Para usar com as crianças

Atividade: escolhendo as brincadeiras livremente

Coloque as crianças para interagirem, brincarem e negociarem a partir de cenários imaginários

Colagem digital de bebês brincando com materiais de largo alcance.
Crédito: Duda Oliva/NOVA ESCOLA

Estimular e observar diferentes maneiras de as crianças interagirem não só entre si, mas também, com espaços, objetos e adultos, no decorrer de brincadeiras escolhidas por elas mesmas. Esse é o objetivo do plano de aula Escolhendo as Brincadeiras, de Leda Barbosa, professora do Time de Autores de NOVA ESCOLA.

Para proporcionar esses momentos de livre escolha às crianças da Educação Infantil, a educadora pensou em alguns cenários — também chamados de centros de interesse — para incentivar o faz de conta e as interações com os ambientes e seus elementos: um ônibus e um salão de beleza. Mas, para colocar a atividade em prática, o professor também pode pensar em outras situações, como um supermercado, uma padaria ou um consultório médico.

Leda comenta que as interações são fundamentais na Educação Infantil, especialmente após dois anos de pandemia. “Neste retorno ao presencial, nós percebemos que a comunicação e o brincar das crianças ficaram prejudicados por conta do isolamento. Na convivência umas com as outras, elas aprendem bastante. Por isso, uma boa dica é proporcionar muitos momentos com atividades lúdicas e que favoreçam a socialização”, sugere.

Para colocar o plano de aula da professora em prática é importante que as crianças já estejam familiarizadas com combinados e momentos de livre escolha dentro da rotina escolar. Além disso, é essencial seguir os protocolos sanitários. Confira a seguir o passo a passo.

divisória de atividade

Livre escolha de brincadeiras

Estimule e observe diferentes maneiras de as crianças interagirem entre si, com os espaços, objetos e adultos


Indicado para: Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)

Material: Para a representação do ônibus, podem ser confeccionados volante e rodas reutilizando papelão; os assentos podem ser as próprias cadeiras da sala. Objetos que possam representar itens de casinha (que podem ser emprestados pela cantina da escola) e salão de beleza. Bonecas com características físicas diversas. Fita-crepe ou barbante, tecido TNT, colcha, toalha, folha branca, giz de cera e acervo de livros da sala do grupo.

Na BNCC: EI02EO06 - Respeitar regras básicas de convívio social nas interações e brincadeiras.

EI02EO02 - Demonstrar imagem positiva de si e confiança em sua capacidade para enfrentar dificuldades e desafios.

EI02ET05 - Classificar objetos, considerando determinado atributo (tamanho, peso, cor, forma etc.).


PASSO A PASSO

1. Organize os espaços onde acontecerão as brincadeiras. A atividade de livre escolha de brincadeiras deve acontecer dentro dos cenários (aqui chamados de centros de interesses), dispostos de modo atraente. Nesta proposta, eles serão um ônibus, uma casinha e um salão de beleza. Proporcione cantos específicos para montar os cenários, atentando-se para que a quantidade de materiais garanta a participação de todos, estimulando a autonomia e a capacidade de escolha. Você também pode dividir a turma em duplas ou em pequenos grupos.

2. Estabeleça combinados com as crianças. Por exemplo: todas podem usar os materiais como desejarem, mesmo que o uso seja igual ou parecido com a ideia de uso dos colegas, respeitando espaço, corpo, desejos e necessidades umas das outras. Ou: sempre que quiser passar por algum lugar ou pegar algum brinquedo ou material, é preciso pedir licença, falar 'por favor' e agradecer dizendo 'obrigada'. Se necessário, anote os acordos em pequenos cartazes. Considere também as sugestões trazidas pelas crianças, registrando suas ideias para utilizarem em outros momentos.

3. Observe como as crianças brincam em pares, nos pequenos grupos, e o que gera mais ou menos interesse dentro dos cenários. Atente-se para quais são as falas das crianças diante das propostas e de que modo os objetivos propostos para essa atividade cumprem suas funções ou não e por quê. Busque documentar essas observações para que você possa retomá-las no momento da descrição do desenvolvimento social das crianças. Faça também registros fotográficos.

4. Convide o grupo para explorar os ambientes, mas deixe que as crianças se aproximem livremente, aos pares ou individualmente, do que mais lhes chamar a atenção. Alinhe suas intervenções com o objetivo de ajudar as crianças a partir dos interesses, desejos e necessidades delas. Brinque junto, compartilhando do imaginário criado por elas. Busque trazer desafios, promover relações, ampliar suas referências de possíveis enredos, ações e diálogos de modo a ampliar e aprofundar suas investigações e descobertas no contexto das brincadeiras.

5. Atente-se para possíveis disputas de brinquedos, espaços e atenção. Diante de uma disputa, faça a mediação de forma calma e acolhedora e busque conhecer o motivo, investigando a situação que a gerou. Não deixe de dar espaço para o protagonismo e o reconhecimento das ações das crianças na resolução desses conflitos, respeitando o tempo de cada uma.

6. Garanta situações de convivência entre as crianças e entre elas e adultos durante o faz de conta. Faça orientações para promover interações positivas e para a criação de vínculos seguros e estáveis com o professor e entre as crianças do seu grupo. Nesse momento, algumas crianças podem ter terminado suas interações com os cenários propostos. Pergunte se desejam fazer um desenho ou uma leitura enquanto aguardam o próximo momento da rotina da sala.

7. Após as brincadeiras, faça uma roda de conversa para que as crianças possam verbalizar qual parte da atividade mais gostaram, qual cenário chamou mais a sua atenção etc. Depois de tanto tempo sem interações físicas por conta da pandemia e horas em frente às telas de eletrônicos, é interessante promover momentos em que elas possam se expressar também verbalmente sobre aquilo que viveram durante a atividade.

8. Repita a brincadeira com outros cenários com o propósito de continuar atendendo aos interesses e necessidades que a turma tem demonstrado dentro de suas brincadeiras livres, mas que ainda não foi explorado de forma ampla pelo professor.

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