Materiais que promovem o protagonismo negro
Conteúdos e ferramentas que ajudam a trazer um repertório mais diverso para a prática pedagógica
Jogos, brincadeiras, livros e desenhos são utilizados diariamente na Educação Infantil. Por isso, é importante que a valorização da cultura negra também esteja presente nesses materiais. Além das questões específicas relacionadas à negritude, o professor deve se preocupar em selecionar obras escritas por pessoas negras e que, independentemente do tema, apresentem negros no papel de protagonistas.
“As crianças conhecem de cor muitos contos de fadas, mas, às vezes, estes não dialogam com uma proposta de educação democrática e pela diversidade. Os professores têm de usar bem os recursos. A obra constrói uma imagem positiva das pessoas negras ou só traz um lugar de sofrimento?”, questiona Sheila Perina, pedagoga, doutoranda em Educação e cofundadora do Coletivo Luderê Afro Lúdico.
Abaixo, compartilhamos conteúdos e ferramentas que ajudam a trazer um repertório mais diverso para a prática pedagógica. Confira:
LEITURA
As Brincadeiras Africanas de Weza - Kitembo Edições Literárias do Futuro
Sheila Perina de Souza e Coletivo Luderê Afro Lúdico
Que tal apresentar o repertório cultural de alguns países da África? Nesta obra, a garotinha Weza conta para os leitores o que ela e suas duas mães viram, viveram e aprenderam em suas viagens por quatro países africanos: Angola, Moçambique, África do Sul e República Democrática do Congo. A protagonista Weza compartilha com o leitor as brincadeiras que aprendeu por lá e informações sobre as tradições, línguas e histórias que conheceram.
O Mundo no Black Power de Tayó - Ed. Peirópolis
Kiusam de Oliveira, Taisa Borges
Tayó é uma menina negra com um lindo cabelo estilo Black Power e cheia de autoestima. Quando sofre preconceito dos colegas de classe, que dizem que seu cabelo é “ruim”, ela responde: “Vocês estão com dor de cotovelo porque não podem carregar o mundo nos cabelos”. Nessa obra, o enorme cabelo crespo de Tayó transforma-se em uma metáfora para a riqueza cultural do povos negros.
Obax - Ed. Brinque-Book
André Neves
Seus alunos já ouviram falar sobre o continente africano? O que conhecem sobre ele? Obax é uma menina solitária e sensível que um dia vê uma chuva de flores. Ninguém acredita na sua história, então ela resolve sair pelo mundo para provar que o que viu é real. A narrativa e as ilustrações apresentam parte da diversidade da cultura africana. A obra foi a vencedora de melhor livro infantil no Prêmio Jabuti 2011.
O Pequeno Príncipe Preto e O Pequeno Príncipe Preto para Pequenos - Ediouro Publicações
Rodrigo França
Talvez você já conheça a história do Pequeno Príncipe, mas já ouviu falar sobre o Pequeno Príncipe Preto? Ele vive em um planeta minúsculo com apenas uma árvore Baobá, sua única companheira. Quando chegam as ventanias, o menino viaja por diferentes planetas, espalhando o amor e a empatia. O conto, que surgiu a partir de uma peça teatral, valoriza quem somos, de onde viemos e a importância dos laços de carinho e afeto.
As adolescentes Helena e Eduarda Ferreira são irmãs gêmeas e criaram um canal no YouTube e um perfil no Instagram de incentivo à leitura e contra a violência nas favelas. O projeto cresceu e agora também conta com encontros presenciais para crianças e adolescentes conversarem sobre obras literárias. Em seu perfil no Instagram, elas compartilham dicas de leitura e outras discussões.
ÁUDIO
Deixa que Eu Conto (Unicef)
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lançou uma série de áudios com contação de histórias voltados para o público infantil, sendo parte deles inspirada na identidade, nos ritmos e nas crenças da cultura afro-brasileira. A iniciativa faz parte do projeto Deixa que Eu Conto, que surgiu com o objetivo de trazer histórias, brincadeiras e músicas para as famílias em tempos de pandemia.
DESENHOS
Nessa produção nigeriana, Bino é um menino que adora estudar e tem um pouco de medo de experiências novas, e sua irmã Fino é destemida e adora futebol. Juntamente com seus pais, avós e da fada Zeena, eles aprendem sobre temas gerais e viajam para lugares como Benin e Timbuktu.
Esse desenho conta a história de uma garotinha negra de 6 anos que deseja ser médica, como a mãe. Para isso, resolve brincar de consertar bonecos e bichinhos de pelúcia, mas quando ela coloca seu estetoscópio, os brinquedos magicamente ganham vida e ela pode se comunicar com eles.
MUSEU
Levar as crianças para uma visita a museus e outros espaços culturais é uma ótima opção para colocá-las em contato com a história afro-brasileira, mas nem sempre é possível visitar os lugares presencialmente. Por meio da plataforma Google Arts & Culture você pode fazer um tour virtual pelo espaço e pelo acervo do Museu Afro Brasil, que fica na capital paulista.
MÚSICA
MC Soffia: Menina Pretinha; Minha Rapunzel tem Dread e Barbie Black
A rapper começou a compor aos 3 anos, aos 6 anos decidiu que queria mesmo ser cantora. Suas letras falam sobre problemas sociais, preconceito, racismo, machismo, amor-próprio, empoderamento negro e feminino. Em algumas de suas músicas, questiona os padrões das bonecas e das princesas.
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