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VÍDEO: Com a mão na terra, as crianças salvaram a lavoura

Na EMEI Tide Setúbal, em São Paulo, o projeto de minhocário e composteira trouxe vida à horta e ajudou os pequenos a exercitar a afetividade

A educadora Tamiris Cominato apresenta as minhocas para as crianças na EMEI Tide Setúbal, em São Paulo   Foto: Reprodução/Vimeo

Tudo começou com uma horta em que cada uma das seis salas da EMEI Tide Setúbal, no Itaim Bibi, em São Paulo, plantou milho, mandioca, salsinha, salsão, manjericão, cebolinha, alface, tomate, beterraba. O entusiasmo das turmas do Infantil 1 (de 4 a 5 anos) e Infantil 2 (de 5 a 6 anos) era grande, até que pragas começaram a destruir o plantio. Como fortalecer a horta? O problema foi resolvido com a construção de um minhocário e uma composteira, projeto desenvolvido desde 2018 pelas professoras Gabriella de Albuquerque Rodrigues Palma e Tamiris Ribeiro Caminato. 

Participar de cada etapa do processo, colher folhas para forrar as caixas, picar alimentos, separar os restos da merenda, conseguir os potes e baldes para fazer a Casa das Minhocas, como gostam de chamar o lugar onde os bichinhos são as grandes estrelas – pois transformam resíduos orgânicos em adubo – tem sido uma experiência enriquecedora. “É um ótimo jeito de exercitar a afetividade”, diz a coordenadora da escola, Rosely Tosello. “Trabalhamos valores pessoais, o cuidar do outro, o respeito à natureza, eles adoram”, enfatiza. “A Educação Infantil descobriu a importância de ouvir a criança, o que ela gosta e o que a torna feliz”.

O envolvimento das turmas é empolgante. “Quando o minhocário ficou pronto, as crianças piraram”, conta a professora Gabriella. Antes da criação propriamente dita do lugar onde, como por mágica, entram restos de alimentos e minhocas e ao final de um mês se recolhe fertilizante natural, Gabriella e sua colega Tamiris promoveram um levantamento de hipóteses sobre esses pequenos animais, reunidas num texto coletivo. Será que a minhoca é geladinha? Será que ela faz buraco na terra? Será que ela fica grávida? “O ápice foi quando as crianças pegaram os bichinhos na mão. Muitos não queriam, outros explodiram de alegria. Ao longo do processo foram desenvolvendo afeto por esses seres. Foi lindo ver um garotinho ir vencendo o medo e conseguir pegar a minhoca.”

Sair do abstrato e entrar no fazer, no colocar a mão, é um elemento fundamental no desenvolvimento infantil, avalia a especialista Fernanda Pinho. “É muito importante a experiência que esses pequenos vão viver ao cuidar do minhocário e da composteira. Isso vale mais do que a parte conceitual. Esse fazer, usar o corpo, testar sensações, incentiva a autonomia, ajuda a desenvolver habilidades como aprender a amarrar o tênis, vestir a roupa.”

Uma vez por mês, ocorre a contagem de minhocas, registrada num gráfico. “Comecei com umas dez e em menos de três meses havia cerca de cem”, constata Gabriella. O tema também rende brincadeiras e jogos. Com a ajuda dos pequenos, a professora Tamiris fez um fantoche em forma de minhoca usando meias velhas. O teatrinho da minhoca já um sucesso.

Projeto ponto a ponto

1. Gabriella e Tamiris coletaram potes e baldes grandes. Depois, prepararam os recipientes com furos diversos (8 ou mais) feitos perto da tampa e nas laterais.

2. Na etapa seguinte, foi feita a montagem da estrutura e a introdução de aproximadamente 10 minhocas, obtidas por doação.

3. Com as crianças, as professoras passaram a reunir as sobras de merenda, reaproveitando cascas e verduras que iriam para o lixo.

4. Periodicamente, a turma faz a contagem das minhocas para ter controle sobre a reprodução.

5. Também foi construída uma composteira, na qual não há restrição de alimentos, como no Minhocário, onde não se deve colocar frutas cítricas, carne, temperos, papéis, óleos e gorduras ou fezes de animais.

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