Para aprender sobre a prática

Como implantar um projeto de cultura de paz na sua escola

A discussão sobre valores, atitudes e comportamentos começou na sala de aula, mas acabou se espalhando para toda a escola

Crianças da escola EB Prof. Judith Duarte de Oliveira, em Itajaí (SC) mostram materiais sobre cultura da paz
Crianças da escola EB Prof. Judith Duarte de Oliveira, em Itajaí (SC) mostram materiais sobre cultura da paz  Foto: Acervo Pessoal/Patrícia Wanderlinde

“Todos nós queremos alcançar a paz (...), mas, para que isso aconteça, a paz precisa se tornar mais do que apenas uma palavra.” Essa frase abre o relato da professora Patrícia Wanderlinde, da EB Prof. Judith Duarte de Oliveira, em Itajaí (SC), que iniciou o projeto Juntos pela Paz: É Tempo de Semear. A iniciativa foi vencedora na categoria regional do Prêmio Professores do Brasil. Patrícia ainda levou seu projeto para um evento sobre Educação na Universidade de Harvard (EUA) e para uma conferência internacional na Armênia.

O projeto surgiu da leitura de uma notícia sobre a morte de uma pessoa em um acidente de trânsito em 2017. Naquele momento, a professora observou a preocupação dos estudantes com a violência e entendeu que sua turma do 5º ano poderia trabalhar com o tema.

Patrícia organizou os conteúdos que gostaria de trabalhar com eles a partir da definição de cultura de paz:  um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida baseados em valores como liberdade, justiça, democracia e tolerância. Ela pediu então que os estudantes desenhassem o que sabiam sobre cultura de paz e depois promoveu um “mergulho” no tema com atividades que contaram com poesia, música, vídeo e arte. Os alunos também pesquisaram a vida de várias personalidades ligadas à resistência pacífica, como Martin Luther King, o Mahatma Gandhi, Madre Teresa de Calcutá e Anne Frank.

“Ao selecionar as atividades, procurei resgatar o saber do educando e a contextualização dos conteúdos com as suas vivências e realidade, não deixando de analisar, criticamente, cada uma delas, tanto em relação à aprendizagem quanto em relação à construção de valores, como respeito, amor e amizade, essenciais para os alunos”, explica Patrícia.

A professora Patrícia Wanderlinde durante uma de suas aulas em Itajaí (SC)
A professora Patrícia Wanderlinde durante uma de suas aulas em Itajaí (SC)  Foto: Acervo Pessoal/Patrícia Wanderlinde

O trabalho transformou-se em uma série de livros e audiolivros produzidos pelos estudantes. A reflexão provocou uma mudança no comportamento dos estudantes, que passaram a analisar tudo que os rodeava. “Eles começaram a ser mais parceiros da escola, sinalizando problemas que observavam no ambiente escolar e sugerindo ações para o despertamento de atitudes pacíficas, solidárias e anti-bullying”, conta a professora.

Patrícia notou ainda que os alunos se envolveram em uma trajetória de aprendizado compartilhado. Eles assumiram a responsabilidade pelo próprio crescimento, a partir das pesquisas sobre figuras históricas da resistência pacífica. Essa postura impulsionou a aprendizagem e o interesse da turma.

Com resultados tão bons, o projeto expandiu-se para todos os alunos da escola. Em 2018, a instituição passou a contar com o Informativo Semeadores da Paz, que divulga notícias positivas e inspiradoras e conta com o apoio da comunidade local. A tiragem mensal é de 3 mil exemplares.

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