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Gracyanne, Ana Paula e Giselli: união é a força do trio de pedagogas

Trabalho coordenado entre as três, e a direção, tem sido essencial para dar suporte aos professores e apoiar as famílias no contexto remoto

Retrato ilustrado das pedagogas  Gracyanne Medina Pestana, Ana Paula Lima Poleti e Giselli Negrelli Santos (da esquerda para direita).
Ilustração: Nathalia Takeyama/NOVA ESCOLA

A pandemia parece ter unido ainda mais a equipe de pedagogas da CMEI Silvanete da Silva Rosa Rocha, de Vitória (ES). O trabalho consistente realizado anteriormente à paralisação de atividades, em 2020, tem sido importante para manter viva a rotina escolar da equipe de 36 docentes com as mais de 300 famílias da comunidade do bairro São Pedro, na periferia da capital capixaba. Em 2016, a instituição dobrou de tamanho, pulando de 5 para 12 turmas, e tornou-se referência estadual em Educação Infantil em turno integral, com atividades das 7 às 17 horas. 

“Eu falo em nome de uma equipe, não há trabalho sozinha aqui”, ressalta Ana Paula Lima Poleti, pedagoga. Ela atua de maneira coordenada com Giselli Negrelli Santos e Gracyanne Medina Pestana, além de Waldirene de Freitas Gonçalves do Carmo – professora que ocupa provisoriamente o cargo de direção –, para contornar as limitações impostas pela pandemia. Enquanto os professores estão em trabalho remoto, as quatro ficam na escola e aproveitam os encontros para se apoiarem mutuamente. “Olhar para os nossos espaços vazios é muito duro pra gente”, reflete Giselli. 

Antes da pandemia, uma das ações que mobilizavam a escola, em especial a equipe de pedagogas, era a definição do tema do projeto institucional, que seria trabalhado pela comunidade escolar ao longo de todo o ano. Ao contar sobre eles, em entrevista a NOVA ESCOLA, o tom de voz de todas muda: é alegre e festivo, sensações que elas buscavam estimular nas oficinas com as famílias ou nas visitas externas realizadas com as crianças.

Em 2020, o tema escolhido para o projeto institucional foi “Pocando nas dEScobertas”. “Pocar” é expressão capixaba que, no dicionário, significa “estourar que nem pipoca”, mas que, nas conversas, é usada para contar algo que “bombou”, ou “lacrou”, para indicar expressão sinônima bem atual. O objetivo era desenvolver propostas para aliar a cultura regional com informações sobre ciência. 

Com a pandemia, todas as atividades foram adiadas e o trabalho diário mudou de perspectiva. O grupo mobilizou-se para apoiar as famílias. “Sabemos que há muitas pessoas com dificuldade financeira. Por isso, nos organizamos em três momentos para realizar entregas de cestas básicas. A escola sempre teve cinco refeições e muitas crianças dependiam delas para se alimentar”, conta Giselli. “Tudo isso mexe muito com o nosso emocional”, completa.

Oferecer suporte aos docentes na difícil tarefa de manter, mesmo a distância, os laços de afeto com as crianças tem sido um desafio. O grupo mobilizou-se para apoiar as atividades remotas com criação de vídeos compartilhados via Facebook e WhatsApp, além da plataforma AprendeVix, usada pela rede municipal. 

Em conjunto, as pedagogas e a direção conseguiram atualizar o projeto político-pedagógico (PPP) da escola, algo que queriam fazer há tempos, contam. Também participaram da construção coletiva, com os demais professores da rede, dos Temas Infantis de Vitória materiais  que sugerem brincadeiras e experiências de aprendizagem para as famílias aplicarem com as crianças em casa.

Os preparativos para a retomada 

A volta às atividades presenciais na capital capixaba continua incerta. A equipe analisa os documentos com orientações para as adaptações necessárias nos espaços compartilhados, ainda sem saber se será possível reativar o turno integral. De qualquer maneira, segue unida na busca por opções para apoiar os demais profissionais, e pensando em estratégias para adequar o projeto “Pocando nas dEScobertas” ao ensino remoto.

“Nós, como pedagogas, temos de ter muito equilíbrio para contornar as situações difíceis. Foram muitas as perdas para todos da comunidade escolar, incluindo nossas próprias famílias”, conta Ana Paula. As preocupações, porém, não se restringem ao acolhimento. A Educação Infantil tem como eixos estruturantes a brincadeira e a interação, algo que perde muito com a imposição de restrições ao contato físico, seja no ensino remoto, seja no presencial com protocolos sanitários. “Os professores estão sofrendo com o trabalho distante e com receio de ocorrer uma desconstrução das conquistas desta etapa de ensino”, desabafa a pedagoga. A solução, mais uma vez, será contar com a força do coletivo. “Entre acertos e erros, temos de nos adaptar à nova realidade”, conclui. 

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