Para colocar em prática

Temas que não podem ficar de fora da Semana

Em mais um ano atípico por conta dos impactos da pandemia de covid-19, quais assuntos devem pautar os encontros?

Mosaico composto por ilustrações abstratas que remetem às novas situações escolares em 2022.
Ilustração: Laissa Ribeiro/NOVA ESCOLA

A Semana Pedagógica é fundamental para a definição de estratégias entre todos. Mas, em mais um ano atípico por conta dos impactos da pandemia de covid-19, quais temas não podem ficar de fora da pauta, considerado a etapa da Educação Infantil? Para Karina Rizek, consultora associada da Avante Educação e Mobilização Social e diretora pedagógica da Escola Global Me, são infinitas as estratégias e os temas que precisam ser trazidos neste momento, mas vale lembrar que isso é uma escolha de cada escola.

“Há algumas questões que são institucionais, tais como as rotinas da escola, quem está responsável por cada faixa etária e por quê. Conhecer, por exemplo, se for receber crianças de 4 anos, o trabalho que foi feito com elas no ano anterior; se existe algum projeto institucional da escola e como isso vai se relacionar com os projetos de cada grupo e de cada professor com as crianças etc.”, diz.

Karina defende que, por mais que os tempos sejam difíceis, há algumas questões com as quais não se pode andar para trás. Por exemplo, ao planejar que metade da turma vai ficar remota e metade presencial. “Independentemente disso, estamos falando de uma mesma criança, de uma mesma concepção de aprendizagem de ensino." E este trabalho deve estar alicerçado na perspectiva da aprendizagem por experiência e no currículo pautado em Campos de Experiências e Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento.

“Se afrouxamos este momento, vamos caminhando para trás, 'permitindo' que as escolas façam um trabalho escolarizado. Desse modo, eu continuaria perseguindo essas bases da proposta pedagógica da escola, independentemente das temáticas, dos protocolos sanitários, da organização da escola para 2022, a partir do avanço da ômicron”, enfatiza a educadora.

Confira outros temas que devem ser discutidos na Semana Pedagógica de 2022.

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Acolhimento dos professores 

Depois de dois anos muito difíceis para todos, Maria Thereza Marcílio, presidente da Avante Educação e Mobilização Social, reforça que a Semana Pedagógica deve ter como uma de suas principais características o acolhimento e cuidado com as pessoas. “Seria bastante interessante pensar em fazer isso por etapas. Isto é: acolher primeiro toda a equipe, professores e demais profissionais da escola, depois as famílias e depois as crianças”, propõe. 

Daiana Michele dos Passos, diretora da EMEI Pica-Pau Amarelo, em Novo Hamburgo (RS), lembra que o acolhimento é para que todos se sintam pertencentes à escola e tenham clareza de quais são os objetivos deste momento. A educadora ainda ressalta que o acolhimento das famílias começa na realização da matrícula e terá continuidade na primeira reunião de responsáveis, cujo cronograma e pauta são feitos na Semana Pedagógica. Por fim, segue com a adaptação e, finalmente, no acolhimento das crianças. 


Protocolos sanitários para combater a covid-19

Nas primeiras semanas de 2022, o número de casos de covid-19 aumentou drasticamente mundo afora. Muito disso em decorrência da variante ômicron, considerada altamente contagiosa. Embora mais da metade da população brasileira esteja vacinada com as duas doses, vale lembrar que as crianças desta etapa ainda não foram vacinadas e que a vacinação para a faixa-etária de 5 a 11 anos começou há pouco tempo no país. 

Pensando nisso, é imprescindível fazer acordos coletivos para evitar contaminações no ambiente escolar. A recomendação das especialistas é de que o trabalho da escola seja estruturado a partir dos procedimentos e protocolos sanitários determinados pelas secretarias de Educação e de Saúde, bem como Vigilância Sanitária e demais órgãos competentes. 

Durante a Semana Pedagógica, portanto, é preciso lembrar a todos que a pandemia ainda não acabou. O ideal é fazer um monitoramento de quem está vacinado e pedir aos profissionais para avisar caso alguém apresente qualquer sintoma. A mesma orientação vale para as famílias das crianças. 


Como terminou 2021 e como começará 2022

Considerando que no 2º semestre de 2021 a maioria dos municípios já havia voltado ao ensino presencial e que, com a variante ômicron, o número de casos de covid-19 vem aumentando, os educadores precisarão discutir como terminaram 2021 e como vão começar 2022 diante deste cenário. 

“É preciso dizer como a escola está se organizando para esta nova onda [de covid-19] e o que isso implica no trabalho do professor. É um assunto importante porque, caso a escola volte para o remoto, deverá se organizar para isso. Porém, se não, como a escola estará preparada para enfrentar essa contaminação em larguíssima escala?”, questiona Karina Rizek.

Outro ponto, ainda segundo Karina, é pensar em como isso será articulado com o que é pedagógico. “É importante que seja discutido com os professores e que todo mundo escute”, diz.


Organização dos espaços

Outro tema que não pode faltar é a organização de todos os espaços da escola, tanto para receber os professores quanto para receber as famílias e as crianças. Nesse sentido, vale especial atenção à sala de referência, que deve ser planejada considerando a segurança das crianças, mas que seja mais um elemento educativo a proporcionar múltiplas experiências. 

Ainda nesse sentido, Maria Thereza afirma que a pandemia lança luz ao binômio cuidar e educar, que caracteriza a Educação Infantil, e reforça que sem cuidado não tem educação e sem educação não se tem cuidado. “Então, é hora de trazer os profissionais para entenderem que é importante cuidar de tudo, desde tornar um ambiente prazeroso e propício ao aprendizado, às trocas coletivas, ao cuidado com a saúde, à segurança sanitária e ao diálogo permanente”, comenta.  


Construção de outros acordos

“A Semana Pedagógica também é um espaço privilegiado de construção de outros acordos, principalmente do ponto de vista pedagógico”, afirma Ilenia Negrin, professora da rede municipal de Jundiaí. 

De acordo com ela, é necessário questionar quais são os valores pedagógicos e as bases que vão nortear o planejamento e a ação dos professores ao longo do ano. “É algo muito importante de ser pactuado e repactuado, especialmente porque a rotatividade dos professores é muito alta”, frisa a educadora, que neste momento aguarda para saber em qual escola de Educação Infantil vai trabalhar neste ano.

“Para mim e todos os professores que estão iniciando em uma nova unidade, a Semana Pedagógica é importante para a gente conhecer os colegas e saber qual é a cultura daquele lugar. Embora a gente esteja dentro de um sistema, cada escola tem muitas peculiaridades que variam não só de acordo com as características do entorno, mas também com a própria gestão escolar”, aponta. 


PPP

E, claro, outro tema que deve estar na pauta da Semana Pedagógica é o Projeto Político-Pedagógico (PPP), que é o documento norteador da escola. Por isso, deve ser apresentado aos novos profissionais e, para os antigos, retomado. O PPP é o que dá visibilidade à identidade da escola e reflete sua proposta institucional, de modo que deve ser conhecido e seguido por todos (confira aqui dois exemplos reais de PPPs alinhados às competências gerais da BNCC.

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