Leia na pandemia: 14 indicações de livros para o Fundamental 2
Conheça mais estratégias para leitura no isolamento e no ensino remoto e confira sugestões de títulos selecionados por educadores e especialistas
Nesse último ano de pandemia, é possível que você tenha recorrido aos livros em busca de escape, conforto, acolhimento ou mesmo daquele quentinho no coração. Embora não tenha a pretensão de curar as dores do mundo, a literatura certamente ilumina caminhos – como ponderou o escritor Luiz Ruffato, ao listar indicações de leituras para o momento atual.
Como incentivar o gosto pela leitura com os alunos do Fundamental? Quais são os caminhos para trabalhar a leitura em 2021 com as turmas do 6º ao 9º ano nas aulas de Literatura e Língua Portuguesa? Tudo depende do contexto da escola, dos alunos e dos professores, mas, para iluminar alguns deles, NOVA ESCOLA conversou com educadores da área de Língua Portuguesa para encontrar estratégias, sugestões e dicas para apoiar o incentivo à leitura.
Dicas para incentivar seus alunos a lerem na pandemia:
Considere a opinião dos alunos ao escolherem os livros para leitura neste ano
A percepção que os professores colheram a respeito das obras que mais agradam aos estudantes é uma aliada importante na hora de selecionar o que ler. "Às vezes, a gente gosta muito de uma obra, mas não necessariamente os alunos gostam", reforça Alex Nogueira, professor de Língua Portuguesa no Fundamental 2 do Colégio Rainha da Paz, em São Paulo (SP), que sondou os alunos por meio de um questionários a respeito das obras que mais se envolveram antes da entrevista.
Nathália Melatti, professora de Língua Portuguesa no Fundamental 2 em São Caetano do Sul (SP), também procura manter aberto o diálogo com os alunos. Na retomada das aulas deste ano, sondou as turmas da escola particular onde trabalha para entender o que os adolescentes gostariam de ler: o 8º ano pediu uma leitura mais leve - para espairecer um pouco a escolha foi Júlio Verne. Já o 9º ano expressou que gostaria de ir mais fundo, e a docente optou por trabalhar com A Metamorfose, de Franz Kafka. “O que sinto nas aulas é que eles estão com muita saudade. Há um envolvimento maior com o livro escolhido e com a leitura por conta também da saudade do espaço escolar”, relata a professora.
Pense na jornada da leitura e faça um diagnóstico prévio
Para escolher um livro a ser trabalhado, o professor deve pensar numa gradação de desafio para o seu grupo. Qual o ponto de partida? Que dificuldades eles têm? “A partir disso, ofereça uma leitura que dê a chance de eles avançarem e amadurecerem como leitores, mas que sejam do tamanho do passo que o professor quer dar. Não pode soar grande demais para aquela etapa”, orienta Manuela Prado, docente do 6º do e 7º ano e selecionadora do Prêmio Educador Nota 10. O critério, no entanto, depende da estrutura de aulas disponível, da quantidade de encontros e de situações capazes de oferecer apoio nos desafios que a leitura impõe.
Diversifique os formatos
É interessante mapear e aproveitar os diferentes formatos e plataformas: caso não seja possível obter os livros fisicamente para os estudantes, busque alternativas em formato digital (como PDF ou e-pub) que possam ser lidos em computador, tablet ou celular.
Escolha títulos que possam também ser lidos de forma autônoma
Uma dica geral para os professores que não têm a oportunidade de encontros frequentes com os alunos é escolher títulos que os alunos consigam ler de forma mais autônoma. “Se o professor está numa situação com poucos encontros, então talvez seja preciso encontrar livros mais adequados para uma leitura autônoma, mais ajustados aos desafios deles e que eles tenham mais chances de se identificar”, afirma Manuela.
Nesse sentido, os livros que trabalhem questões pertinentes à faixa etária, com personagens do mesmo universo dos alunos, são de grande valor. “Os alunos de 11 e 12 anos, por exemplo, estão acostumados com um ritmo de narrativa menos contemplativo, eles querem se envolver com a história, com vários ganchos. Os clássicos infantojuvenis, como os de Pedro Bandeira, ainda fazem muito sucesso”, sugere Manuela.
Adapte para a sua realidade
Ninguém conhece seus alunos como os próprios professores. São eles, também, que lidam diariamente com o desafio de envolver os estudantes no ensino remoto e com as limitações que ele traz. “O professor é muito bom em avaliar sua própria realidade e a dos seus alunos. Ele tem que observar o que parece fazer mais sentido”, explica Manuela. Para ela, tem de haver certa liberdade para entender que o momento é muito particular, muito específico, então não há regra. “Na escuta daquela situação é que se pode pensar no que é melhor para os alunos e o que o professor tem condições de fazer, dentro da disponibilidade de tempo que ele tem para trabalhar.”
LISTA: INDICAÇÕES DE LIVROS DO 6º AO 9º ANO
As indicações consideram o atual momento e oferecem formas de trabalhar questões relacionadas ao distanciamento e à pandemia. Levam em conta, também, o alinhamento com as habilidades que constam na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). As sugestões podem ser substituídas por livros de gênero e temática semelhante que estejam disponíveis para cada grupo de alunos. É interessante, ainda, sempre considerar a diversidade na seleção e incluir autoras mulheres, negros e periféricos. Confira:
Para 6º e 7º ano
Indicado por: Alex Nogueira, professor de Língua Portuguesa no Fundamental 2 do Colégio Rainha da Paz, em São Paulo (SP).
Sobre o livro: Do mesmo autor de O Mundo de Sofia, é uma obra que fala sobre morte, mas sob uma perspectiva muito leve e um tanto filosófica. É um romance epistolar que conta a história de um pai que está doente e deixa uma carta para a filha. Nessa carta ele discute algumas questões como morte, proximidade, memória, tudo sob o aspecto de futuro e continuidade. É delicado, mas muito bem conduzido para discutir assuntos mais pesados.
Para o momento da pandemia, é uma forma de falar sobre o assunto morte, que está em cima da gente o tempo todo, de uma forma literária, com uma narrativa muito bem-feita. Tem um aspecto filosófico, mas muito acessível. “Foi o livro que mais apareceu na enquete que fiz com os alunos, ele os marcou”, afirma Alex. Discute um assunto que é pungente na pandemia, mas de uma forma lúdica, mas não por isso rasa.
Como trabalhar: Esse livro dá condições de trabalhar o gênero carta em Língua Portuguesa, principalmente cartas pessoais e autobiográficas. Pode ser um trabalho interdisciplinar, porque também é possível trabalhar com carta histórica e documentos históricos. “Entramos no site do Museu da Pessoa, que conta com muitas cartas e depoimentos. Dá para levar tanto para o gênero carta histórica quanto para as sociais e familiares”, explica o professor. E ainda é possível trabalhar com pronomes e interlocução – remetente e destinatário.
Indicado por: Manuela Prado, professora de Português da rede particular e selecionadora do Prêmio Educador Nota 10.
Sobre o livro: Lançado em 1984, ainda faz muito sucesso entre os pré-adolescentes. Num clima de mistério e suspense, cinco estudantes enfrentam uma macabra trama internacional: o sinistro Doutor Q.I. pretende subjugar a humanidade aos seus desígnios, aplicando na juventude uma perigosa droga. E essa droga já está sendo experimentada em alunos dos melhores colégios de São Paulo. Esse é um trabalho para os Karas: o avesso dos coroas, o contrário dos caretas!
Indicado por: Manuela Prado, professora de Português da rede particular e selecionadora do Prêmio Educador Nota 10.
Sobre o livro: Clássico da Coleção Vagalume, editada nos anos 1970, o livro conta a história de Alberto que, ao ver seu irmão ser morto após receber um misterioso pacote com um escaravelho, decide investigar o crime.
Como trabalhar: Ambos os livros normalmente são indicado ao Fundamental 1, mas muitos alunos do Fundamental 2 não leram. Eles Permitem uma leitura autônoma por serem de linguagem simples, com trama envolvente e personagens das idades dos alunos. Quando os encontros síncronos são limitados, o professor pode criar momentos de compartilhamento de impressões. É possível combinar com a turma de todos lerem um determinado trecho e compartilharem áudios de comentários sobre o que leram. “Os romances de mistério dão um alívio ao mostrar que há lógica. Esses romances constroem uma narrativa em que o leitor ordena tudo aquilo e encontra uma solução. E esse jogo traz um pouco de alívio num momento em que a realidade não está lógica”, explica Manuela.
Indicado por: Alex Nogueira, professor de Língua Portuguesa no Fundamental 2 do Colégio Rainha da Paz, em São Paulo (SP).
Sobre o livro: O autor recriou as cartas que Franz Kafka enviou para uma menina um pouco antes da morte. Kafka conheceu uma menina, antes da segunda guerra, numa praça. Ela estava chorando porque havia perdido sua boneca e, para consolar a menina, Kafka escreveu as cartas que a boneca teria enviado para para se despedir. Então a boneca viaja à África, à Rússia, e vai se despedindo da menina. Muita gente já procurou essas cartas, que realmente existiram, mas nunca ninguém achou. Mas Jordi Sierra recriou as cartas como eles seriam.
Como trabalhar: Assim como A Garota das Laranjas, é um livro que fala de despedida e mudança de ciclo. É importante também porque o gênero carta é um importante meio de trabalhar a comunicação, tão necessária no momento de distanciamento, e forma de os alunos expressarem seus sentimentos. A carta tem uma linguagem universal que é a fática: o e-mail, as mensagens, são todas comunicações desse tipo. Inclusive posts nas redes sociais.
Indicado por: Alex Nogueira, professor de Língua Portuguesa no Fundamental 2 do Colégio Rainha da Paz, em São Paulo (SP).
Sobre o livro: O livro é uma homenagem ao cinema e tem fotos de filmes antigos. Parte da história é contada com imagens e parte contada em texto. Em 1931, o menino órfão Hugo Cabret vive escondido em uma estação de trem de Paris. Ali, cuida do funcionamento de gigantescos relógios no lugar do tio, que desapareceu. À noite, tenta consertar uma máquina de aparência humana para desvendar uma mensagem oculta, usando peças de brinquedos que ele furta. Seus planos, porém, correm risco. Ele é descoberto pelo dono da loja de brinquedos da estação e pela curiosa Isabelle. Essa obra-prima aclamada pela crítica mundial mistura elementos do cinema e dos quadrinhos para contar uma história sobre os primórdios do cinema, a vontade de criar vida e a aventura da imaginação.
Como trabalhar: Depois da leitura, fizeram o mapeamento do livro, discutindo como é narrador, quais eram os episódios, o que era contato em imagens ou não, tudo de forma coletiva. Depois o livro foi dividido em trechos a partir dos momentos em que os alunos mais gostaram. No trabalho de artes, desenhamos a parte do livro que estava sendo contada em texto e escrevemos a parte que era contada por imagens. No final, a turma fez dois livros: um só com imagens e outro só com texto.
Para o 8º ano
Indicado por: Alex Nogueira, professor de Língua Portuguesa no Fundamental 2 do Colégio Rainha da Paz, em São Paulo (SP).
Sobre o livro: O livro conta a história de Pedro, garoto inteligente que está às portas da vida adulta. Com o amadurecimento, chegam questões fundamentais: que profissão escolher? Como lidar com os amores frustrados, os amigos deixados pra trás, os sentimentos confusos que teimam em perturbar? Quem guia o garoto em meio a esses dilemas é Nabuco, um professor experiente, excêntrico e misterioso. Insatisfeito com a faculdade de História, Pedro encontra na literatura um destino possível. Mas essa não é uma descoberta simples – e para chegar até ela é preciso trilhar um "caminho de perdas e sofrimento".
Como trabalhar: É possível fazer um trabalho de despertar literário a partir da experiência do personagem, que não gostava de ler e passa a ser incentivado pelo seu tutor. O livro oferece também uma forma de fugir do tema pandemia, porque é um livro que fala de uma época pré 11 de Setembro, é a narrativa de um mundo que não existe mais. É possível, também, fazer um trabalho de interseção com o inglês, já que a personagem lê autores estrangeiros, como Shakespeare.
Indicado por: Alex Nogueira, professor de Língua Portuguesa no Fundamental 2 do Colégio Rainha da Paz, em São Paulo (SP), e Nathália Melatti, professora de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental 2 em São Caetano do Sul (SP).
Sobre o livro: A obra recria para o teatro episódios registrados na tradição popular do cordel. É uma peça teatral em forma de Auto em 3 atos, escrita em 1955. Como um drama do Nordeste, mescla elementos como a tradição da literatura de cordel, a comédia, traços do barroco católico brasileiro e, ainda, cultura popular e tradições religiosas. Apresenta na escrita traços de linguagem oral e apresenta também regionalismos.
Como trabalhar: A leitura teatral pode ser um recurso muito rico neste momento. É possível fazer as leituras pelo GoogleMeet (ou a plataforma que estiver disponível), trabalhando a entonação dentro dos quadradinhos, porque o teatro agora saiu do palco e passou a ser uma janela. É possível brincar com alguns espaços dentro das janelinhas para que o aluno, lendo, aponte para cima, aponte para baixo, interaja com os demais. Uma leitura dramática pela tela, já que a gente não tem como fazer a adaptação. É importante colocar foco na entonação dos advérbios, por exemplo, marcando o texto, mudar a entonação para o personagem, brincar com a ideia de que o microfone está falhando e colocar vocativos como um "escuta aqui?" “É uma dinâmica mais lúdica para envolver os alunos nas aulas síncronas, que podem ser massantes”, explica Alex.
Para 8º e 9º anos
Indicado por: Rafael Palomino, professor de Língua Portuguesa e selecionador do Prêmio Educador Nota 10.
Sobre o livro: Peça teatral concluída em 1879. Separada em três atos, a obra retrata os convencionalismos sociais e a hipocrisia presente no final do século XIX, escancarando, especialmente, o machismo daquela sociedade. A trama ocorre na casa da família Helmer, no período do natal.
Indicado por: Rafael Palomino, professor de Língua Portuguesa e selecionador do Prêmio Educador Nota 10.
Sobre o livro: Escrita em 1882, esta peça é sobre as contradições humanas e a falência do indivíduo diante da unanimidade. Mesmo diante da vontade de praticar o bem comum, o Dr. Stockmann entra em choque com os interesses mesquinhos da cidade. Vítima da maioria e da unanimidade, o homem que queria salvar a cidade torna-se o inimigo do povo. Estas idéias de Ibsen aproximavam-se muito das idéias anarquistas que tinham amplo apoio de importantes segmentos intelectuais e políticos da sociedade da época. A peça é uma impiedosa crítica às elites, aos governos, aos partidos e ao pensamento único.
Como trabalhar: Peças de teatro permitem ao professor organizar os alunos em grupos, algo muito importante nessa época de isolamento social, pedir interpretações em voz alta, gravação em podcast e áudios. “Isso permite o trabalho com a oralidade e dribla as dificuldades do distanciamento social”, afirma Rafael.
Indicado por: Rafael Palomino, professor de Língua Portuguesa e selecionador do Prêmio Educador Nota 10.
Sobre o livro: Originalmente publicado em 1898, é uma trama perturbadora onde o autor leva o leitor leva ao dia a dia de uma jovem governanta que tem a missão de cuidar de duas crianças, Miles e Flora, que vivem nos arredores de Londres. A moça é a narradora da história, e o que parece ser o trabalho dos sonhos, de um momento para outro, se torna um pesadelo. Os habitantes da casa são assombrados, ou influenciados malignamente, pelos fantasmas de Peter Quint, ex-mordomo, e da Srta. Jessel, a ex-preceptora. Neste clima de suspense, a jovem conta apenas com a ajuda da bondosa criada, Sra. Grose, para se livrar do mal que atormenta a família.
Indicado por: Rafael Palomino, professor de Língua Portuguesa e selecionador do Prêmio Educador Nota 10.
Sobre o livro: Originalmente publicado em 1951, a história se passa em uma cidadezinha suíça, onde um policial exemplar é encontrado morto. Bärlach, um velho e doente comissário, investiga essa morte ao mesmo tempo em que luta contra a sua própria, que parece cada vez mais próxima. Enquanto a polícia se vê às voltas com figurões locais, oficiais oportunistas tentam subir na carreira, e Bärlach faz as suas arriscadas jogadas. Na sombra, o assassino, um tipo maquiavélico, disserta sobre o bem e o mal, que ele considera possibilidades iguais...
Como trabalhar: São clássicos que permitem leitura mais autônoma e podem ser envolventes. O primeiro é um mistério sobrenatural e psicológico e o outro uma história de crime, com um subtexto de crítica social e reflexão existencial. O primeiro ponto é ler o começo dos livros com os alunos para chamar a atenção aos elementos todos que estão em suspensão. No caso de "A volta do parafuso", é importante chamar a atenção para os elementos que tornam estranha a contratação da preceptora. Em O Juiz e seu Carrasco, para as pistas do crime. Nos encontros, o professor deve estimular os alunos a verificar a dimensão psicológica em "A volta do parafuso" e questionar: há mesmo um fantasma? Ou a preceptora enlouqueceu). Em O Juiz e seu Carrasco, as dimensões sociológica e existencial ao questionar: o detetive, quando prende o bandido, conserta esse mundo que o criminoso perturbou? Ou o mundo nunca esteve "consertado", e tanto bandido quanto detetive são parte desse mundo "defeituoso"?
Indicado por: Manuela Prado, professora de Português da rede particular e selecionadora do Prêmio Educador Nota 10.
Sobre o livro: Um clássico do terror, lançado originalmente em 1818 pela pioneira da ficção científica. Obcecado pela ideia de dar vida à matéria inanimada, o cientista Victor Frankenstein entra em pânico e foge quando finalmente consegue ter sucesso criando um monstro feito de restos humanos. Entregue ao abandono e à rejeição, a criatura vai atrás do seu criador, em busca de respostas e vingança. Uma das mais famosa história de horror de todos os tempos, Frankenstein impressiona pelo poder de nos fazer refletir de forma profunda sobre temas tão atuais, tais como a solidão, o preconceito e a prepotência humana.
Como trabalhar: O tema dialoga com o momento. A ficção científica dá a possibilidade de pensar em novos mundos, distopia. É possível pensar também no papel da ciência e seus limites, sobre qual a possibilidade que o ser humano tem de enfrentar os dilemas éticos que a ciência propõe.
Indicado por: Nathalia Melatti, professora do Fundamental 2 em São Caetano do Sul (SP) e mestre em Língua Portuguesa pela PUC-SP.
Sobre o livro: Agatha Christie é uma das autoras mais lidas no mundo. “É um sucesso estrondoso, mas que a escola não costuma trabalhar”, explica Nathália, apontando que os estudantes costumam gostar muito também do gênero, que não se limita ao clássico Sherlock Holmes. Publicado pela primeira vez em 1934 na Inglaterra, o livro de Agatha Christie atualmente está em domínio público e pode ser encontrado na internet ou em edições de bolso, mais acessíveis. O protagonista é o investigador Hercule Poirot, presente também em outras obras da autora, que precisa resolver um caso de assassinato dentro do trem, que saiu de Londres rumo ao Oriente Médio.
Como trabalhar: O clássico do mistério recebeu diversas adaptações para o universo audiovisual – o último filme está disponível na Netflix. O filme dá a chance para o aluno que não conseguiu ler, ainda mais neste momento de isolamento, de envolver-se com a discussão e trocar com os colegas e os professores. Além disso, é possível explorar a construção dos personagens, do cenário – passado inteiramente em um trem no início do século 20 – e as diferenças presentes entre as obras.
9º ano
Indicado por: Nathalia Melatti, professora do Fundamental 2 em São Caetano do Sul (SP) e mestre em Língua Portuguesa pela PUC-SP.
Sobre o livro: É a obra mais conhecida e analisada de Franz Kafka, publicada em 1915, relata a história de Gregor Samsa, que um dia acorda metamorfoseado em inseto monstruoso. Além de ser um clássico, o livro está em domínio público e pode ser encontrado na internet, sebos ou edições mais acessíveis.
Como trabalhar: Para a professora, um ponto interessante é que a narrativa já começa no ponto culminante, com um choque (a transformação de uma pessoa em um inseto) ao contrário de outras cuja construção é mais paulatina. “A falta de explicação das coisas mexe muito com os adolescentes. A questão familiar que o livro traz (na história, o protagonista passa a ser cuidado pela família, o que gera vários conflitos) também mexeu com os alunos e pode ser explorada. Teve gente que achou a posição da família absurda, outros defenderam o comportamento”, exemplifica.
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