5 ações para promover a saúde mental na escola
As taxas de ansiedade e depressão estão crescendo no Brasil. A escola pode ser uma grande aliada para virar esse jogo com um trabalho de prevenção e promoção da saúde mental na escola
1. Considere o tema desde a Educação Infantil
A promoção e prevenção devem ser ações permanentes dentro do espaço escolar. A base da prevenção é a informação. Com ela, o professor consegue identificar melhor situações de risco, dosar a reação emocional diante de alguém que está enfrentando um problema de saúde mental e garante mais segurança para conversar com as crianças e adolescentes sobre o tema. Já a promoção se baseia no autoconhecimento, em desenvolver sentimentos e competências socioemocionais para lidar melhor com as adversidades que podem causar sofrimento emocional. “O caminho para lidar com essas situações é olhar mais cedo para eles”, afirma o psiquiatra Gustavo Estanislau, integrante do grupo Cuca Legal, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e autor do livro Saúde Mental na Escola.
2. Invista nas competências socioemocionais
O estudo Competências para o Progresso Social – O poder das Competências Socioemocionais identificou alguns benefícios do desenvolvimento dessas características. Entre eles estão o apoio à aprendizagem, diminuição de 12% do risco de sofrer bullying até o final do Ensino Fundamental e mais chances de concluir o Ensino Superior.
As competências socioemocionais dividem-se em cinco eixos principais:
- Abertura ao novo: curiosidade para aprender, imaginação criativa e interesse artístico
- Consciência ou autogestão: determinação, organização, foco, persistência e responsabilidade
- Extroversão ou engajamento com os outros: iniciativa social, assertividade e entusiasmo
- Amabilidade: empatia, respeito e confiança
- Estabilidade ou resiliência emocional: autoconfiança, tolerância ao estresse e à frustração
3. Seja consciente nas suas próprias atitudes e discursos
Não é uma aula expositiva sobre empatia que fará seus alunos serem mais empáticos diante de adversidades. As habilidades socioemocionais são aprendidas e exercitadas em situações de convivência, na interação interpessoal e por meio da observação do ambiente. Reconhecer a dor alheia e acolher o outro exige, muitas vezes, uma postura de mudança. “Em diversas situações, dizemos para a criança se descolar de si mesma e, sem perceber, passamos por um processo de desalfabetização emocional”, diz Rosane Voltolini, coordenadora dos núcleos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul da Associação pela Saúde Emocional das Crianças (ASEC).
4. Deixe os preconceitos, medos e moralismo de fora da conversa
Praticar a escuta sensível é essencial para garantir que haja diálogo entre o interlocutor e quem encara um sofrimento emocional. A “trava” na conversa pode surgir tanto durante as trocas – com uma reação emocional exagerada sobre o que está sendo dito – ou mesmo antes de esse diálogo acontecer. Ao estigmatizar e julgar determinados comportamentos, objetos e ações, a criança ou o adolescente pode nem sequer sentir abertura ou à vontade para compartilhar seus pensamentos, sentimentos e problemas. Uma abordagem que venha colada com julgamentos ou moralismos tem grandes chances de não engajar os alunos. E isso vale para qualquer conversa – do suicídio ao uso das redes sociais. Para ganhar o aluno para a discussão, pode ser mais produtivo que o professor introduza o tema com perguntas que disparem boas conversas.
5. Envolva e empodere os aluno
Um clima escolar favorável é responsabilidade de todos os atores da escola. Os estudantes podem ser ótimos aliados nesse processo porque, por vezes, possuem informações sobre a turma que não costumam circular entre os adultos. Além disso, as emoções, atitudes e situações também podem ser melhor acolhidas se o interlocutor for outro estudante. Algumas escolas estão utilizando o sistema de equipes de ajuda, em que alunos são orientados como acolher e lidar com colegas que precisam de ajuda, antes de levar a conversa para os adultos.
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