Para colocar em prática

Aproveitando ao máximo a Semana: antes, durante e depois

Especialistas compartilham dicas para o educador extrair o melhor deste momento formativo

Mosaico com ilustrações abstratas que remetem ao pensamento.
Ilustração: Laissa Ribeiro/NOVA ESCOLA

Semana de Acolhimento, de Preparação ou de Formação. A Semana Pedagógica não tem o mesmo nome em todas as partes do país. Além disso, em algumas regiões, o evento pedagógico pode durar uma semana, ou ainda dez, três ou somente um dia, a depender de cada rede e de sua respectiva realidade. É o que explica Karina Rizek, consultora associada da Avante Educação e Mobilização Social e diretora pedagógica da Escola Global Me.

“Nesse sentido, a escola, principalmente quem está à frente da gestão pedagógica, precisa entender quais são as prioridades a serem discutidas para fazer caber dentro desse tempo, e tomar cuidado para não querer dar um passo maior do que as pernas. Afinal, não adianta querer abarcar tudo em um espaço curto de tempo”, recomenda. 

Pensando nisso, as especialistas ouvidas por NOVA ESCOLA compartilham algumas dicas para você aproveitar ao máximo a Semana Pedagógica em três momentos: 

Antes

Vale lembrar que, antes da Semana Pedagógica, o professor ainda estará de férias ou recesso escolar, de modo que uma preparação mais complexa deveria ter sido feita antes do término do ano letivo. 

O que é possível neste momento, no entanto, é garantir as duas doses - se possível, também a terceira - da vacina contra a covid-19, continuar usando máscara e álcool gel, conforme recomendação dos órgãos competentes. 

“No mais, é interessante que o professor prepare sua mente e seu coração para este momento e reflita sobre as dúvidas que tem, em que pode contribuir, o que ele aprendeu nos últimos dois anos, enfim, fazer uma reflexão de tudo o que ocorreu e do que ele pode trazer para o encontro, que é momento de trazer dúvidas, explorar questões e compartilhar experiências vividas”, afirma Maria Thereza Marcílio, presidente da Avante Educação e Mobilização Social. 

Durante 

Já durante a Semana Pedagógica, Ilenia Negrin, professora da rede municipal de Jundiaí (SP), considera interessante proporcionar um espaço de escuta entre os pares para que os professores possam se comunicar e trazerem breve relato de uma experiência exitosa e o de uma experiência não tão exitosa que tiveram em 2021. Um bom ponto de partida para esse momento é a pergunta: quais experiências relevantes os educadores trazem do ano anterior que podem ser replicadas, melhoradas, ampliadas e revistas para 2022?

“A gente nunca começa do zero. Nós sempre trazemos na bagagem uma série de ações que conseguimos, ou não, colocar em prática. Mesmo com outra turma ou em outra escola, já começamos o ano letivo abastecidos de muitos êxitos e muitos fracassos do ano anterior”, ressalta. 

Ilenia reforça que ter um espaço para discutir e usar isso como partida para novas construções é algo riquíssimo. “Isso é respeitar o trabalho docente, a autoria, a autonomia e dar um espaço de escuta para professores, que são tão pouco ouvidos no dia a dia. O professor não é um simples formulador de planejamento, um cuidador do bem-estar físico das crianças. O professor faz um trabalho intelectual de produção de conhecimento que precisa aparecer na escola”, completa. 

Karina Rizek acrescenta que quem vai ajudar os professores na forma como participam, se comportam, se relacionam e trocam durante a Semana Pedagógica é a própria Coordenação Pedagógica por meio da organização das estratégias formativas. 

Isso significa, de acordo com Karina, ter boas perguntas que geram reflexão e que não sejam respondidas apenas com um sim ou um não, mas com respostas que possibilitem, efetivamente, acessar o pensamento crítico do professor. Para isso, a gestão precisa organizar boas estratégias formativas e boas estratégias de trabalho em grupo, além de pensar nos materiais que podem ser compartilhados. 

Uma boa dica é organizar uma pasta de materiais, virtual ou física, para que os professores tenham acesso a alguns textos com as normas da escola, regimento interno, proposta pedagógica e alguns elementos do ano anterior. 

“Tudo isso vai depender, obviamente, da estrutura da escola, dos anos anteriores para que a gente organize, de fato, uma Semana Pedagógica que garanta uma participação efetiva de contribuição, de construção coletiva, para aquilo que está se propondo a discutir, a planejar e a pensar para o ano ou para o primeiro semestre de 2022”, observa Karina Rizek. 

Depois 

E depois? Como os encaminhamentos coletivos podem ser incorporados à prática de cada um? “Essa é uma questão que tem de ser tratada no Durante. Para que "esse Depois" aconteça, ele precisa ser planejado, e esse momento de planejamento ocorre exatamente na Semana Pedagógica”, adianta Karina.

Maria Thereza Marcílio enfatiza que o Depois nada mais é do que a hora de colocar em prática os acordos coletivos que foram feitos, o que, segundo ela, depende muito da gestão, no sentido de continuar sendo coletiva, participativa, democrática e sustentar a ideia de que o que foi compartilhado é válido e foi apreendido.

“Por exemplo, em relação a organizar agrupamentos menores, isso cabe a todos tomarem posicionamento de como será feito, de um contato maior com a natureza, de estar mais do lado de fora, de usar mais os ambientes abertos, de estabelecer também uma relação mais próxima das crianças no sentido de um diálogo permanente e, principalmente, da integração do binômio cuidar e educar o tempo todo”, pondera.

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