Passo a passo: o clássico jogo da memória vai para o virtual

O jogo da memória foi criado na China no século 15 e era formado por um baralho de cartas duplicadas com figuras que se repetiam. Desde aquele período, ele funciona do mesmo jeito: no início do jogo, as peças são colocadas com as figuras voltadas para baixo e cada participante, na sua vez, vira duas peças e deixa que todos as vejam. Caso as figuras sejam iguais, o participante deve recolher consigo esse par e jogar novamente. Se forem diferentes, passa a vez para o próximo. Quem terminar com mais pares ganha. Caso seja jogado individualmente, o jogador pode autoavaliar o tempo que levou para concluir. Clássico, o jogo faz sucesso com as crianças. 

Na história recente, o jogo foi parar nos dispositivos digitais, o que atrai mais ainda o interesse dos pequenos e oferece uma opção aos professores que estão atuando no contexto de atividades remotas. Segundo Evandro Tortora, professor de Educação Infantil na rede municipal de Campinas (SP) e colunista de NOVA ESCOLA, o jogo da memória possibilita a construção de conhecimentos diversos, uma vez que as crianças precisam criar relações entre as imagens e as posições delas no tabuleiro ou, no caso do computador, na tela. “Tradicionalmente, esse jogo trabalha estratégia e concentração, pois a criança precisa observar as figuras que já apareceram e tentar memorizá-las. Inicialmente, ela pode começar virando as cartas aleatoriamente, mas logo perceberá que é preciso construir estratégias para se sair melhor”, comenta Evandro. E, assim, elas podem, por exemplo, fazer representações mentais das jogadas. “Se ele virar tal imagem, eu já sei qual outra peça eu vou virar na minha vez.”

A depender da intencionalidade pedagógica, outros conhecimentos podem ser abordados de acordo com as imagens que farão parte do jogo. “É possível, por exemplo, relacionar numeral e quantidade nas imagens, o que ajuda a introduzir conceitos matemáticos”, explica o professor. Neste caso, você pode colocar um par com a representação numérica e, no outro, desenhos que indiquem a quantidade relativa: duas bolas, três estrelas e assim por diante. Outra opção é usar imagens de animais e trabalhar as características deles. 

Na sugestão preparada pelo professor Evandro, você confere um tutorial de como criar o jogo em uma plataforma digital e também o passo a passo para desenvolver a atividade com a turma. O jogo está proposto para ser disputado entre a criança e o computador, o que permite que ela jogue sozinha. Mas você pode incentivar a participação de algum familiar.

Atividade em casa: elabore um jogo da memória e envie para as crianças

Atividade permite trabalhar concentração e estratégia

Indicado para: Crianças pequenas (4 anos a 6 anos e 2 meses) 

Materiais: Acesso à internet para utilizar a plataforma digital Wordwall e imagens que vão compor o jogo. 

Na BNCC:
EI03ET05 - Classificar objetos e figuras de acordo com suas semelhanças e diferenças.

EI03EO02 - Agir de maneira independente, com confiança em suas capacidades, reconhecendo suas conquistas e limitações.

EI03EO03 - Ampliar as relações interpessoais, desenvolvendo atitudes de participação e cooperação.

PONTO DE ATENÇÃO: Outros objetivos poderão fazer parte do seu plano, a depender do conteúdo a ser abordado no jogo da memória.

PASSO A PASSO

1. Planeje o jogo - Reflita sobre os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que quer trabalhar com a turma para poder definir qual jogo irá criar, ou seja, quais pares de imagens irá utilizar e em qual quantidade.

2. Crie o jogo virtual - Há diversas opções de recursos digitais que podem ajudá-lo a elaborar jogos. Escolhemos o Wordwall por ser gratuito e de fácil utilização. Ele permite a criação de até cinco atividades gratuitas por conta. O jogo de memória é apenas uma das possibilidades. Você pode explorar várias outras. No vídeo a seguir, confira um tutorial de como criar um jogo de memória. 

3. Teste o jogo - Após construir o jogo, verifique se ele atende às suas expectativas e confira os textos e as imagens que você inseriu antes de enviá-lo às crianças. A depender do jogo, você pode pensar em acrescentar mais peças ou retirar outras de maneira a torná-lo mais fácil ou mais desafiador para a turma. 

4. Investigue como as crianças estão executando a proposta - Envie o link para as crianças jogarem. Depois, investigue como elas estão executando a proposta e incentive novas maneiras de jogar. Por exemplo, você pode sugerir que as crianças ajam colaborativamente com um membro da família para buscar todos os pares correspondentes no jogo da memória ou estimular que elas façam uma competição para verificar quem resolve o jogo em menos tempo. 

5. Avalie e replaneje a atividade - Proporcione um período para que as crianças joguem. Depois, pergunte a elas o que acharam dos jogos e tente saber se foi muito fácil ou muito difícil. Verifique também a compreensão dos demais objetivos. Você pode pensar em perguntas-chave que irão auxiliá-lo a investigar essas informações. Por exemplo, se o jogo buscava introduzir conceitos sobre a diferença entre aves, mamíferos, peixes e outros seres vivos, você pode fazer perguntas como “Qual era a figura que estava representando as aves?” ou “qual era o mamífero apresentado no jogo?”. Toda essa conversa servirá como uma possibilidade avaliativa da aprendizagem das crianças e pode acontecer pelo WhatsApp ou, se preferir, em uma live ou videochamada com a turma. Neste caso, você pode jogar com as crianças. Com as informações levantadas, pense em como tornar o jogo mais desafiador. Você pode, por exemplo, incluir números maiores ou formas geométricas diferentes quando a proposta é trabalhar conceitos matemáticos com relações de numeral e quantidade.