Para colocar em prática

Propondo brincadeiras com imitação

Espelhos para as crianças se observarem e outras estratégias simples podem favorecer as experiências lúdicas com esta abordagem

Animação de menina cadeirante imitando o latido de um cachorro.
Ilustração: Victoria Koki/NOVA ESCOLA. Fotografia: Unsplash

A imitação é uma das mais potentes formas de promover aprendizados durante a Educação Infantil, especialmente entre os bebês (zero a 1 ano e 6 meses) e crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses), que ainda não dominam ou estão começando a desenvolver a linguagem verbal. É que, nesse processo, as crianças acabam aprendendo de maneira natural por meio de brincadeiras de imitar, seja em casa, seja na escola. 

É o que pontua a professora Bruna Bonfá Terra da Silva, do Time de Autores de NOVA ESCOLA. “Quando nós, adultos, incentivamos e promovemos situações em que provocamos a imitação de diferentes formas, estamos usando tal recurso para aprendizagem”, afirma a educadora, que utilizou a imitação como estratégia para trabalhar poemas e parlendas com bebês em alguns de seus planos de aula para a faixa etária. 

Bruna conta que a imitação é elemento presente no dia a dia das crianças de 3 e 4 anos com as quais atua na Escola Parlenda, em Curitiba (PR). As brincadeiras acontecem, na maioria das vezes, de maneira espontânea, o que só traz benefícios para os pequenos. “A imitação pode promover a comunicação não verbal, por meio dos gestos, contribuir com o desenvolvimento da linguagem oral, ensinar o funcionamento dos objetos, auxiliar na aprendizagem de regras e papéis sociais, principalmente quando as crianças imitam os adultos”, enfatiza. 

O mesmo ocorre com a professora Carolina Pereira Hernandes Duarte, que trabalha com crianças da Educação Infantil, em São José dos Campos (SP). Ela conta que a imitação é muito utilizada, principalmente, com as crianças bem pequenas, mas costuma propor brincadeiras de imitar com todas as faixas etárias que atende na escola. 

Músicas, sons, gestos, animais, profissões, personagens, histórias e tantas outras possibilidades de imitação fazem parte do cotidiano das crianças. “Costumamos fazer imitações das caretas, que as crianças adoram. Muitas vezes essas propostas são planejadas, mas é importante que aconteçam também de forma espontânea”, garante Carolina. 

Não há muitos pontos de atenção na hora de propor atividades que utilizam a imitação como recurso. É preciso, sobretudo, compreender que se trata de uma possibilidade de alcançar novos patamares no desenvolvimento da criança e não mera “falta de criatividade” da criança, como observado pela docente no Laboratório de Interação Social Humana (LabInt) da UFPE, Maria Isabel Pedrosa. 

Diante disso, vale usar e abusar da imaginação para garantir aos pequenos experiências lúdicas que possam colaborar com seu desenvolvimento. Uma delas é assegurar que sempre tenha um espelho para que as crianças possam se observar durante a realização das propostas. 

No caso dos bebês, por exemplo, o professor pode ficar de um lado de um grande vidro e as crianças do outro, fazendo movimentos, gestos, caretas etc. Já com as crianças maiores, é possível organizar uma roda e propor canções e, enquanto cantam juntos, façam gestos espontâneos. 

“Só de o adulto fazer gestos e sons de algo prazeroso, as crianças já serão motivadas a vivenciar o momento e, consequentemente, imitá-lo. Se tiver algum objeto que faça referência à temática apresentada, o adulto pode manusear e depois deixar a criança explorar. Vale lembrar que quanto mais imitam, mais elas aprendem. E quanto mais aprendem, mais se desenvolvem”, reforça a professora Bruna Bonfá.

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