Para usar com as crianças

5 sugestões de brincadeiras e jogos indígenas para incluir no cotidiano das crianças

Ao apresentar as atividades para a turma, utilize mapas, vídeos e imagens que contextualizam a origem da brincadeira

Ilustração de crianças brincando e correndo umas atrás das outras, ao redor, brinquedos indígenas como peteca.
Ilustração: Thiago Lopes (Estúdio Kiwi)/NOVA ESCOLA

As interações e as brincadeiras são eixos estruturantes das práticas pedagógicas, de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) de Educação Infantil, que considera esses momentos essenciais para o desenvolvimento, a aprendizagem e a socialização das crianças. Para os povos indígenas, além de divertir, os jogos e as brincadeiras também permitem que as crianças entendam as histórias e os valores importantes para sua cultura, como, por exemplo, força, velocidade e memória. 

Cada povo tem as próprias brincadeiras, e algumas se repetem em diferentes culturas, mesmo com variações. Há brincadeiras e jogos só de crianças, mas outras envolvem também os jovens e os adultos e são realizadas em festas e cerimônias. Em algumas delas, é preciso construir o brinquedo antes, o que também faz parte da brincadeira. A seguir, apresentamos cinco sugestões que podem ser realizadas na escola ou indicadas para as famílias brincarem em casa. Ao planejar essas atividades, utilize mapas, imagens e vídeos para contextualizar para as crianças o que elas farão e mostrar de qual povo é aquele jogo.

divisóriaPeteca ou Tobdaé 


Origem: Xavantes

Indicado para: crianças bem pequenas e pequenas 

Na BNCC: EI02TS02 - Utilizar materiais variados com possibilidades de manipulação (argila, massa de modelar), explorando cores, texturas, superfícies, planos, formas e volumes ao criar objetos tridimensionais.

EI02CG02 - Deslocar seu corpo no espaço, orientando-se por noções como em frente, atrás, no alto, embaixo, dentro, fora etc., ao se envolver em brincadeiras e atividades de diferentes naturezas.

EI03EO06 - Manifestar interesse e respeito por diferentes culturas e modos de vida.


Bastante famosa em todo o país, a peteca é utilizada inclusive por não indígenas, que muitas vezes não conhecem sua origem. A palavra peteca vem do tupi e significa “tapear”, “golpear com as mãos”, o que já indica a maneira de jogar. Há muitos modelos à venda, mas é possível confeccionar o brinquedo como parte da experiência. O tobdaé, a “peteca” dos xavantes, é feita de palha e fio de buriti e seu modo de jogar também se diferencia dos mais convencionais, aproximando-se do que conhecemos por “queimada”. 

Com as crianças pequenas, procure por palhas, folhas de árvores caídas, barbantes e outros materiais (preferencialmente de origem natural ou reciclados) que possam servir para a confecção dos tobdaés. É importante que cada criança confeccione mais de um, pois são necessários três tobdaés para cada jogador. A partida é disputada por apenas dois jogadores por vez (ótima opção quando é necessário praticar o distanciamento social). Não há linhas que demarcam os campos. O objetivo é arremessar os tobdaés no adversário ao mesmo tempo que desvia de seus ataques. O primeiro a ser atingido é substituído por outro jogador e a partida recomeça. Veja a dinâmica do jogo neste vídeo.

PARA SABER MAIS
Confira aqui diferentes maneiras de confeccionar petecas.

divisóriaBrincadeira da onça 


Origem: Panarás

Indicado para: Crianças pequenas 

Na BNCC: EI03CG02 - Demonstrar controle e adequação do uso do seu corpo em brincadeiras e jogos, escuta e reconto de histórias e atividades artísticas, entre outras possibilidades.

EI03EO06 - Manifestar interesse e respeito por diferentes culturas e modos de vida.


Nessa brincadeira, as crianças poderão se revezar no papel de animais importantes do cotidiano dos panarás – pássaro que avisa sobre o perigo, onça que ataca e porcos, que ouvem o aviso e tentam fugir. Funciona assim: uma criança é escolhida para ser a onça e outra para ser o pássaro; as demais são os porcos e se sentam em fila uma atrás da outra com as pernas abertas. O objetivo é que a última pessoa da fila saia de seu lugar para sentar-se em primeiro, mas isso só pode ser feito quando o pássaro avisar que é seguro. Se a onça consegue pegar o porco antes que ele atinja esse objetivo, leva-o para um canto. A brincadeira continua até a onça pegar todos os porcos. Você pode verificar detalhes da brincadeira neste plano de aula.

divisóriaBrincadeira do tucunaré 


Origem: Panarás

Indicado para: Crianças pequenas

Na BNCC: EI03CG02 - Demonstrar controle e adequação do uso de seu corpo em brincadeiras e jogos, escuta e reconto de histórias e atividades artísticas, entre outras possibilidades. 

EI03EO06 - Manifestar interesse e respeito por diferentes culturas e modos de vida.


Quem criou esse jogo foi Perankô, professor panará da Escola Indígena Matukre, em Guarantã do Norte (MT). A inspiração veio da observação da dinâmica dos peixes tucunarés no rio. Antes de começar a brincadeira é preciso demarcar o espaço: com paus e barbantes ou com riscos de giz no chão, faça um quadrado dentro do outro, sendo o de dentro o “fundo” e o de fora o “raso”. No de dentro, ficam quatro crianças representando os tucunarés, que querem pegar os peixes pequenos. Já no quadrado de fora há seis “portas” por onde as crianças, que são peixinhos, podem escapar. Os tucunarés não podem ficar muito tempo no espaço “raso” e também não podem sair pelas portas para pegar os peixinhos. Os peixinhos capturados são levados para o “fundo”. Aqui, imagens de indígenas brincando.

divisóriaHeiné Kuputisü


Origem: Kalapalos

Indicado para: Crianças pequenas 

Na BNCC: EI03CG02 - Demonstrar controle e adequação do uso de seu corpo em brincadeiras e jogos, escuta e reconto de histórias e atividades artísticas, entre outras possibilidades. 

EI03EO06 - Manifestar interesse e respeito por diferentes culturas e modos de vida.


Esse é um jogo de resistência e equilíbrio bem simples, mas que poderá ser feito várias vezes para que as crianças desenvolvam as habilidades necessárias. O professor deverá marcar uma linha de partida e uma de chegada e as crianças deverão percorrer esse trajeto pulando em uma perna só. Geralmente, as pessoas tentam alcançar a meta pulando rápido, mas o objetivo não é chegar primeiro, mas sim, conseguir ir o mais longe possível sem apoiar os dois pés no chão. Duas crianças devem jogar por vez, cada uma representando uma equipe. Confira aqui um grupo brincando.

divisóriaCama de gato


Origem: Várias comunidades

Indicado para: Crianças pequenas

Na BNCC: EI03CG05 - Coordenar suas habilidades manuais no atendimento adequado a seus interesses e necessidades em situações diversas.

EI03EO06 - Manifestar interesse e respeito por diferentes culturas e modos de vida.


Popularmente conhecida como cama de gato, a brincadeira já está presente em diversas comunidades indígenas e não indígenas do Brasil. Ela recebe também outros nomes: jogo do cordel, jogo da linha, jogo da guita, jogo do berço, jogo da serra, jogo da bandeira e pé de galo. O desafio é criar diferentes figuras utilizando um único fio (geralmente de barbante), que é passado pelos dedos de diferentes maneiras. Entre os indígenas, o objetivo é criar figuras presentes no cotidiano ou nas histórias das aldeias, como estrela, rede, casa, pássaro, tamanduá, lua e peixe, entre outros. Em alguns casos, as armações são transportadas para os dedos de um segundo participante. Confira no canal do Território do Brincar exemplos de como construir as figuras de barbante.

divisória de encerramento

Mais sobre esse tema