10 livros sobre cultura afro-brasileira e representatividade para ler com os pequenos

A literatura infantil afro-brasileira e africana oferece uma série de saberes que são fundamentais para o desenvolvimento das crianças. Emoções, sentimentos, ancestralidade, imaginação e muitos outros aspectos podem ser trabalhados a partir das páginas literárias. Com ajuda de Lorena Ramos, pedagoga e contadora de histórias, preparamos uma lista com dez títulos que você pode incluir nos momentos de contação de histórias com a turma.
 
PARA LER COM AS CRIANÇAS: 10 LIVROS

1. Meu Crespo É de Rainha
bell hooks, Boitatá, 32 págs., R$ 35

Publicada no Brasil pelo selo Boitatá, a obra apresenta às meninas brasileiras diferentes penteados e cortes de cabelo de forma positiva, alegre e elogiosa. A narrativa poética é um convite para as crianças se orgulharem de quem são e de seu cabelo 'macio como algodão' e 'gostoso de brincar'. Meu Crespo É de Rainha traz a história de uma menina que ama seu cabelo, mostrando todas as possibilidades de arrumá-lo. “O livro trata da valorização da estética negra a partir do cabelo crespo, e com isso é possível trabalhar a construção dessa identidade com as crianças de maneira simples e divertida”, comenta Lorena Ramos.

2. Sulwe
Lupita Nyong’o, Rocco Pequenos Leitores, 48 págs., R$ 59,90

Esse é o primeiro livro infantil da atriz queniano-mexicana Lupita Nyong'o, vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante pelo filme 12 Anos de Escravidão. Sulwe, que significa estrela, tem a pele da “cor da meia-noite, mais escura que qualquer um de sua família ou escola”. A obra, publicada pela Simon & Schuster, traz uma reflexão sobre padrões estéticos e a importância de reconhecer valor e beleza em si mesmo desde a infância. “O livro aborda a questão do colorismo ao contar a história de uma menina negra de pele retinta que gostaria de ter a pele mais clara. Dialogando com sua família e com o mundo imaginário, Sulwe vai se empoderando aos poucos, entendendo que sua pele é tão bonita quanto a cor do céu à meia-noite”, reflete Lorena. 

3. OMO OBA – Histórias de Princesas
Kiusam de Oliveira, Mazza Edições, 48 págs., R$ 35

A obra publicada pela Mazza Edições apresenta seis recontos de mitos africanos de comunidades de tradição ketu. Cada um desses textos tem como personagens jovens princesas iorubás que representam as fortes características femininas: Oiá, Oxum, Ajê Xalungá, Iemanjá, Olocum e Oduduá. “O livro é riquíssimo para se trabalhar em sala de aula a desmistificação das religiões de matriz africana. Pode-se dizer que vem como um combate à intolerância religiosa, além de trazer a importância da oralidade com o recontar de histórias, tradição que mantém viva a cultura e ancestralidade africana”, diz Lorena. 

4. Amoras
Emicida, Companhia das Letrinhas, 44 págs., R$ 20,93

Esse é o primeiro livro do rapper Emicida, publicado pela Companhia das Letrinhas. A obra nasceu a partir da música Amoras, do álbum Sobre crianças, quadris, pesadelos e lições de casa, e mostra com muita poesia a importância de nos reconhecermos no mundo e nos orgulharmos de quem somos desde a infância. “Amoras é aquele típico livro que deixa nosso  coração quentinho. Com muita simplicidade e afeto, compara a doçura da fruta com a de meninas negras. 'As pretinhas são o melhor que há!' O livro traz a importância de se olhar de forma positiva e ter orgulho de si!”, ressalta Lorena.

5. As Tranças da Minha Mãe
Ana Fátima, Uirapuru, 32 págs., R$ 39

Este pequeno livro tem como protagonista da história o jovem Akin e apresenta a relação afetiva entre ele, sua mãe Najuma, e o seu pai Amin. Toda a narrativa levanta questões que vão além da estética visual e apresenta nas tranças o significado da força ancestral que tem a matriz africana como origem. “O livro é ainda mais interessante por trazer para o centro um menino negro cheio de sensibilidade, afeto e cuidado, quebrando o estereótipo de força e virilidade que tanto assola os homens negros”, diz Lorena.

6. Meninas Negras
Madu Costa, Mazza Edições, 24 págs., R$ 15

A obra faz parte de uma coleção que foca na identidade afrodescendente e na imaginação infantil. De modo lúdico e poético, reforça a autoestima da criança a partir da valorização da sua cultura e sua cor. São três personagens: Mariana, Dandara e Luanda, cada uma com uma personalidade diferente, mas todas se reconhecem enquanto negras desde pequenas. “Essa obra da Madu Costa faz um resgate à ancestralidade africana de forma sintetizada e lúdica, trazendo a importância de discutir raça, cultura e ancestralidade com as crianças”, argumenta a pedagoga.

7. Sinto o Que Sinto: E a incrível história de Asta e Jaser
Lázaro Ramos, Carochinha, 48 págs., R$ 33,92

Escrito pelo ator Lázaro Ramos com base em um personagem da animação Mundo Bita, o livro conta a história de Dan, que percebe novos sentimentos ao longo de seu dia em diferentes situações. À noite, em casa e quase pronto para dormir, o jovem ouve uma história muito especial de seu avô sobre seus ancestrais, que o fazem pensar sobre tudo o que sente.  “A partir dessa narrativa é possível trabalhar a importância de reconhecer os próprios sentimentos sem reprimi-los, e como o fato de conhecer nossa história nos ajuda a entender quem realmente somos”, sugere Lorena. A obra ajuda as crianças a descobrirem a raiva, alegria, o orgulho e a entender que é normal sentir tudo isso ao mesmo tempo.

8. Obax
André Neves, Brinque-Book, 36 págs., R$ 31,90

“Quando o sol acorda no céu das savanas, uma luz fina se espalha sobre a vegetação escura e rasteira. O dia aquece, enquanto os homens lavram a terra e as mulheres cuidam dos afazeres domésticos e das crianças. Ao anoitecer, tudo volta a se encher de vazio, e o silêncio negro se transforma num ótimo companheiro para compartilhar boas histórias”, é assim que começa o livro de André Neves, vencedor do Premio Jabuti. A obra retrata a vida de Obax, uma menina que adora inventar e contar histórias. “O problema é que ninguém acredita nas aventuras mirabolantes que ela conta, já que a mente dele viajava. Essa é uma história apaixonante e que permite trabalhar a imaginação e criatividade das crianças”, diz Lorena.

9. O Menino Nito: Então homem chora ou não? 
Sônia Rosa, Pallas, 16 págs., R$ 29

Nito é um menino que chorava por tudo. Um dia, ele foi pego de surpresa por um comentário: “Você é um rapazinho, já está na hora de parar de chorar à toa. Homem que é homem não chora”. A partir daí, o pequeno começou a guardar seu choro dentro de si. Publicada pela Editora Pallas, a obra de Sônia Rosa é de extrema importância para todas as crianças, principalmente para os meninos que desde cedo aprendem que devem ser sempre fortes e nunca chorar.

“Sabemos que reprimir os sentimentos não é bom e tornar isso recorrente pode causar grandes problemas emocionais ao decorrer da vida. O Menino Nito ensina que existem momentos em que realmente precisamos colocar o choro para fora, seja homem, mulher, adulto ou criança”, comenta Lorena.

10. O Pequeno Príncipe Preto
Rodrigo França, Nova Fronteira, 32 págs., R$ 39,90

A obra publicada pela Nova Fronteira apresenta força e a importância de termos laços de carinho e afeto. Além disso, mostra de maneira lúdica o afrofuturismo: uma proposta cultural de retorno ao passado para ressignificar o presente e construir um novo futuro. 

“Esse incrível texto tem origem numa peça teatral que fez sucesso no Brasil todo. O pequeno príncipe Preto reforça a importância de conhecer e valorizar a cultura africana. Através da viagem por diversos planetas, o menino vai ao encontro da sua ancestralidade. É um ótimo livro para que as crianças conheçam o baobá, árvore considerada sagrada na África e a maior companheira do garoto na história”, diz Lorena.