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Sugestão de atividade: marchinhas e Primeira República

Aproveite canções históricas e contemporâneas do Carnaval para explorar os conceitos da política presidencialista do café com leite

As aulas misturam marchinhas antigas e novas para falar sobre política e Carnaval. Ilustração: Ana Matsusaki

Vamos aproveitar as marchinhas para contextualizar e debater as características da Primeira República (1889-1930)? A sugestão de atividade a seguir mistura marchinhas da década de 1920 que falam de presidentes do passado com músicas contemporâneas. Além disso, é possível trabalhar a consolidação desse sistema presidencialista, caracterizado pela política do café com leite, por meio das marchinhas de Carnaval compostas no período. Ao final da atividade, é proposto que os estudantes façam uma paródia coletiva das marchinhas históricas.

Indicado para: Turmas do 9º ano
Duração: 2 aulas de 50 minutos
Espaço: Sala de aula
BNCC: (EF09HI01) Descrever e contextualizar os principais aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos da emergência da República no Brasil.

AULA 1 - PASSO A PASSO

1. Faça uma introdução e explique o que é uma marchinha.
É interessante não partir do pressuposto de que todos os alunos estejam ambientados às marchinhas. Muitos discentes, mesmo no 9º ano, podem ter dúvidas sobre as principais características deste gênero musical, ou desconhecerem a sua importância cultural. Eles podem até mesmo nunca terem ouvido, ou ainda terem associado o ritmo das marchinhas à conceitos diferentes ao que pretendemos trabalhar. Daí a importância de realizarmos uma introdução, com caráter de contextualização.

2. Comece apresentando marchinhas clássicas.
Apresentar uma ou duas marchinhas clássicas de Carnaval, como: "Alalaô", "Me dá um dinheiro aí", "Aurora", "Ô abre alas" etc. A atividade tem como objetivo aproximar os alunos do gênero musical, que permeará vários momentos das aulas. Neste ponto, é provável que parte da turma reconheça os refrões e acompanhe cantando. É interessante, incentivar esta participação, já que este processo facilita o interesse dos discentes com os conceitos e os ritmos propostos. O tempo sugerido para essa parte da atividade é de 5 minutos.

3. Contextualize o gênero musical.
Apresentar um pequeno resumo sobre as principais características do ritmo, como a sua irreverência e tom satírico; a constante utilização de eventos cotidianos/culturais como tema; além do seu traço histórico de abordagem críticas do cenário político e social onde encontram-se inseridas. O tempo indicado para esta etapa é de 10 minutos.

4. Execute marchinhas contemporâneas.
Pesquise com antecedência e leve para a sala de aula marchinhas atuais, que abordem os governos dos três últimos presidentes do país (Jair Bolsonaro, Michel Temer e Dilma Rousseff). O objetivo é consolidar a percepção do potencial das marchinhas de Carnaval como meio de crítica social. Neste ponto temos a oportunidade de consolidar a percepção dos alunos de que o gênero marchinha, mesmo depois de mais de um século da sua criação, tende a adaptar-se por meio de seus temas, apresentando-se sempre como um estilo atual, amplo e que se renova. Este processo reafirma para o aluno a importância do ritmo que trabalharemos na próxima aula, como base para apresentação das principais características da Primeira República. O tempo indicado para essa atividade é 35 minutos.

Ponto de atenção 1: Este momento é oportuno para a contribuição dos alunos, tanto em afirmações sobre as suas impressões do gênero marchinha (em sua potencialidade de abordar e criticar fatos e contextos sociais e políticos), quanto citarem outros ritmos e gêneros que os estudantes estejam mais ambientados e que da mesma forma abordam o cotidiano e o contexto social, como o rap, o hip hop, por exemplo.

Ponto de atenção 2: Na hora de selecionar as marchinhas, use como critério a qualidade satírica e a capacidade de crítica aos três últimos presidentes da República. Outros acontecimentos recentes com temas relevantes também podem ser utilizados, em vez da figura dos presidentes. A proposta é que a canção selecionada tenha a capacidade de afirmar o gênero como fonte e alicerce do debate, a ponto de permitir que as marchinhas sejam encaradas na aula como um conteúdo significativo no tempo presente.

Ponto de atenção 3: Durante a seleção, não há restrição ao tema que a marchinha aborde, mas evite canções que se valham de ofensas pessoais aos políticos ou usem palavrões. Fique muito atento também às imagens que são apresentadas em vídeos do YouTube de marchinhas. Explique para os alunos que o critério para a seleção dos presidentes foi temporal e fique atento para possíveis discussões e polarizações entre os estudantes.

5. Atividade para casa.
Peça para os alunos pesquisarem em livros didáticos ou na Internet definições que os permitam conceituar uma República Oligárquica.

AULA 2 - PASSO A PASSO 

1. Debata com os alunos o conteúdo pesquisado em casa.
Os alunos deverão apresentar o resultado de sua pesquisa debatendo e definindo coletivamente o conceito de república oligárquica. Separe 5 minutos para esta etapa.

2. Apresente o vídeo indicado sobre Primeira República (1889-1930)
Mande para o celular dos alunos ou projete na sala de aula o vídeo do canal do YouTube Descomplica sobre Primeira República, com duração de 6 minutos. 

Atenção: as duas atividades acima têm como objetivo embasar a turma para uma melhor compreensão do período estudado, preparando-os para a apresentação das marchinhas indicadas na seqüência. Por meio delas é possível a percepção do cenário político dos anos de 1920 (última década da República Velha), o acirramento entre grupos oligárquicos paulista e mineiro, a percepção econômica do país em crise e finalmente a Revolução de 1930 que deu fim à Primeira República.

3. Execute marchinhas históricas.
Nesse ponto, dois momentos de contextualização podem ser trabalhados. O primeiro é o início da década de 1920 e a reafirmação da força política da união de mineiros e paulistas, que elegeu Artur Bernardes presidente em 1922, bem como a tentativa frustrada de grupos opositores à política do café com leite chegar ao poder, com a derrota de Nilo Peçanha. Para apoiar, toque as marchinhas históricas, ambas de 1922, “Ai, seu Mé” e “Goiabada”, cujos trechos estão disponíveis na playlist abaixo. Outro ponto que pode ser contextualizado é o final da Primeira República, com a contextualização da crise econômica de 1928 no país, potencializada pela Crise de 1929 e suas consequências, que auxiliaram no movimento que levaria Getúlio Vargas ao poder em 1930. Selecionamos a marchinha “Já quebrou” (1928) e “O Barbado foi-se” para esse momento, também disponíveis na playlist abaixo. 


4. Promova uma paródia coletiva sobre as marchinhas.
Proponha para a turma a criação de uma paródia coletiva para uma marchinha. É possível utilizar alguma que já tenha sido apresentada ao longo das duas últimas aulas, mas ela deverá servir apenas como base para a harmonia.

Peça para os alunos se dividirem em grupos com até quatro integrantes. Cada grupo deverá compor de dois a quatro versos para a paródia da marchinha e peça para que os versos citem: “o poder da oligarquia”, “a crise no café”, “política do café com leite”, “os fins da Primeira República”, a “revolução de 1930”, entre outros temas que surgirem durante o debate nas aulas. Separe 15 minutos da aula para esse momento.

5. Conclusão: produza a marchinha da turma.
Ao final da aula, ajude os estudantes a copilar os versos criados coletivamente, com o objetivo de produzir uma única marchinha da turma. Lembre-se: a marchinha deve contextualizar o cenário econômico, social e político da última década da Primeira República.

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