Atividade: conversa e brincadeira na hora do desfralde
A distância, auxilie os pais e responsáveis a dialogarem com os pequenos sobre o uso do banheiro sem pressioná-los ou inibi-los
O desfralde é uma importante etapa do desenvolvimento infantil, mas que pode ser bastante desafiadora para crianças, famílias e educadores. É preciso considerar que os bebês e as crianças bem pequenas ainda não têm total controle sobre os esfíncteres urinário e intestinal, além de ainda estarem se adaptando socialmente a quando, como e onde devem urinar e defecar. A falta de entendimento sobre esse processo pode fazer com que os adultos fiquem ansiosos ou mesmo percam a paciência.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), “no Brasil, a média de idade de início do treinamento esfincteriano é em torno dos 22 meses, com média de conclusão aos 27,4 meses, geralmente mais precoce nas meninas”. A SBP ressalta também que cada criança tem um desenvolvimento individualizado e, por isso, a idade não é o único critério para decidir quando iniciar o desfralde.
Algumas habilidades físicas e emocionais fundamentais são: capacidade de imitar o comportamento dos adultos; autonomia; andar e estar apto a sentar de modo estável e sem ajuda; entender e seguir instruções simples; usar palavras, expressões faciais ou movimentos que indicam a necessidade de urinar ou evacuar (leia mais no site da SBP).
Vládia Pires, supervisora pedagógica da rede municipal de ensino de Campina Grande (PB) e responsável pela adaptação dos planos de atividade de NOVA ESCOLA para o ensino remoto, conta que alguns pais e professores querem obrigar a criança a usar o banheiro e reclamam quando ela faz xixi ou cocô na roupa. Quando essa pressão acontece, ela pode se sentir reprimida e segurar as próprias fezes, gerando prisão de ventre, ter dificuldade para conhecer o próprio corpo, não querer ir ao banheiro na escola porque só confia nos pais para ajudá-la e estagnar-se no desenvolvimento do controle esfincteriano. “É muito comum não planejarmos esse tipo de situação, que é muito vista como algo da rotina que vai acontecer mesmo sem planejamento. Mas quando você planeja e conduz com sensibilidade, a ida ao banheiro se torna especial, a criança ganha autoconfiança, quer alcançar esse desafio e se superar”, comenta a supervisora.
ATIVIDADE: ORIENTANDO OS PAIS A CONVERSAREM COM AS CRIANÇAS SOBRE O BANHEIRO
Na hora do desfralde, uma boa comunicação com os pequenos aliada a brincadeiras pode favorecer o processo
Indicado para: crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)
Materiais: Imagens (impressas ou digitais) de crianças com características físicas diversas que demonstrem: estar apertadas para ir ao banheiro; aliviadas após fazer xixi ou cocô; fazendo caras e expressões corporais ao fazerem cocô; correndo para chegar ao banheiro ou fazendo a higienização das mãos.
Na BNCC: EI02ET06, EI02EO02 e EI02EO04
PASSO A PASSO
1. Convide as famílias: Em uma reunião de pais, ou por meio de mensagens, converse com as famílias sobre o processo de desfralde das crianças. Pergunte se eles têm alguma dúvida ou comentário.
2. Conversa com os pequenos: Selecione imagens de crianças diversas, para que os pequenos possam apreciar e fazer imitações de expressões geralmente feitas antes e depois de se usar o banheiro e envie para as famílias. Peça que os pais conversem com a criança sobre o banheiro e seu processo de desfralde para que ela possa compartilhar dúvidas e curiosidades.
PONTO DE ATENÇÃO: É muito importante que os adultos não deem muitas ordens. A conversa deve seguir em um caminho em que a criança possa expressar seus sentimentos, inseguranças e dúvidas. Com base no que ela trouxer, o adulto poderá respondê-la.
3. Imitando expressões: Utilizando as imagens pré-selecionadas, a família pode brincar de imitar expressões. Pergunte para a criança: “Qual criança parece estar apertada para ir ao banheiro... qual está aliviada após fazer xixi ou cocô? Essa aqui está lavando as mãos. Em qual momento devemos fazer isso?” Adultos e crianças também podem brincar de faz de conta fingindo estar com vontade de ir ao banheiro: fazer expressões, pedidos, correr até o banheiro, dar descarga, lavar as mãos.
4. Rotina dos pequenos: Sugira que os pais observem os momentos em que a criança faz xixi e cocô; geralmente depois de comer e beber algo. Caso a criança não diga nada, o adulto pode oferecer o banheiro. Diga que, da próxima vez que sentir vontade, ela mesma pode pedir. No começo, um adulto deve acompanhá-la, mas com o tempo é preciso entender e respeitar a vontade da criança de ficar sozinha.
5. Paciência é fundamental: Como o desfralde é um processo, mesmo que já consiga utilizar o banheiro, a criança vai urinar e defecar na roupa algumas vezes, acordada ou dormindo. Quando isso acontecer, o adulto precisa ser paciente e demonstrar que continuará apoiando-a. Diga que está tudo bem e que, em breve, ela conseguirá sempre fazer no banheiro. Leve a criança para escolher outra calcinha ou cueca e roupa no guarda-roupa e depois para colocar a suja para lavar.
PONTO DE ATENÇÃO: Na medida do possível, deixe que a própria criança escolha qual roupa limpa quer colocar, se vista e coloque a suja no lugar de lavagem. Isso vai aumentar sua autonomia.
6. Para compartilhar: Caso seja possível, utilize um momento da reunião de pais para que eles contem como foi essa conversa com a criança e como está sendo seu treinamento esfincteriano. Ou peça que mandem mensagens de texto e áudio para você sobre isso. Valorize a participação dos adultos e crianças e continue incentivando-os.
Esta sugestão de atividade foi adaptada da sequência Desfralde, com 5 planos de atividade criados por Leda Barbosa, professora-autora do Time de Autores de NOVA ESCOLA, de Brasília (DF). Para conferir todos os planos da sequência, clique aqui.
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