresentar para a turma, por exemplo.
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