Para usar com as crianças e famílias

Como registrar e compartilhar o trabalho pedagógico

Documentar o que as crianças fazem na escola é essencial para que as famílias acompanhem o seu desenvolvimento e valorizem este percurso

Ilustração de professora avaliando os documentos pedagógicos em frente ao computador.
Ilustração: Thiago Lopes (Estúdio Kiwi)/NOVA ESCOLA

Avaliações escritas, seminários, lista de exercícios, notas, boletins. Felizmente, todos esses elementos não estão presentes na Educação Infantil, o que não significa que as crianças não estejam sendo observadas e apoiadas em seu desenvolvimento durante todo o tempo. O professor desta etapa propõe e acompanha de perto uma série de avanços de cada uma e é essencial que as famílias tenham dimensão deste trabalho e rotina.

“O professor, encantado com o que faz, que olha para as pequenas grandes descobertas da criança e para como ela vivencia as experiências, tem interesse em encontrar um meio de contar isso para as famílias e para a comunidade. É um caminho natural: primeiro a gente se encanta, depois quer falar sobre”, diz Illenia Negrin, professora na rede municipal de Jundiaí (SP).

Illenia defende que a documentação pedagógica deve ser produzida e compartilhada em diversos momentos ao longo do ano todo. “Quando paramos de fazer um check-list mecânico do que as crianças fizeram e passamos a revelar suas descobertas, encantamentos, percursos e pesquisas, as famílias olham e se emocionam ao perceber tudo o que a escola faz pela criança. Elas compreendem que é um espaço muito privilegiado de experiências e de vivências”, diz ela.

Para ajudar nesse compartilhamento, sugerimos abaixo alguns formatos que podem ser valiosos na hora de registrar e apresentar essas experiências.

Reuniões com as famílias: Manter uma rotina de diálogo com os pais e responsáveis é peça-chave para a criação e conservação de um vínculo positivo. As reuniões não precisam ser momentos burocráticos. No formato presencial ou on-line, o professor pode aproveitar o momento para compartilhar registros do que as crianças fizeram nos últimos dias ou semanas e abrir a fala para perguntas e comentários.

Fotografias e vídeos espontâneos: Durante as atividades e brincadeiras, o professor ou um assistente podem gravar vídeos curtos do que as crianças estão realizando. Em alguns casos, elas também podem ser convidadas para fotografar e filmar umas às outras. Como algumas podem não gostar de interagir com a câmera, é essencial que sua vontade seja sempre respeitada. Registrar a atividade não pode ser mais importante do que deixar a criança à vontade para vivenciá-la.

Relatos das crianças: Além dos registros de momentos espontâneos, os pequenos podem contar oralmente o que estão fazendo ou como se sentem diante de determinada situação. Isso ajudará no desenvolvimento do pensamento reflexivo e da expressão. Os relatos podem ser registrados em vídeo ou áudio.

Materiais de pesquisas: Muitas vezes as turmas desenvolvem atividades exploratórias e de pesquisa, o que pode resultar no acúmulo de materiais variados, por exemplo, uma coleção de pedras e folhas de diversos tamanhos e formatos. Caso seja possível, guarde os objetos em uma caixa e a apresente para as famílias. A materialidade ajudará as crianças a se lembrarem da experiência e a contar para os pais o que aquilo significa para elas.

Portfólio: As produções coletivas e individuais das crianças podem ser colocadas em uma pasta ou caixa. Caso a escola tenha recursos, pode-se incluir fotos impressas ou reveladas nesse material também. É interessante que os pais tenham acesso a esse conteúdo em vários momentos do ano, não só no final do período letivo.

Comentários do professor: Em um caderno de pesquisa, diário de bordo ou ficha, o professor registra diariamente o que observa da sua turma e de cada criança. Caso o profissional se sinta à vontade e o acordo seja estabelecido previamente, é possível compartilhar parte desses registros com as famílias. Antes disso, no entanto, vale explicar como deve ser feita a leitura desse material. É importante que os registros das dificuldades e dos avanços de cada criança sejam comparados apenas com os dela mesma em outro momento, jamais com os dos colegas.

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