Para usar com as famílias

Dicas para aproximar as famílias dos documentos orientadores

É possível aproximar, de forma acessível, esse e outros parceiros da escola da BNCC de Educação Infantil e do PPP, entre outros textos fundamentais

Ilustração de professora compartilhando as informações do bebê e das crianças com os pais.
Ilustração: Thiago Lopes (Estúdio Kiwi)/NOVA ESCOLA

Há um provérbio africano que diz que “é preciso toda uma aldeia para educar uma criança”. Em outras palavras, é preciso agir para que a responsabilidade sobre o desenvolvimento dos bebês e das crianças não recaia exclusivamente sobre a escola. Como estão diariamente envolvidos com estudos e práticas sobre a Educação Infantil, é natural que os professores sejam os mais familiarizados com as premissas de documentos norteadores para a área, mas é preciso compartilhar a responsabilidade com outros agentes.

“Toda a cadeia responsável pela oferta do direito à educação tem de estar convicta de que as interações e as brincadeiras são eixos estruturantes das práticas pedagógicas para as crianças. Os documentos precisam dizer isso e os profissionais têm de ter formação adequada. Mesmo se tudo isso funcionar, a educação não é feita só na escola, ela é um pedaço. A família e a sociedade precisam acreditar nisso também”, comenta Maria Thereza Marcilio, presidente da Avante – Educação e Mobilização Social e mestra em Educação pela Harvard Graduate School of Education.

Com a ajuda de Maria Thereza, Beatriz Abuchaim, gerente de Relações Institucionais e Governamentais na Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, e Illenia Negrin, professora na rede municipal de Jundiaí (SP), elencamos dicas para aproximar as famílias e outros parceiros da escola de documentos como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), os currículos municipais de educação e o projeto político-pedagógico da escola (PPP).

Efetue uma conversa inicial com as famílias. Apresente a proposta pedagógica da escola e os documentos nos quais ela está embasada. Para isso, faça uma apresentação breve e disponibilize os materiais para consulta (preferencialmente on-line).

Invista em diferentes meios de comunicação. Mesmo com a volta ao modelo presencial, os avanços conquistados na comunicação entre escola e comunidade durante a pandemia não devem ser abandonados. Em uma reunião presencial pode ser mais fácil conversar com os pais e responsáveis, mas é interessante a escola continuar investindo em postagens, vídeos e recados via redes sociais, por exemplo. Isso porque, por meio dessas mídias, as postagens podem ultrapassar os limites da comunidade escolar e alcançar muitas outras pessoas. 

Sintetize e “traduza” informações. Elabore uma sequência de postagens ou de mensagens curtas nas quais algumas informações essenciais sobre os documentos orientadores sejam apresentadas, por exemplo, os seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento previstos para a Educação Infantil pela BNCC. Retire termos muito técnicos e aproxime o texto de uma linguagem que seja facilmente compreendida pelas famílias. Ao fazer essa exposição, relacione as explicações teóricas com uma prática realizada pela escola.

Tire dúvidas. Após terem contato com os documentos (por intermédio da escola ou de terceiros), é esperado que as famílias tenham muitas dúvidas ou mesmo pontos de discordância. Organize momentos e espaços (presenciais ou virtuais), nos quais elas possam fazer perguntas e comentários. Caso surjam reclamações ou pedidos que não correspondam ao que está previsto para a faixa etária ou para a etapa da Educação Infantil, como querer que a criança seja completamente alfabetizada, utilize os documentos aos quais a família já tem acesso para argumentar.

Investigue e valide atitudes e saberes da família. Para manutenção de uma relação saudável e respeitosa, os educadores precisam também conhecer as famílias, saber o que elas valorizam e como se relacionam com as crianças. Em muitos casos, os pais, irmãos ou outras pessoas da família podem gostar de brincar e de contar histórias, mas não saber que isso faz parte do que a escola valoriza e entende como fundamental. Relacione ações que a família já faz em casa com o que os professores realizam no ambiente escolar e troque essas experiências.

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