Para aprender sobre a prática

Como fazer uma roda de conversa sobre saúde mental

A criação de um espaço em que as pessoas se sintam seguras para compartilhar suas emoções e aprendizados pode mudar a maneira como encaramos a saúde mental

Alunos da Escola Estadual Gesner Teixeira, no Gama (DF), participam de roda para compartilhar experiências dentro do Projeto Cuidado, que trata da saúde mental dos alunos. Foto: Acervo pessoal

A roda de conversa é um espaço comunitário no qual qualquer pessoa pode expressar suas emoções, inseguranças, dúvidas, angústias e sofrimentos. E também aprendizados. Ao expressar os sentimentos e pensamentos que mais a afetam e ser ouvida sem julgamentos, a pessoa se abre também para ouvir o que os demais presentes na roda têm a dizer. A roda de conversa faz parte da Terapia Comunitária Integrativa (TCI), modelo proposto pelo médico psiquiatra Adalberto Barreto, que teve início no Ceará e hoje alcançou 26 países. As rodas fazem uso da escuta ativa, da empatia e solidariedade para construir redes sociais solidárias de promoção da vida - e prevenção de questões de saúde mental. 

“A Terapia Comunitária Integrativa é uma roda de conversa, um espaço comunitário onde se procura partilhar experiências de vida e sabedorias de forma horizontal e circular”, definiu Adalberto Barreto. “Cada um torna-se terapeuta de si mesmo, a partir da escuta das histórias de vida que ali são relatadas. Todos se tornam corresponsáveis na busca de soluções e superação dos desafios do cotidiano, em um ambiente acolhedor e caloroso.” 

As rodas de conversa são acompanhadas por um terapeuta comunitário. Esse profissional passa por uma formação para trabalhar com os grupos nesse espaço coletivo. O terapeuta comunitário prepara e organiza as rodas para que os participantes se sintam seguros para se abrir. As pessoas aprendem a exercitar suas emoções e estimular os cuidados solidários.

Veja alguns pontos para desenvolver uma boa roda de conversa:

- Seja bem-vindo: é imprescindível que a pessoa se sinta acolhida desde o momento da chegada. Lembre-se de que expressar sentimentos e sofrimentos é muito difícil para a maioria das pessoas.

- Não me julguem: quem vem para a roda vai se expor – e muito. Para que isso aconteça, essa pessoa precisa se sentir segura e não alvo de julgamentos.

- Alguém me escuta: a escuta ativa é muito importante para que a roda aconteça. No momento da roda, nada de distrações, o foco é no que está acontecendo ali, naquele momento.

- Deixa eu contar: incentive que os participantes compartilhem também o que está dando certo e quais são suas estratégias de autocuidado.

- Preciso de força: a pessoa precisa sentir que tem apoio do grupo. Assim ela poderá de fato se expressar, aliviar seu sofrimento e estar aberta a ouvir os outros. 

- Estamos juntos: a roda de conversa é uma ótima metodologia, tanto para alunos quanto para professores, pois permite que cada um aprenda a se expressar, desenvolva o autoconhecimento e se abra também para a convivência.

A psicóloga e psicopedagoga Ana Carolina C. D'Agostini explica como criar esse ambiente de confiança e escuta ativa. Assista:

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