Para saber mais sobre a prática

Como usar múltiplas linguagens para o aprendizado na Educação Infantil

Estratégias para diversificar as propostas e ampliar as possibilidades de significação para as crianças

Ilustração de objetos escolares, caixas e livros.
Ilustração: Renata Miwa/NOVA ESCOLA

Música, desenho, dança, teatro, poesia, cinema, escultura, grafite, fotografia, pintura, literatura, história em quadrinhos, jogral, produção audiovisual e por aí vai: você já parou para pensar em quantas possibilidades de linguagem existem no mundo e como usá-las na Educação Infantil pode colaborar com o desenvolvimento das crianças?

“As linguagens dentro de uma escola de Educação Infantil devem ser tão diversas quanto são as da humanidade. Por isso é tão importante olhar para o mundo e pensar: quais são as expressões? As possibilidades são infinitas, inclusive, as que utilizam as tecnologias”, afirma Karina Rizek, consultora da Avante Educação e Mobilização Social e formadora na Escola de Educadores.

Trazer essa diversidade é uma preocupação presente na EMEI Julio Alves Pereira, situada em São Paulo, onde a professora Lidiane Loiola atua. Segundo Lidiane, é a partir de um repertório amplo que a criança vai conseguir se expressar com igual amplitude, uma vez que terá acessado diferentes possibilidades. 

Para que isso ocorra, é preciso que o professor pesquise sobre as linguagens e, sobretudo, esteja aberto para ouvir o que os pequenos têm a dizer. Karina diz que, depois de um ano e meio de pandemia, certamente as crianças trarão muitos repertórios de coisas que aprenderam a fazer durante o isolamento. “Muitas dessas coisas o professor nunca havia considerado antes”, comenta. Por isso, além de diversificar as propostas, é essencial estar atento e acolher o que as crianças trouxerem para o ambiente escolar. 

Confira algumas dicas das especialistas para trabalharem múltiplas linguagens com as crianças:

1. Lembre-se de que as crianças são protagonistas. O que importa é a vivência, o conhecimento e a forma como elas enxergam e lidam com o mundo. O educador nunca deve dizer como e o que ela deve expressar. Isso não vale apenas para o contexto da pandemia, mas para todo o processo de desenvolvimento e aprendizagem, conforme preconiza a BNCC.

2. Pense de forma integral. Ao trabalhar com os seis direitos de aprendizagem previstos na Base, não pense de forma separada, pois a criança é uma só.

3. Explore o potencial dos materiais do dia a dia. Explore objetos que proporcionem às crianças o acesso a diferentes formas de interação, como tampinhas de garrafa. “Quando brinca com tampinhas de garrafa, por exemplo, a criança está acionando diferentes linguagens. Ela pode bater uma tampinha na outra e produzir um som, pode classificar as tampinhas por cores ou usá-las para construir desenhos etc.”, explica Lidiane Loiola.

4. Amplie o repertório cultural. Pense em como as crianças podem se expressar, por exemplo, a partir da escuta de variados gêneros e manifestações musicais. De tempos em tempos, você pode trabalhar com elas estilos como rock, frevo, música clássica, além de outros estilos típicos da sua região. Outra possibilidade é abordar as danças contemporâneas e outros estilos que oportunizem a expressão das crianças com o corpo por meio de movimentos soltos, evitando os gestos mecanizados e repetitivos.

5. Trabalhe com temas livres. Permita que as crianças possam colocar na tela e no papel aquilo que estão sentindo ao incentivá-las a pintar e desenhar livremente. Amplie também as possibilidades de riscantes, tais como giz, carvão, pincéis de diferentes estilos e tamanhos e papéis de diversas gramaturas.

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