Vida na Terra

Sol: por que precisamos dele para viver?

Saiba mais sobre a estrela central do nosso sistema solar e entenda por que dependemos dela para sobreviver

Animação ilustrada de aluna fazendo experimentos com modelo do sistema solar.
Ilustração: Ana Carolina Oda/NOVA ESCOLA

No centro do sistema solar brilha uma estrela a que devemos tudo o que conhecemos por vida. Mas, apesar de sua importância e de fazer parte do nosso dia a dia, muitos fatos sobre ela são desconhecidos. Nosso astro-rei não é uma bola de fogo amarela que percorre o céu, como costuma ser descrito. Na verdade, é uma estrela branca, feita de plasma. E seu movimento é apenas aparente. 

"Também sempre ouvi dizer que o Sol nasce a leste e se põe a oeste, mas não é exatamente assim durante o ano todo. Descobrir essas coisas pode fascinar as crianças e ajuda a derrubar erros conceituais", diz Roberta Braga Manes da Silva, coordenadora pedagógica do Colégio Santa Helena, em São Paulo (SP), e autora de planos de aula de NOVA ESCOLA.

Para explorar o Sol com a turma, é essencial mostrar que questões sobre a astronomia fazem parte do estudo da natureza, tanto quanto da fauna e da flora. "Levar o Sol para a sala de aula não é contar para as crianças o que ele é e suas classificações, mas instigá-las o ano todo a observar como esse corpo celeste se apresenta em nosso cotidiano e nossa relação com ele. Temos de provocar o olhar dos alunos para a natureza", explica Eder Canalle, físico, professor de Astronomia e coordenador pedagógico do projeto Astronomia no Verde.

Isso pode ser feito, por exemplo, desafiando os estudantes para que observem as mudanças nas cores do céu durante o dia, tomem nota das transformações que acontecem ao seu redor ao longo das estações do ano, desenhem a variação das sombras de plantas pela manhã e no fim do dia observem em quais cantos de casa o Sol bate no decorrer dos meses. Tudo isso para despertar nas crianças a curiosidade para entender por que essas coisas todas acontecem. 

No entanto, vale tomar um cuidado: como esse tema envolve conhecimentos prévios, muitas vezes oriundos de saberes da cultura popular, é mais prudente que seja trabalhado por meio de investigações científicas, incentivando que os alunos criem e testem suas hipóteses. 

"Em sala de aula, eu propunha conversar sobre as informações que os alunos já tinham a respeito do Sol e, a partir de observações e experimentações, construíamos e desconstruíamos conhecimentos, sem desconsiderar o que a classe expunha como hipóteses ou trazia de bagagem de casa”, conta Roberta.

O que é o Sol?

Formada pelos gases hidrogênio e hélio, essa estrela produz sua energia a partir da fusão nuclear de átomos de hidrogênio – e é exatamente por conta desse processo que o Sol está gerando energia há tanto tempo sem parar.

Basicamente, podemos dizer, em outras palavras, que fusão nuclear é um processo em que dois núcleos se combinam para formar um único núcleo, mais pesado. Além do Sol como exemplo, o processo ocorre também na fabricação de bombas de hidrogênio, também chamadas de bombas termonucleares. 

O processo de fusão nuclear faz com que a superfície solar atinja 5,5 mil graus Celsius e a parte externa de sua atmosfera, conhecida como coroa, chegue à casa de 1 milhão de graus Celsius, transformando o gás em plasma, que é o quarto estado da matéria. 

"É importante que os estudantes compreendam que o Sol é o único corpo celeste do sistema solar que emite luz, e que é diferente da Lua – satélite natural da Terra feito de rocha – e que não tem luz própria, ao contrário do que parece", afirma Cristian Annunciato, formador de professores e doutorando em Ensino de Ciências pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP). 

Localizado no centro do sistema solar, todos os demais corpos celestes orbitam ao redor do astro-rei, atraídos pela força gravitacional que ele exerce. A 150 milhões de quilômetros dele fica a Terra, e a luz solar demora algo em torno de oito minutos para atingir a superfície terrestre. Daqui, ela parece ser amarela. Mas essa é uma impressão causada por causa da atmosfera terrena, que espalha as luzes azuis com mais eficácia do que as vermelhas, fazendo com que nossos olhos a percebam assim.

O Sol, que é parecido com os cerca de 400 bilhões de estrelas que existem em nossa galáxia, a Via Láctea, é a estrela mais próxima da Terra. Todas as demais estão muito além da nossa Lua e dos planetas do sistema solar. Ou seja, existem outros sóis no espaço. 

"Para os estudantes entenderem essas distâncias, é interessante montar um sistema de escalas do sistema solar, com desenhos ou maquetes, e depois expandir para as estrelas. Também vale pegar duas lanternas iguais, em um ambiente mais escuro, deixar uma bem perto e levar a outra para bem longe. Assim, a turma poderá entender por que o Sol parece mais brilhante para nós do que as estrelas que vemos à noite", explica Eder. 

Por que precisamos do Sol para viver? 

É graças ao Sol e à atmosfera da Terra que a temperatura em nosso planeta permite a existência das mais variadas formas de vida. Sem esse astro, plantas e algas não poderiam fazer fotossíntese e, então, nos fornecer oxigênio e atuar como a base da cadeia alimentar para todos os animais. 

O Sol também é parte fundamental do ciclo da água e aquece o corpo de animais como peixes, anfíbios e répteis. Nós, humanos, dependemos da luz solar para absorver a vitamina D, essencial para os ossos, a imunidade e o crescimento corporal. 

É o astro também que rege as estações do ano e tudo o que deriva delas, como as épocas de acasalamento e de hibernação dos animais, o tempo de florescimento das plantas e da produção de frutos. "Ele é a principal fonte de energia que temos na Terra, com enorme importância histórica. Foi por meio da observação dele e da construção de artefatos, como relógios solares, que os povos pré-históricos puderam, por exemplo, começar seus cultivos agrícolas", destaca Cristian.

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